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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 132 -

                                                                                  LXVIII

              Antes que a direcção saísse e se dirigisse à autarquia cujo presidente lhes marcara uma audiência, Júlia incumbiu a Maria dos Anjos da tarefa urgente  de comunicar às estações de rádio  e de televisão e às redacções dos jormais, tudo o que se passava, referindo que a obra da FAP estava em muito perigo e propondo entrevistas e reportagens.
             
              Ao entrar no gabinete do presidente da câmara, Júlia, de modo apressado, cumprimentou o presidente da autarquia e não esteve com rodeios:
                       - Senhor presidente, é inqualificável  o que o governo pretende.. Deve estar informado do que tem sido a acção da polícia juidiciária, dos discais de diferentes  direcções gerais, das tentativas de paralisação  das acrtividades de apoio a todos os que a FAP beneficia. Conseguimos que até agora só fechassem as portas da fábrica de pão e massas alimentícias. A imobilização desta indústria causou grande surpresa e revolta aos que ali se dirigiram. Por pouco não linvhavam os dois fiscais. O nosso contencioso apresentou uma providência cautelar no tribunal deste concelho, tentamos desta forma garantir o direito que nos assiste de manter a laboração, evitando uma lesão grave e difícil de reparar. Poderíamos ter evitado a selagem  das portas da fábrica mas a surpresa e a rapidez de actuação dos fiscais impediu uma reacção imediata. Prevenidos, conseguimos evitar a selagem noutras unidades.
                      - Resumindo - disse o presidente - sonseguiram evitar a acção desses cavalheiros?
                      - Conseguimos evitar que continuassem. Queremos reabrir o mais breve possível a fábrica selada, pelo que pretendemos que o doutor juiz do tribunal deste concelho defira o nosso requerimentoto. Como a cãmara e em particular  o senhor presidnte têem boas relações com o tribunal da comarca, pedimos-lhe que nos acompanhe, se é possível, ao tribunal, ainda hoje, para soliciar ao juiz o despacho  da providência cautelar.
           O presidente da câmara José Serrão, não é indivíduo de meias palavras, nem se serve de rodeios subtis, argumentos falaciosos ou conversa em tom amigável mas hipócrita e evasiva que disfarce um desejo íntimo de recusa a um pedido, com palmadinhas nas costas e promessas de se ocupar e preocupar com muita reflexão, etc., etc..De pronto respondeu:
                       - Tenho bastantes notícias do que se passa. Telefonemos para o tribunal e solicitemos ao juiz urgência para que nos receba. Vamos já para o tribunal. O juiz Pereira de Lemos conhece e aprecia a vossa obra e nunca recusou receber-me quando lhe anunciei uma visita urgente.

           O doutor Pereira de Lemos, juiz da comarca há quatro anos, era personagem bem aceite por todos cidadãos, muito considerado pela justeza e cuidado nas sentenças. Desde que iniciara ali as suas funções era notado por algumas atitudes enérgicas fora do tribunal. Ficara célebre, dois anos antes, quando impusera uma multa a um conheido deputado, por infracção resultante de manobra perigosa na via pública. Um polícia de trânsito em servipo no local, depois de reconhecer o político e o cumprimentar, perdoou-lhe a multa. O juiz Pereira de Lemos, que seguia no automóvel à frente, apercebendo-se do que se passara, parou, chamou o polícia, indenrificou-se e obrigou-o a autuar o deputado prevaricador. Muito trabalhador, despachando um número de processos acima da média, atendia todos os dias durante duas horas os que o procuravam para assuntos do tribunal e mantinha nos julgamentos a mesma atitude serena, firme e constante perante os advogados, os réus e todos os que participavam nas audiências.
            Depois de cumprimentar os recém chegados, disse:
                        - Julgo saber o que vos traz por cá, recebi hoje o requerimento para a providência cautelar que o doutor Manuel Macedo entregou aqui na secretaria.
            Assinando um requerimento que tinha à sua frente, mais referiu:
                        - Senhores directores da fundação, dei despacho favorável à vossa pretensão. Digam-me, estão mais calmos os ares lá pela fundação?
                        - Ainda não, ainda não, senhor doutor juiz. A situação parece melhorar mas ainda existe bastante desassossego e inaquietação. O senhor deve ter motícia do clima de apatia, descrença e incerteza que existia nesta zona e como se modificou desde que a FAP exerce aqui a sua actividade. A criminalidade diminuiu e é a menor , comparada com o resto do país. Os índices de pobreza e desemprego baixaram para valores ínfiimos. Desculpe o desbafo...Por agora, o que mais pretendemos saber é se poderemos arrancar o selo da porta da fábrica de pão.
                       - Engenheiro Fernando Gacia, podem fazê-lo de imediato, conheço bem os inconvenientes que o fecho dessa fábrica está causando - e o juiz, acompanhando-os até ao corredor do tribunal, acrescentou - aliás. segundo me contou o doutor Macedo, parece que os fiscais exibiram uma ordem dum tribunal. Nessas circunstâncias, essa ordem do tribunal que a emitiu, foi, em meu entender, ilegal. Também vos quero dar uma notícia que decerto vos agradará: o chefe da polícia informou-me e consultou-me, sem pedir segredo, sobre certas  instruções que recebeu dos seus superiores. Disse-lhe que só posso interferir na acção da polícia no que a lei me permite. Referiu-me dois ou três casos, todos relacionados com a fundação. A minha  resposta foi que deveria consultar o contencioso da polícia antes de tomar qualquer atitude de desobediência no cumprimento das instruções que recebeu.
                       - Senhor doutor juiz - disse José Serrão - como presidnte da autarquia e em nome dos milhares de beneficiados pela FAP agradeço-lhe o despacho da providência cautelar e a sua atitude perante êste caso. Tenho esperança que todos os seus colegas encarem a acção desta fundação com a mesma isenção e interesse.
                O juiz ainda preveniu:
                        - Atenção, podem abrir as portas seladas, mas, por força da lei, a fundação terá de apresentar neste tribunalo uma acção principal contra quem selou as portas. Sem essa acção, o meu deferimento pode ser anulado.


                                                                              #####

               Depois de rever muitas das notas que colhi, que ocuparam muitas folhas A4, reunidas em diversos "dossiers", lembrando-me das conversas com os directores e com muitos colaboradores da FAP, tinha perfeitamente percebido e definido tudo o que ligava o grupo e que constituia a força da fundação.    
 (continua)

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