O meu folhetim, que vou tentando escrever todos os dias, é cópia, com pequenas alterações, numa ou noutra linha, que são pouco mais que correcções da gramática ou de alguns erros que escaparam às revisões.
Muito pouca gente compra livros em Portugal. São editados, por dia, duas ou três dezenas de livros de autores portugueses e estrangeiros. Não é exagero, Informem-se e verão que é assim, Talvez os sucessivos insucessos editoriais façam diminuir, reduzir esse número. Imagino quantos serão editados, diariamente, no Brasil.
O meu livro "Sonho de sorte", pouco se vendeu e pouco se venderá. Os temas do livro - acabar com o dinheiro e erradicar a pobreza - são pouco aliciantes para a maior parte dos interessados em adquirir um livro, conhecndo esses temas de imediato surgem as reacções que deitam abaixo qualquer interesse . São opiniões ou críticas de quem nem quer pensar um pouco nesses objctivos do livro, de quem tem argumentos dogmáticos, que julgam irrefutáveis e classificam sem demorar uns poucos segundos em pensar que talvez mereça um pouco de discussão um assunto que diz respeito à maior parte da humanidade, constituindo um mal cada vez mais contundente. Uma cócega pouco incómoda provoca mais reacção e todos ou quase todos se coçam, não?
Pelo que, se alguém, entre os que leem este folhetim, estiver interessado em editar o "Sonho de sorte", no Brasil ou noutra parte do mundo, escreva-me ou envie-me uma mensagem. E até lhe poderei enviar sem qualquer custo, esse livro.
(a minha morada: Rua quinta do bspo, 25
8500-729 - Portimão
Portugal
comentários, poemas, situações e circunstâncias da vida, escrtos e da autoria do que escreve neste blog
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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 46
XVI
Fernando e Júlia entraram de férias. Poderiam dedicar-se nesses dias à organização e lançamento das principais iniciativas da fundaçosp.
A fundação para a ajuda ao povo, a FAP, arrancava, iniciava a sua actividade.
Na primeira segunda-feira de dezembro de 19996 apresentaram-se os primeiros colaboradores seleccionados. Mariana para a secretaria, João Pedro para a distribuição e um recepcionista, o Rafael Marques. Reuniram-se com Fernando e Júlia que os instruiram durante esse dia sobre as tarefas de sua responsabilidade.
No dia seguinte, Fernando foi com Júlia para a fundação.
- Mariana venha connosco esta manhã, para acompanhar o trabalho que o joão Pedro irá fazeer.
Fernando entrou no auromóvel acompanhado por Júlia, Mariana e João Pedro. Percorreram a marginal e entraram no ponte sobre o Tejo. Nove horas, o tráfego escasso e a velocidade reduzida permitiam uma conversa calma.Fernando, conduzindo o carro e júlia, lembravam ao joão Pedro os pormenores sobre a actividade que iria iniciar.
- De acordo com o que ontem conbinámos, vamos para uma rua de Cacilhas, uma rua na zona antiga. Terá de perguntar a alguém que encontre na rua ou no café mais próximo, se conhece pessoas com dificuldades económicas. Quando as encontre o João Pedro sabe quais as perguntas que fará: o nome, idade, situação económica.
- Mas doutora júlia - notou Joáo Pedro - talvez ganhássemos tempo de fizéssemos essa pergunta na esquadra local ou ao padre da freguesia...
- É boa ideia. Mas, se não houver nem esquadra nem igreja nas proximidades,interrogaremos qualquer pessoa que encontremos.
Fernando estacionou o carro num parque situado no princípio duma rua de Cacilhas que conhecia do tempo em que, quem vinha do Algave para Lisboa, embarcava num "ferry" para atravessar o Tejo. Rua estreita, muito sinuosa, pejada de casinhas de porta e janela, como quarenta anos antes e de raros transeuntes.
- Vamos entrar neste café, o João Pedro pode começar - comunicou Fernando, apontando com o queixo para o interior.
