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Resignou-se, mas não sentia a resignação. Encantou-se, a surpresa das coisas aparecidas e desconhecidas, continuava. E não sentindo admiração, espanto, nem suspeitas. Tudo o que lhe acontecia lhe parecia natural com o sentir fome, sentir sono, sentir calor. A memória começava a servi-lo com insistências prestes a transformar-se em hábitos, em utilidades, em costumes. Acordar deixava pouco a pouco de ser uma anormalidade, uma surpresa, uma expectativa. Começava e sentir desejos de futuros, curiosidades do que está por detrás, anseios de repetições. E começava, sem o sentir a adivinhar o que se seguia, como para onde ia aquela galinha, onde ia pousar o passarinho, o que se sucederia depois de ouvir a chave do pai entrando na fechadura da porta da rua.
Os instintos começavam a contribuir para a consciência, as contrariedades para a defesa, os insucessos para a perseverança.
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