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domingo, 18 de janeiro de 2015

Obter a paz

                 Uma amiga pessimista argumentou contra as minhas opiniões sobre a vida chamando-me um grande sonhador.
                Antes havia-lhe pedido que imaginasse uma balança, no prato da esquerda pondo todos os problemas, todas as dificuldades, todos os maus momentos passados, todos os desastres que nos estão assolando na economia, com a corrupção, com a  conspurcação terrestre, nos mares e nos ares, toda males que assolam a humanidade. E que depois pensasse  no prato da direita e ali pusesse tudo o que de bom lhe tinha acontecido e que estava acontecendo, a bondade de tanta gente, as boas obras que tanta gente beneficiam, os progressos que contribuem para a nossa felicidade, etc..E quando me falou dos maus tempos que correm pedi-lhe que se lembrasse o que se passou com a inquisição, com as ditaduras, com a escravatura. Que se um seu antepassado do século dezasseis agora aparecesse a conversar consigo o que diria dos maus tempos daquele século e das boas condições que aqui observasse.
            Não consegui, essa minha amiga sempre voltava ao seu pessimismo, mesmo após soltarmos gargalhadas por qualquer frase que diziamos. E após alguns minutos dessa discussão amigável, chamou-me sonhador. Por ser optimista.  Porque eu dissera que o certo, para mim, é olhar sempre em frente, largando o passado, encarando o desagradável como passado. Portanto fácil, para mim, de esquecer.
               Qualquer pessoa que viveu largas dezenas de anos, como aquela minha amiga, teve altos e baixos durante a vida, alegrias e tristezas, dias de grandes problemas com consequências difíceis de suportar e de esquecer. E eu aceito e compreendo que o suportar e acumular durante a vida de muito mais agruras e dificuldades do que bons momentos, contribui para sedimentar um tecido de pessimismo que ensombra de forma permanente  e contundente, a mente. Mas a dificuldade está em evitar essa acumulação, na memória imediata, sempre presente, de todos os infortúnios, apagando da memória imediata, tudo o que de bom acontece e que tenha acontecido.
              Hoje sabe-se que todas as células do nosso organismo contribuem para o estabelecimento na memória e na mente de paradigmas favoráveis ou de normas prejudiciais. E tudo dependerá da forma e do espírito com que se encaram os acontecimentos que nos atingem, os bons e os maus. Se quando algo de mau nos atinge, um mal físico, uma ofensa dum amigo ou dum familiar, um percalço na profissão, se a nossa reacção é de perturbação, de acabrunhamento, de revolta pelo que a vida nos está dando, então esse pessimismo transmite-se a todas as ´células do nosso corpo, e o que aconteceu grava-se a fogo na memória. Se, pelo contrário, encaramos o que nos passa com serenidade, com um sorriso até onde possamos sorrir mesmo depois da dor, se, seguimos o programa racional que antes já estabelecemos para resolver qualquer problema e que nos dá a calma constante para encontrarmos a solução, programa com um primeiro passo igual, passo que consiste em pensar: vamos encontrar a solução para este problema. Então, se assim procedemos, ficamos em paz, continuamos optimistas, porque a solução encontrada demonstra sempre que o mal ficou para traz sem nos atingir no futuro. E esse optimismo transmite-se a todas as células do nosso corpo e conservamos a paz e a boa disposição para enfrentar o que a vida nos traga.  

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