João Pedro, sem hsitar, dirigiu-se para uma mesa do café, ocupada poe um cliente distraído na leitura dum jornal desportivo. Após trocar, um voz baixa, algumas palavras com êle, tomou notas numa ficha e voltou para junto de Fernando e de Júlia, com ar satisfeito. Exibiu a ficha que preenchera, revelou a conversa no café com o desconhecido:
- Tenho aqui dois nomes de pessoas que moram nesta rua,segundo a opinião daquele sujeito, é gente muito pobre.
- Óptimo senhot João Pedro, tolaremos um café e iremos inaugurar a acçao da FAP - disse Júlia ao mesmo tempo que lhe entregava um envelope. - Sabe o que é isto, lembra-se? Não se esqueça das onstruções.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 45
No regresso a casa, Júlia e Fernando, conversaram, cheios de entusiasmo:
- Bem, acabámos de liquidar cento e cinquenta mil contos do capital da FAP!
- Júli, negociaste bem o preço como o construtor, o homem quase se engasgou quando lhe dissete que pagarias a pronto!
- Fernando, tenho uma ideia para iniciarmos a distribuição.
- Diz, diz..
- Podemos começar por uma rua ou por um bairro dos mais carentes, da cidade.
- Poderíamos começar noutra zona como por exemplo Cacilhas.
- Concordo, realmente talvez seja melhor começar fora de Lisboa.
- Vamos contratar um funcionário, já falámos disso.
- Olha querido, temos de escrever, assentarmos meia dúzia de normas a seguir na distrbuição, uma espécie de código muito simples, não concordas?
- Sim e tu necessitas de um ou uma auxiliar para os teus serviços administrativos, dentro de pouco tempo irás ter muita papelada, fichas, segurança social, etc..
- Vamos publicar um anúncio para a contratação de duas pessoas, temos de principiar as entrevistas na segunda -feira...Temos de pensar no perfil que exigiremos para cada um, nos salários, etc..
- Júlia, qualquer deles deverá ganhar pelo menos cento e cinquenta contos, com um contrato bem definido e exigente.
- Deixa isso comigo. Já pensaste como vamos iniciar a distribuição?
- Júlia, se eu estivesse em apertos, contas por pagar, a família atravessando dificuldades de diversa ordem, o melhor auxílio que desejaria seria uns cobres... Ninguém nos põe limites no que damos, que achas entregar cinquenta mil escudos a cada um?
- Não é muito mas também não é pouco. Como escolheremos os que vamos contemplar?
- Olham pderemos começar numa rua dum bairro modesto de Cacilhas. O funcionário da FAP, levando a cartilha bem estudada, começará no princípio da rua, irá entregando envelopes contendo o dinheiro.
####
Iniciávamos a prática duma ideia singular: dar dinheiro, distribui-lo sem nada exigir em troca. A pensar ao contrário do usual, que vale muito mais um pássaro a voar do que dois na mão. Proceder de modo inesperado, por vezes o mais adequado: colocar o carro à frente dos bois e estes em liberdade. Que os bois têem direito a pastar e os pássaros a voar. Nem uns nem outros nascem pobres. Os homens, com frequência, é que os fazem sofrer.
Mas, como encontrar e angariar dinheiro para um investimento tão pesado? Assim dizem alguns : "é preciso ir buscar o dinheiro necessário para investir, onde êle está" ! Está em muitos bancos, os colchões onde os ricos o guardam. Mas não pensemos em qualquer forma violenta para o obter. Encontrámos uma solução, difícil, impossível dirão. Possível se convencermos um governo a apoiá-la. O que só se conseguirá, no presente se garantir dividendos políticos. Ou se um exemplo convencer os agovernantes que esse exemplo deverá ser seguido.
O que deverá tardar muitos anos, talvez séculos. Quando a formação do homem, da sua mentalidade, do seu espírito e da sua consciência atingir patamares muito mais elevados. E atingir toda a humanidade, não apenas grupos ou países privilegiados, acabando com o dinheiro..
A mulher e o homem nascem nús. E morrem como vieram, sem levar mais do que trouxeram. E o que cá fizeram, conhecidos ou ignorados, é que os marcará no futuro.
