Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 15 de março de 2017

*
Fernando suspendia-se na sua inocência, buscava desejos não sentidos, os sons do seu futuro começavam a perturba-lo tudo se traduzindo na saida da cozinha num andar apenas obedecendo e mergulhado no acaso da sua vida juvenil.No quintal empedrado, levantou a tampa da cisterna quase cheia, a sua cara sobrepondo-se ao céu no reflexo permanente, curioso, vidrado, tão diferente da imagem que todos os dias lhe surgia no grande armario do quarto das roupas, na casa dos pais.
Quebrando o silêncio aquoso e claustral da cisterna a voz da Isabel desfez a curiosidade que o feitiço da cisterna o distraia:
- Óh menino tire-se daí, veja lá na caia pra dentre da cesterna ! - recomendou ela no seu dialecto algarvio cerrado.
Fernando ergueu-se, abandonou a tampa e afastou-se, recordando e insistindo no desejo de refrescar-se naquela água.

Sem comentários:

Enviar um comentário