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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A natureza é bondosa

             A vida de tudo o que não está cêrca de nós, passa mais depressa do que a nossa. Estivemos ausentes doze anos e, quando chegámos, desapareceu para parte incerta alguém que nos era querido. E assim parecendo que  no tempo que arde um fósforo, desapareceu. Não se passou para ele ou ela o  mesmo  tempo que nõs passámos fora, O meu tio-avô dizia-me, vais vêr, Jés, que os anos passam como o vento, como a brisa que não se sente. Vais vêr, dizia-me êle, que um dia dirás o mesmo a um dos teus netos.
             Até com as pedras, na sua estranha melancolia que não entendemos, talvez porque somos mais imperfeitos que elas, até com as pedras o mesmo se passa. Passamos por um lugar por onde passámos há dois ou três anos e em lugar daquela pedra que alli estava, que até deu o nome ao lugar, em seu lugar só existe areia, mudança que a natureza sábia ordenou. Ou, o seu lugar está ocupado por um  edifício, um mamarracho de betão e ferro,  que a natureza ignorante dos homens ali plantou.
             Mas a natureza é bondosa, não é vingativa. Tem todo o tempo do mundo para endireitar o que os homens entortaram. E êsse tempo também passa num ápice.
  

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