(continua)
- Bem, acabámos de liquidar cento e cinquenta mil contos do capital da FAP!
- Júli, negociaste bem o preço como o construtor, o homem quase se engasgou quando lhe dissete que pagarias a pronto!
- Fernando, tenho uma ideia para iniciarmos a distribuição.
- Diz, diz..
- Podemos começar por uma rua ou por um bairro dos mais carentes, da cidade.
- Poderíamos começar noutra zona como por exemplo Cacilhas.
- Concordo, realmente talvez seja melhor começar fora de Lisboa.
- Vamos contratar um funcionário, já falámos disso.
- Olha querido, temos de escrever, assentarmos meia dúzia de normas a seguir na distrbuição, uma espécie de código muito simples, não concordas?
- Sim e tu necessitas de um ou uma auxiliar para os teus serviços administrativos, dentro de pouco tempo irás ter muita papelada, fichas, segurança social, etc..
- Vamos publicar um anúncio para a contratação de duas pessoas, temos de principiar as entrevistas na segunda -feira...Temos de pensar no perfil que exigiremos para cada um, nos salários, etc..
- Júlia, qualquer deles deverá ganhar pelo menos cento e cinquenta contos, com um contrato bem definido e exigente.
- Deixa isso comigo. Já pensaste como vamos iniciar a distribuição?
- Júlia, se eu estivesse em apertos, contas por pagar, a família atravessando dificuldades de diversa ordem, o melhor auxílio que desejaria seria uns cobres... Ninguém nos põe limites no que damos, que achas entregar cinquenta mil escudos a cada um?
- Não é muito mas também não é pouco. Como escolheremos os que vamos contemplar?
- Olham pderemos começar numa rua dum bairro modesto de Cacilhas. O funcionário da FAP, levando a cartilha bem estudada, começará no princípio da rua, irá entregando envelopes contendo o dinheiro.
####
Iniciávamos a prática duma ideia singular: dar dinheiro, distribui-lo sem nada exigir em troca. A pensar ao contrário do usual, que vale muito mais um pássaro a voar do que dois na mão. Proceder de modo inesperado, por vezes o mais adequado: colocar o carro à frente dos bois e estes em liberdade. Que os bois têem direito a pastar e os pássaros a voar. Nem uns nem outros nascem pobres. Os homens, com frequência, é que os fazem sofrer.
Mas, como encontrar e angariar dinheiro para um investimento tão pesado? Assim dizem alguns : "é preciso ir buscar o dinheiro necessário para investir, onde êle está" ! Está em muitos bancos, os colchões onde os ricos o guardam. Mas não pensemos em qualquer forma violenta para o obter. Encontrámos uma solução, difícil, impossível dirão. Possível se convencermos um governo a apoiá-la. O que só se conseguirá, no presente se garantir dividendos políticos. Ou se um exemplo convencer os agovernantes que esse exemplo deverá ser seguido.
O que deverá tardar muitos anos, talvez séculos. Quando a formação do homem, da sua mentalidade, do seu espírito e da sua consciência atingir patamares muito mais elevados. E atingir toda a humanidade, não apenas grupos ou países privilegiados, acabando com o dinheiro..
A mulher e o homem nascem nús. E morrem como vieram, sem levar mais do que trouxeram. E o que cá fizeram, conhecidos ou ignorados, é que os marcará no futuro.
(continua)
O filme "Margaret Tatcher"
Esperávamos mais, esperávamos muito mais.
Em minha opinião, má realização, relato injusto sobre uma grande figura, Margaret Tatcher, fraco aproveitmento duma grande acrtriz, Merryl Streap.
A realização apresenta-nos um filme sobre a biografia dessa grande mulher, grande na vida, grande no carácter, grande na política. Mas relata a biografia da senhora Tatcher dum modo desiquilibrado, imperfeito e tendencioso. Desiquilibrado porque mais de metade do filme relata cenas de decadência no final da vida da senhora Tachter, imperfeito porque omite muito do que a vida dessa senhora foi de importante para a Inglaterra, para o pòvo inglês, tendencioso, porque realçando muito ao de leve as suas qualidades, não dá, às gerações que lhe sucederam nem uma pálida ideia dos resultados que obteve com a sua firmeza, isenção e desprezo pelas convenções mais ridículas da sociedade inglesa do seu tempo( snobismo exagerado, desprezo pela mulher, convenções ridículas). Uma única decisão foi relatada com pormenor suficiente - o episódio das Malvinas. Aflorou levemente a luta contra os sindicatos e a sua influêncoa no parlamento.
