Nada mais triste que uma palmeira em dia de chuva. Dia sem sol, dia sem céu, dia cinzento. Que até faz desmaiar o verde das folhas da palmeira que vive em frente da minha janela. E é natural que a palmeira que todos os dias me vê por detrás da minha janela, é natural que também me veja hoje mais cinzento. O cinzento não se pode pintar, não é côr, nem sequer está no arco-iris. Pode ser, mais ou menos, como vários objectos. Mais ou menos preto, mais ou menos branco, nem preto nem branco. Não se define, não nos ilude na sua condição de cinzento, não se decide, não resolve nenhuma situação, permite todas as audácias, olha oblíquo para o branco, olha desconfiado para o preto. É um meia água, um meias tintas, um meia leca, uma desconsideração para quem nele acredita. Não arrisca nada, nada resolve.
É uma sensaboria. Como êste dia cinzento.
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