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quarta-feira, 23 de março de 2011

9- Uma ambiçao

Tenho uma ambiçao, ainda nao atingida. Que sempre que eu der seja o que for, seja a quem for, nao pense, nem guarde na memoria, que o dou porque o dou e a quem dou. Que nem fique com a satisfaçao de dar. Verao que e´ dificil libertarmo-nos da convicçao de que seremos recompensados, que o destino nos retribuira´com uma boa surpresa, ou que o nosso caracter melhorara´, que seremos menos atingidos por actos irreflectidos que prejudiquem alguem, actos de pouca ou muita importancia (nao somos nos que os podemos avaliar), sacanices atingindo outros nossos semelhantes ou outros animaisl. Num jogo de xadres, ha pouco tempo, cometi uma dessas malandrices reprovaveis, atingindo um individuo com quem jogava pela primeira vez. Ainda nao esqueci o que fiz, o que e´ um incomodo, o remorso e´ sempre incomodo. Penso que o maior castigo e´ nao conseguir ou ter muita dificuldade o esquecer a acçao cometida.
Algumas boas acçoes que tenha cometido ate´ hoje, que muitas nao foram, julgo que as esqueci, na maior parte. Nem me esforço por recordar qualquer delas. So´ um cretino tira prazer em vangloriar-se e recordar as suas boas acçoes.
Apesar de tudo e pensando nao ser toleima nem estulticia, julgo que ficam escritas no livro do tempo.
Ou que talvez seja uma cretinice julgar tanto.

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