Que interessa apresentar como tema principal duma biografia, em mais de metade do relato e sucedendo às cenas curtas em que, ao de leve, se apresentam factos importantes para os ingleses, que interessa apresentar as cenas, estas bem prolongadas, da decadência da personagem? E o filme, que começa com uns largos minutos , talvez quinze ou vinte, do final da vida dessa senhora, termina da mesma forma!
Este filme é um fraco contributo para o conhecimento dessa grande senhora e não descreve quem foi Margaret Tatcher para quem, não tendo vivido no seu tempo, procure saber o que foi a sua vida. Parece que o filme tem, com objectivo, denegrir a imagam dessa senhota, tirar-lhe a impotância devida.
E, quanto à actuação de M.Streap, embora galardoada com um óscar da melhor actriz pela sua interpretação neste filme, acho que a actriz foi mal aproveitada porque em mais de metade do filme, a actriz, não mudou de expressão. Talvez por determinação da realizadora, para não alterar a "maquillage". Nas cenas em que representou Margaret Tatcher como ministra e primeira ministra, aí sim, ´nessas partes do filme foi a grande actriz que é.
Em minha opinião, má realização, relato injusto sobre uma grande figura, Margaret Tatcher, fraco aproveitmento duma grande acrtriz, Merryl Streap.
A realização apresenta-nos um filme sobre a biografia dessa grande mulher, grande na vida, grande no carácter, grande na política. Mas relata a biografia da senhora Tatcher dum modo desiquilibrado, imperfeito e tendencioso. Desiquilibrado porque mais de metade do filme relata cenas de decadência no final da vida da senhora Tachter, imperfeito porque omite muito do que a vida dessa senhora foi de importante para a Inglaterra, para o pòvo inglês, tendencioso, porque realçando muito ao de leve as suas qualidades, não dá, às gerações que lhe sucederam nem uma pálida ideia dos resultados que obteve com a sua firmeza, isenção e desprezo pelas convenções mais ridículas da sociedade inglesa do seu tempo( snobismo exagerado, desprezo pela mulher, convenções ridículas). Uma única decisão foi relatada com pormenor suficiente - o episódio das Malvinas. Aflorou levemente a luta contra os sindicatos e a sua influêncoa no parlamento.
Que interessa apresentar como tema principal duma biografia, em mais de metade do relato e sucedendo às cenas curtas em que, ao de leve, se apresentam factos importantes para os ingleses, que interessa apresentar as cenas, estas bem prolongadas, da decadência da personagem? E o filme, que começa com uns largos minutos , talvez quinze ou vinte, do final da vida dessa senhora, termina da mesma forma!
Este filme é um fraco contributo para o conhecimento dessa grande senhora e não descreve quem foi Margaret Tatcher para quem, não tendo vivido no seu tempo, procure saber o que foi a sua vida. Parece que o filme tem, com objectivo, denegrir a imagam dessa senhota, tirar-lhe a impotância devida.
E, quanto à actuação de M.Streap, embora galardoada com um óscar da melhor actriz pela sua interpretação neste filme, acho que a actriz foi mal aproveitada porque em mais de metade do filme, a actriz, não mudou de expressão. Talvez por determinação da realizadora, para não alterar a "maquillage". Nas cenas em que representou Margaret Tatcher como ministra e primeira ministra, aí sim, ´nessas partes do filme foi a grande actriz que é.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Últimos versos dos Lusíados
Quase todos os que aprendemos o que se aprendia nos liceus, conhecemos alguns versos dos Lusíadas, pelo menos os primeiros "as armas e os barões assinalados" etc..
