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Nos seus seis anos, nessa idade em que ninguem tira anos a ninguem e em que ainda nenhuma criança sente que lhe tiram a liberdade, mas em que as contrariedades, as ordens severas sem explicações, as proibições agrestes vão sedimentando a construção e o bloco dos temores e dos medos, nos seus seis anos as novas imagens, as surpresas de todas as horas, os acasos inusitados, as dores inesperadas que o iam impressionando indelevelmente e continuavam ocupando, sem esforço, a sua memória ainda muito virgem, virgindade não sentida mas de vida já intensa, numa intensidade sem ânsias, num fulgor de alegrias sem limites traduzidos em sorrisos diferentes dos primeiros absorvidos dos sorrisos da mãe.
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