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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Tempo breve

             A ventania agitava a porta, pensei que o vento me chamasse, e saí. Promoveu-se a brisa, depois de eu dar alguns passos. Deixou de agitar e levantar as folhas secas, fez-se silêncio, a passarada acabou a discussão,  caia o véu da noite de lua ausente, o restolhar da passarada abrandou, um ou outro pio deveria provir do sonho duma ou doutra daquelas aves.
            Entrei no silêncio que me convidava à imobilidade física. Mas a mente começou na especulação, como se estivesse seduzida por um farol. Contudo o silêncio seguia de braço dado com a penumbra etérea, banhando-me a face com um roçagar provocado e aligeirado pelo perfume que vinha da terra a meus pés, misturado com o perfume suave que se evaporava das folhas meio mortas misturado,  com o  da humidade da terra e com o da brisa que se mantinha ligeira.
           As horas eram minutos breves, o senhor tempo fazia das suas, pregava-me outra partida, adiantou-se ao relógio, saltou de súbito chamando a claridade do amanhecer e os protestos da passarada.

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