Mas poucos conhecem os últimos versos do mesmo poema épico. Experimentem numa roda de amigos, ainda que muito letrados, fazer essa pergunta.
Eis a resposta, para que nessa reunião, possam brilhar um pouco:
"A mnha já estimada e leda musa,
Fico que em todo o mundo de vós cante ,
De sorte que Alexandre em vós se veja,
Sem à dita de Achilles ter enveja"
De Luis Vaz de Camões
Mas poucos conhecem os últimos versos do mesmo poema épico. Experimentem numa roda de amigos, ainda que muito letrados, fazer essa pergunta.
Eis a resposta, para que nessa reunião, possam brilhar um pouco:
"A mnha já estimada e leda musa,
Fico que em todo o mundo de vós cante ,
De sorte que Alexandre em vós se veja,
Sem à dita de Achilles ter enveja"
De Luis Vaz de Camões
Folhetim - Sonho de sorte - 44
Depois de solucionados os diversos problemas do trabalho na fábrica, Fernando passou a concentrar-se naquilo que mais ocupava agora o seu espírito, a fundação, a fortuna que lhes aparecera para gerilr e como se iria alterar a vida familiar. E, além de tudo, que significaria o que lhes estava sucedando, porque teria existido o sonho e, mais que o sonho, porquê êle, porquê? A sua mente tergiversava criando, imaginando diversos subterfúgios,os diversos argumentos contra a razão, contra as conclusões a que o rigor matemático o conduzia. Lembrava-se do elogio do professor de matemáticas gerais quando, numa aula prática, a uma pergunta respondera: "a probabilidade, no infinito, de qualquer acontecimento, é uma certeza". Portanto os acasos podem repetir-se e repetir-se quantas vezes se possa imaginar. Na realidade, durante a vida, conhecemos pessoas que sofreram azares constantes, acasos repetidos de pouca sorte, pessoas que em vez de anjos da guarda só têem demómnios a persegui-las. Para essas, a pouca sorte parece ter sido a regra. Outras, beneficiadas com revoadas de boa sorte. E já estava convencido que, em vez do demónio do azar, continuariam sob a protecção do seu anjo de boa fortuna.
Quase na hora de saida da fábrica, Júlia entrou no gabinete, contemplou Fernando com um enorme sorriso e anunciou:
- Trago-te outra boa notícia!
- Saíu-te algum prémio?
- Tão bom como isso - disse Júlia, reticente - quase tão bom, pelo que representa para nós...
- Diz, diz!
- Lembras-te o que disseste ao modelador José Cruz quando lhe entregaste os oitocentos contos?
- Sim e então?
- Confessou-me que afinal a obra da cozinha ficou muito mais barata e que tinha oferecido o que lhe sobrar a um inválido, seu vizinho, que tem uma reforma miserável, imagina, de cinquenta contos. Como é possível haver ainda reformas destas em Portugal? Nem calculas o orgulho e a satisfação que o José Cruz exibia enquanto me contava o sucedido.
- Já vês, Júlia, o que poderá acontedcer se destribuírmos bem os prémios? Uma reacção em cadeia, propagando em progressão geométrica a nossa acção de distribuição de riqueza e felicidade, será que conseguiremos essa maravilha, Júlia?
Perto de estadio nacional e a cinco minutos da fábrica, encontraram, num prédio quase a estrear, um escritório com dimensão suficiente e que lhes agradou. Assinaram uma promessa de compra a concretizar numa semana. Júlia e Carlos definiram de imediato a ocupação das cinco divisões, elaborando a lista do mobilário e equipamentos necessários.
(continua)
Quase na hora de saida da fábrica, Júlia entrou no gabinete, contemplou Fernando com um enorme sorriso e anunciou:
- Trago-te outra boa notícia!
- Saíu-te algum prémio?
- Tão bom como isso - disse Júlia, reticente - quase tão bom, pelo que representa para nós...
- Diz, diz!
- Lembras-te o que disseste ao modelador José Cruz quando lhe entregaste os oitocentos contos?
- Sim e então?
