Ontem saiu-se-me a escrita para aquelas barbaridades, sem nexo, sem harmonia, sem rima, sem sintaxe, sem semântica. sem gramática. Mas por vezes penso que é salutar deixar-se ir pelo mar da fantasia, do paradoxo, fora da rotina, das convenções, do "assim é que é bonito", entrar nas inconveniências, sair dos lugares comuns, beber uns tragos do inusitado, mudar de clima, entrar naquela nuvem onde nunca entrei, se não entrasse nesse momento nunca mais poderia entrar nela, essa nuvem, que afinal mais não é que poeira do tempo expressa em palavras.
Como a minha Mãe, que todos os anos se mascarava pelos carnavais, até ao último no ano em que morreu e ia "intrigando" quem encontrava, tinha uma voz bonita, tocava e cantava inúmeras áreas de ópera, de fado, de muitas canções nacionais por isso, como dominava bem a voz, ninguém a reconhecia quando falava, mascarada, num dos seus tons de falsete.
Como o meu tio-avô João que volta e meia se saía com uma das suas brejeirices, pouco apreciadas no meio familiar, porque eram "inconveniências que não se deviam dizer às criancinhas".
Como o meu Pai que contava aos amigos as suas façanhas através dos mares por ele navegados e que ainda hoje há gente aqui que o recorda pela sua arte de conversador, uma das mais belas artes que existe.
Para quem gosta e tem sentido de humor.
2 comentários:
Gostava de saber como é que a Avó Rosa conheceu o avo Joao, onde foram eles de lua de mel, como foi a ida da tua mae para a Guiné, que outros namorados teve a avó, quem ficou com as receitas dela, quais os pratos mais apreciados na tua casa e na dos teus avós, lembras-te das receitas? porque é que o tio Frederico nao casou, os episodios da tuberculose... se tiveres pachorra para nos contar... adorava. Um grande abraco pai por este presente diario que nos dás através do teu blog!!! bjs
A tua avó Rosa conheceu o teu avô João quando ele era capitão do porto de Portimão aí por volta de 1910, (tinha a Mãe vinte anos)ano em que nasceu aqui o meu irmão Afonso. E conheceu-o porque um dia um pescador foi à capitania dizer-lhe que uma menina estava a atravessar o rio em frente da fortaleza conforme a tinha avistado no barco de pesca onde ele vinha entrando no Arade. O teu avó foi de imediato à praia perto da fortaleza e já encontrou a minha Mãe na praia, levando-a depois na carrinha para a Rocha. Depois te conto sobre o que mais me perguntas. Um abraço
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