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terça-feira, 26 de junho de 2012

O pó da esperança

           Há dois dias apareceu-me à porta da nossa casa um indivíduo que me despertou muita curiosidade, embora misturada com muita dúvida, muita suspeita. Trazia uma mala de pequenas dimensões que abriu assim que eu lhe abri a porta de casa. Dentro da malinha  alinhavam-se, cuidadosamente  metidos em pequenos cacifos, frascos pequenos semelhantes aos das injecções de antibióticos, com rótulos brilhantes e de côres variadas. E aquele personagem patusco, bem vestido, bem calçado e de penteado cuidado, informou-me  :
                 - Desculpe-me incomodá-lo, mas trago-lhe aqui diversas substâncias, umas simples, outras complexas, mas que muito contribuirão para conservar ou melhorar a sua saúde física e mental.
                 - Não me deve interessar - respondi-lhe eu - estou de perfeita saúde.
            Dei corda e o homem aproveitou:
                 - Mas o senhor decerto tem desejos, tem esperanças, tem sonhos, além de ter boa saúde. Se me permite, digo-lhe o que contêem alguns destes frascos. Por exemplo - disse extraindo dum cacifo um frasquito com um pó duma linda côr azul - èste frasco contem pó da esperança. Faça -me o favôr de experimentar um pouco num copo de água, nada me paga, dentro de dois dias passarei por cá e dir-me-á se sentiu algum resultado. - E sacou outro frasquito do bolso, vedado com estanho, abriu-o e deitou para dentro um pouco do pó azul da embalagem que me mostrara.
            E despediu-se atenciosamente.
            Amanhã ou depois vos contarei o resultado.

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