- Confessou-me que afinal a obra da cozinha ficou muito mais barata e que tinha oferecido o que lhe sobrar a um inválido, seu vizinho, que tem uma reforma miserável, imagina, de cinquenta contos. Como é possível haver ainda reformas destas em Portugal? Nem calculas o orgulho e a satisfação que o José Cruz exibia enquanto me contava o sucedido.
- Já vês, Júlia, o que poderá acontedcer se destribuírmos bem os prémios? Uma reacção em cadeia, propagando em progressão geométrica a nossa acção de distribuição de riqueza e felicidade, será que conseguiremos essa maravilha, Júlia?
Perto de estadio nacional e a cinco minutos da fábrica, encontraram, num prédio quase a estrear, um escritório com dimensão suficiente e que lhes agradou. Assinaram uma promessa de compra a concretizar numa semana. Júlia e Carlos definiram de imediato a ocupação das cinco divisões, elaborando a lista do mobilário e equipamentos necessários.
(continua)
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 43
Ao saber do prémio - nada menos que um milhão de contos - Júlia e Carlos dirigiram-se ao banco, na manhã da segunda-feria seguinte, antes de seguirem para a fábrica Antes, confirmaram na lista da santa casa o número e o valor do primeiro prémio da lotaris. Ficaram sem´dúvidas, era um prémio de um milhão de contos. Com algum nervosismo, pediram à rapariga que os atendeu, que os anunciasse ao gerente. Ela, com a frase clássica "parece-me que está em reunião", fê-los esperar dez minutos, após os quais o gerente os atendeu, convidando-os a entrar para o seu gabinete e perguntando de imediato:
- Doutora Júlia e engenheiro Garcia, desejam o empréstimo para a compra co carro? Já dei instruções nesse sentido...
- Não - proferiu Júlia - não é para issso. Hoje trazemos-lhe aqui outra bilhete da lotaria e a última lista da santa casa para que o senhor confirme que temos o primeiro prémio, um milhão de contos.
O gerente do banco, atónito, pegou no bilhete e na lista, verificou os números e exclamou:
- Não há qualquer dúvida! Querem depositar o bilhete?
- No entanto - prosseguiu Júlia interturbável - teremos de conbinar algumas condições, antes de aceitarmos depositar o milhão de contos neste banco.
- Estou ao vosso dispôr - disse o gerente, assumindo uma atitude muito mais prestável.
- As condições são: completo sigilo sobre esta conta que vamos abrir, a conta nos vossos registos será uma conta numerada, com número secreto, seguindo as normas para este tipo de clientes, será passado pela administração um documento confirmando que a conta com o número secreto que atrbuiram pertence a uma fundação que iremos estabelecer, a conta só poderá ser movimentada por nós, a quebra do sigilo sobre esta conta implicará o levantamento imediato de todos os depósitos existentes, o juro mínimo para o depósito será de um por cento acima do que normalmente concedem aos depósitos à ordem ou a prazo, têem vinte e quatro horas para aceitar estas contições e quarenta e oito horas para obter esse documento da vossa administração.Até lá, o bilhete ficará aqui depositado. O senhor gerente entergar-nos-á agora um documento atestando a posse dum envelope lacrado no cofre deste banco contendo um bilhete da últimna lotaria de Natal da santa casa da misericórdia, com a data do sorteio mencionada no bilhete, o número deste e respectivo prémio, referindo que nos pertence. O envelope será assinado por si e por nós.
- Como compreenderão - respondeu o gerente depois de olhar de novo para o bilhete durtante alguns segundos - terei de consultar primeiro a direcção, o director é um dos administradores, quase de certeza terei a resposta até ao fim do dia. Mas deixem-me guardar o bilhete depois de passar o documento que me pedem.
De caminho para a fábrica, Fernando e Júlia, aproveitando a lentidão do tráfego, iam conversando sobre a entrevista com o gerente do banco.
- Não sei se me escapou alguma coisa, se deveríamos ter exigido mais...
- Julia, como de costume expuseste bem e bem exigiste o que havia a exigir. O documento que o gerente nos passou garante-nos tudo.Temos agora de pensar na fundação e na distribuição desta fortuna.
