O que é mais importante?
O que não tem importância nenhuma?
As folhas mortas?
Os ninhos abandonados?
Os carris de ferro à espera dos comboios?
A gota de água que cai na boca sedenta duma formiga?
O suave murmúrio da brisa matutina?
Mas não será que o que não tem nenhuma importância,
É o mais importante de tudo?
Porque é que, para tanta gente,
O menos é pior que o mais,
O escuro pior que o claro,
A raiva pior que o sossego,
A covardia pior que a coragem,
O mau pior que o bom?
Na contradição pode haver justiça,
No desespero pode residir a coragem.
Mas, entre as paredes dum quarto da minha casa,
Quando lá entro,
Fico sempre na dúvida sobre o que irei encontrar.
Porque, sabendo o que lá existe,
Tenho esperança que uma surpresa me aguarde.
Fellizes os que encontram sempre o que esperam,
Mais felizes os que esperam encontrar
Mais do que esperam encontrar.
Porque assim há um outro sentido da vida.
A rotina foi establecida para os felizes,
Os que encontram sempre o que lá está.
A vida também foi dada aos outros, como eu,
Que esperam encontrar diferente do que esperam encontrar.
E por isso, êsses outros, como eu,
Não esperam encontrar senão o que é diferente,
Do que esperam encontrar.
Isso, é o importante para mim.
Os infelizes, êsses, nada esperam encontrar.
Abrem a porta e nunca se admiram.
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