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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O meu problema

 Abri a caíxa do tempo e dentro, transfigurando-se numa mistura de caixas fechadas, todas com o ara neutro, inerte, seco e estéril  daquelas caixas que alguns indivíduos têm nos bancos porque desconfiam da segurança dos seus colchões. As caixinhas filhas da grande caixa do tempo giravam lá dentro com frenesi inusitado, deslizando dos meus dedos se pretendia segurar uma qualquer. Se conseguia segurar e abri uma, ela acomodava-se ao conchego da minha mão, se conseguia abri-la,  a fantasia, a saudade, a ilusão, encaravam-me com desconfiança coladas ao fundo da caixa e  afastavam-se velozes, se pretendia agarrar alguma para conhecer os seus segredos, descobrir as suas intenções, entrar nalgum acordo favorável, desfaziam-se e evolavam-se  entre os meus dedos gerando um vazio, um sentimento neutro, uma insatisfação surda, irreprimível, irrequieta e insana.
       Um físico respondeu-me que o tempo é composto de espaço e de velocidade. Um químico definiu  o tempo como o produto duma reacção entre diversos elementos. Um filósofo satisfez-me um pouco mais dizendo-me que o tempo é uma mistura de saudade e alegria, dentro do colchão da fantasia. Há mais de vinte séculos, um filósofo grego disse que só sabia que nada sabia sobre o tempo. E a nossa empregada doméstica respondeu-nos: " ora o que é o tempo, eu cá não tenho tempo p'ra nada, sei lá o que é o tempo!".
         Para mim, o problema é que me está nascendo uma verruga na mão...




      

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