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sábado, 8 de abril de 2017

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Se não gostam de poesia, passem a gostar:
         
                  O inconsciente
    O espectro familiar que anda comigo,
    Sem que pudesse ainda ver-lhe o rosto,
    Que umas vezes encaro com desgosto
    E outras muitas ansioso espreito e sigo,

    É um espectro mudo, grave, antigo,
    Que parece a conversas mal disposto...
    Ante esse vulto ascético e composto,
    Mil vezes abro a boca... e nada digo.

   Só uma vez ousei interroga-lo:
   - << Quem és (lhe perguntei com grande abalo),
   Fantasma a quem odeio e a quem amo?>>

   - <<Teus irmãos (respondeu) os vãos humanos,
   Chamam-me Deus há mais de dez mil anos...
   Mas eu por mim não sei como me chamo...>>

de Antero de Quental 


           

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