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domingo, 30 de abril de 2017

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Aquele comboio, nesse 1953 era um comboizito do tipo dos comboios das minas, de carris de via estreita, nas carruagens apenas uma fila de assentos envergonhados, uma locomotiva de brinquedo rebocando duas carruagens de uma fila de bancos e uma carruagem de mercadorias abarrotada com os nossas malas e as dos outros catorze passageiros. Uma dezena de quilómetros de paisagem desértica, sem qualquer vegetação nem outra forma de vida, vinte à hora ou pouco mais, convidando ao torpôr, ao sono, reforçado pelo "deficit" acentuado pelo curto dormir da noite anterior. Pouco mais adiante, a locomotiva ofegante atacou orgulhosa a grande subida da serra da Chela. Mas eis que pára e o revisor avisa-nos que teremos de sair, não tenham medo aqui não hã leões, para se distrairem até podem dar uma ajudazinha à locomotiva, despertámos e lá fomos prestar a ajudazinha requerida pelo revisor, que não se esqueceu de colaborar. Foram não muitos metros, entramos na estação de vila Arriaga, da povoação pouco se via. Daí em diante mais algumas paragens curtas para a máquina tomar fôlego e jã noite cerrada, às nove e trinta, de acordo com o horário previsto, chegámos a o Lubango, cidade então conhecida por Sá da Bandeira.

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