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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Viagem de arca-2-

          
        Continuando a viagem de arca, olhei para detrás da minha Mãe e vi a minha avó Carolina.
                - Olá avó Carolina, não a via ´há uns oitenta e um anos. Eu sempre pensei que a avó não gostava quase nada de mim.
                 - Não Albertinho, eu não era de muitas falas com os netos, com as netas, a Maria Luisa e Maria Palmira eu falava mais, tinha mais carinho por elas que pelos netos. Era assim o costume  das famílias daqueles tempos, os avôs gostavam mais dos netos que das netas.
                 - Mas avó, a minha Mãe por vezes discutia muito consigo, penso que deveriam ser uns certos ciúmes porque o meu avô Frederico a menina querida, era a minha Mãe, era por isso?
                 - Não era nada disso, eu gostava muito de todos.
                 - Avó, desculpa-me e desculpa-me também por ter ido roubar dinheiro ao teu mealheiro onde juntavas o que ganhavas ás tuas parceiras do "mahjong", para o dar aos pobres.
                  - Deixa lá, isso não teve importância, eu contei-o à tua Mãe, ela deu-te dois tabefes e o assunto ficou arrumado.
                   - Não ficou, não, avó. Quando apanhei os tabefes pensei que estava arrumado. Mas o pior esperava-o do meu Pai, que à noite entrou no meu quarto e, quando eu esperava uma sova, ele apenas me disse: "então agora temos um ladrão na família" e foi-se embora sem dizer mais nada nem me bater. O que me disse o meu Pai, avó foi pior que muitas bofetadas, nunca mais o esqueci até hoje.
                    - Pois fez ele muito bem, as bofetadas raramente resultam melhor que palavras adequadas. E adeus Albertinho. Certa vez e  sem razão para tanto, o meu marido deu uma bofetada no filho, no teu tio Frederico, imaginas porquê?  porque o teu tio, logo depois de se formar em medicina, com vinte e três anos, foi a Sevilha sem nos pedir autorização. Nunca mais o Frederico teve uma conversa com o pai, era só bom dia, boa noite. Teria sido muito melhor uma conversa calma com ele, como eu fiz. E adeus Albertinho, olha, a minha mâe, a tua bisavó Josefa também quer falar-te.   

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