Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Viagem na arca dos espíritos - 11 -

           Hoje senti o chamamento de dentro da arca dos espíritos. Acorri pressuroso e depois de fechar a tampa, apareceu a minha irmã Manoela, lindíssima como sempre, bem arranjada, vestida a rigor como se fosse para uma festa - aliás como eu sempre a encontrava quando ia a sua casa papar um dos seus belíssimos almoços, na companhia do Vasco. o seu segundo marido, a grande paixão da sua vida.
                - Olá Alberto, avisaram-me no meio dum passeio a cavalo pelos lindos prados destes sítios, avisaram-me que estavas viajando na arca...
                 - Eu sei, Manoela, que antes e depois de te casares com o teu primeiro marido, uma das tuas grandes e preferidas distrações eram os teus passeios a cavalo na quinta que o Guilman, o teu marido comprou no Ribatejo. aliás também te comprou o belo alazão que montavas. Nesses tempos eu era miúdo, apenas tinha visto uma vez  o Guilman, já velhote, na Praia da Rocha. Tenho mesmo uma foto tirada nesse dia, lembras-te?
                  - Claro que me lembro, foi depois dum almoço na casa do nosso Pai, naquela praia.
                  - Mas o que fizeste dessa quinta e do cavalo que herdaste do Guillman?
                  - Esse meu marido que encontro aqui com frequência, deixou a Terra e veio para cá poucos anos depois que o conheceste e eu vendi a quinta e o cavalo. E aqui vivemos contentes, não damos pelo tempo, não temos tristezas, só alegrias, para compensar os maus momentos que lá passámos.
Com frequência falo com os nossos antepassados, temos muito que conversar com todos eles. Ao mesmo tempo vamos dando conta do que se passa na Terra, em particular com a gente da nossa família em Portugal, em Moçambique, no Chile. Aqui não se passa um momento de tédio, é um rosário de alegrias sem fim, de contas que nada nos custa desfilar.
                   - Manoela, estás mais bonita !
                   - Obrigado Alberto. Mas olha tenho de sair daqui, estão-me chamando.
             E esfumou-se, sem deixar rasto.                                

Sem comentários:

Enviar um comentário