A mulher entrou na dispensa, arrumou a um canto o balde, a pázinha do lixo, a esfregona, com o mesmo ar resignado, amorfo e automático de todas as donas de casa quando fazem os trabalhos de casa, bateu com a cabeça numa das prateleiras de pedra, hás-de bater mais, hás de bater, dêxa-te estar ai qestás bem, ê já tedigo, não te disse nada e já respingas, esfregou a testa à procura dum galo, batia na magana da prateleira sempre no mesmo sítio da testa, ´inda hás de bater mais, bates sempre que lá ponho a esfregona, devias era bater no Ismael, pr'a qué cu parvo do Ismael fez uma dispensa tão pequena, mais pequena cuma barraca da praia, ó menos lá não há prateleiras, a areia é a prateleira ali s'arruma tudo, qaundo a gente vai pr´á praia
Assim ela murmura e pensa pra dentro.
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