- A nossa fundação - sugeriu Júlia - poderá chamar-se FAP, fundação de auxílio ao pôvo, concordas? Irei estudar os aspectos legais para a fundar, creio que não surgirão dificuldades de maior, no registo.
- Concordo e penso que se justifica o aluguer dum bom apartamento, como base para as futuras instalações, bastante afastado da fábrica.. Mas primeiro teremos de ver o dinheiro do prémio na conta bancária.
(continua)
- Doutora Júlia e engenheiro Garcia, desejam o empréstimo para a compra co carro? Já dei instruções nesse sentido...
- Não - proferiu Júlia - não é para issso. Hoje trazemos-lhe aqui outra bilhete da lotaria e a última lista da santa casa para que o senhor confirme que temos o primeiro prémio, um milhão de contos.
O gerente do banco, atónito, pegou no bilhete e na lista, verificou os números e exclamou:
- Não há qualquer dúvida! Querem depositar o bilhete?
- No entanto - prosseguiu Júlia interturbável - teremos de conbinar algumas condições, antes de aceitarmos depositar o milhão de contos neste banco.
- Estou ao vosso dispôr - disse o gerente, assumindo uma atitude muito mais prestável.
- As condições são: completo sigilo sobre esta conta que vamos abrir, a conta nos vossos registos será uma conta numerada, com número secreto, seguindo as normas para este tipo de clientes, será passado pela administração um documento confirmando que a conta com o número secreto que atrbuiram pertence a uma fundação que iremos estabelecer, a conta só poderá ser movimentada por nós, a quebra do sigilo sobre esta conta implicará o levantamento imediato de todos os depósitos existentes, o juro mínimo para o depósito será de um por cento acima do que normalmente concedem aos depósitos à ordem ou a prazo, têem vinte e quatro horas para aceitar estas contições e quarenta e oito horas para obter esse documento da vossa administração.Até lá, o bilhete ficará aqui depositado. O senhor gerente entergar-nos-á agora um documento atestando a posse dum envelope lacrado no cofre deste banco contendo um bilhete da últimna lotaria de Natal da santa casa da misericórdia, com a data do sorteio mencionada no bilhete, o número deste e respectivo prémio, referindo que nos pertence. O envelope será assinado por si e por nós.
- Como compreenderão - respondeu o gerente depois de olhar de novo para o bilhete durtante alguns segundos - terei de consultar primeiro a direcção, o director é um dos administradores, quase de certeza terei a resposta até ao fim do dia. Mas deixem-me guardar o bilhete depois de passar o documento que me pedem.
De caminho para a fábrica, Fernando e Júlia, aproveitando a lentidão do tráfego, iam conversando sobre a entrevista com o gerente do banco.
- Não sei se me escapou alguma coisa, se deveríamos ter exigido mais...
- Julia, como de costume expuseste bem e bem exigiste o que havia a exigir. O documento que o gerente nos passou garante-nos tudo.Temos agora de pensar na fundação e na distribuição desta fortuna.
- A nossa fundação - sugeriu Júlia - poderá chamar-se FAP, fundação de auxílio ao pôvo, concordas? Irei estudar os aspectos legais para a fundar, creio que não surgirão dificuldades de maior, no registo.
- Concordo e penso que se justifica o aluguer dum bom apartamento, como base para as futuras instalações, bastante afastado da fábrica.. Mas primeiro teremos de ver o dinheiro do prémio na conta bancária.
(continua)
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Colégio e tropa
No colégio onde passei, contrariado, seis anos, não fiz grandes amizades. Tenho hoje alguns amigos meus antigos colegas naquele colégio, porque de há vinte anos até hoje os tenho visto muitas vezes e confraternizado bastante com êles. Mas naquele colégio não me foi possível ter amigos, mais que amigos de ocasião. O que era impossível, sempre preocupado com aquele serviço militar quase obrigatório, o que era impossível, sempre a marchar ou na idiotice de marcar passo, e mais impossível pela cretinice de alguns oficiais, em particular um, que nos dava a aula semanal de infantaria e que na primeira aula que nos deu, olhou para mim e para outro miúdo colega, bem queimados pelo sol da praia( o começo das aulas no colégio era nos primeiros dias de outubro) e disse-nos: vocês, pretos, são de uma raça inferior" e outras "plaisanteries" do mesmo género. Já vêem em que estado de espírito estávamos, sempre que o horário nos obrigava a encarar com o dito senhor, um tenente mais nazi que os tenentes de Hitler.
