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sexta-feira, 24 de março de 2017

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O espanto pelas coisas novas à sua volta continuava. Diferente dos miares da gata, da renda de bilros que a tia avó trabalhava no rolo grande, dos cheiros das sardinhas assadas na cozinha: pessoas assomando-se às janelas da sua altura, um auomóvel saindo duma casa, um homem com uma bicicleta à mão tocando uma flauta - óh Melinda que quer o homem apitando? - menino o homem afia tesouras e facas, deixe lá o homem, não pare que é tarde - e mudaram uma vez mais de rua, para outra, um cão ladrando perseguindo um gato e cruzaram outra rua que como a outra vinha lá de cima, do lado da direita lá para baixo - óh Melinda olha, lá prabaixo está um rio, é aquele rio que vejo da janela do quarto do pai? - sim menino, a Ermelinda um pouco impaciente mas cuidadosa sem repreender o Fernando, o patrão mais que uma vez lhe determinara que as perguntas do menino deveriam ter sempre respostas dela.
      Não havia confusão na cabeça do garoto, as confusões sucederiam mais tarde com a desordem, com as controversas, com as balburdias, as faltas de clareza, a mistura disparatada, as atitudes opostas perante situações semelhantes.
     E mais outra rua cruzada, outra vez vindo da direita lá de cima para a esquerda lá para baixo - óh Melinda, as ruas vêm todas lá de cima? - óh menine atão o menine na vê qesta donde vamos na vai pra baxo?- Ermelinda metendo dialecto algarvio na memória de Fernando.  
 
         

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