No entanto - é justo dizê-lo - esse colégio tinha um conjunto dos melhores professores de Lisboa e deu-me uma explêndida preparação para a universidade e para a vida.
Mas quando eu e os meus colegas tínhamos doze anos o que nos pesava mais no colégio, o que nos bloqueava mais, eram as atitudes de oficiais, como esse tenente nazi. De tal mentalidade que, alguns anos depois, já coronel, quando fez o exame para acesso ao generalato e chumbou, suicidou-se.
No entanto - é justo dizê-lo - esse colégio tinha um conjunto dos melhores professores de Lisboa e deu-me uma explêndida preparação para a universidade e para a vida.
Mas quando eu e os meus colegas tínhamos doze anos o que nos pesava mais no colégio, o que nos bloqueava mais, eram as atitudes de oficiais, como esse tenente nazi. De tal mentalidade que, alguns anos depois, já coronel, quando fez o exame para acesso ao generalato e chumbou, suicidou-se.
Folhetim - Sonho de sorte - 42.
Ao chegar à tipografia comunicou ao pai:
- Já sabe aquilo do professor de matemáticas gerais da faculdade de engenharia?
- Não ! O que aconteceu?
- Foi demitido. há um abaixo- assinado com mais de mil assinaturas, pedindo a sua readmissão e entregue na direcção, os jornais já sabem...
- Não vai servir de nada - disse o pai de Carlos - o director deita-o no cesto dos papéis. Mas não sabem porque foi demitido? Se calhar é porque esse professor é doutorado na Rússia e reconhecido como grande matemático, o que li há dias no jormal!
- Pior que isso, pai, foi demitido por ter chumbado o filho do director em dois anos seguidos, alguns colegas que assistiram aos exames contaram-me que nas duas vezes não respondeu sequer a uma pergunta do professor, perguntas de conhecimento obrigatório das matérias dos sexto e sétimo anos do liceu. Não admira que reprovasse.
Entretanto um rapaz aproximou-se do "guichet" da tipografis. Olhou surpreendido para Carlos e exclamou:
- Tu és o colega que levou o abaixo-assinado da engenharia? - e Carlos respondeu:
- Sim. Os meus pais são os donos desta tipografia e eu ajudo-os no que posso. Porque é que cá vens?
- É uma encomenda da associação... Tem de ser para ontem - e dando ao Carlos um papel manuscrito - Faz-me um orçamento para dez mil exemplares.
O pai Azevedo olhou para o colega do filho, parecia-lhe conhecida aquela cara. O modo de se apoiar no "guichet", a forma descontraída de falar, o trajar modesto, a barba incipiente, trouxeram-lhe à lembrança o tempo em que começou a trabalhar. Também êle um dia se apoiara num balcão , para responder a um anúncio duma tipografia. E, dirigindo-se ao estudante, comentou:
- Já temos muito trabalho para ontem...É colega do Carlos?
- Sim, sou, êle também tem de se inscrever na associação da faculdade, há muito trablaho a fazer lá - e Carlos:
- Tenho muito mais a fazer aqui, com toda a gente a pedir trabalhos para ontem!
- Bem, - aninmciou o colega de Carlos - se puderes, aparece na associação amanhã à tarde, depois das aulas, temos uma reunião para preparar as nossas eleições.
- Lá irei, se tiver tempo, depois de fazer aqui o mais urgente, tenho um patrão qiue é muito exigente...
O senhor Azevedo comprara a tipografia à viúva do antigo dono, conseguira um empréstimo do Banco de Portugal, que amortizara em meia duzia de anos. Mais dois ou três anos, comprou máquinas novas, ampliou a casa alugando outra loja. Aumentou a clientela, mercê do atendimento simpático e do trabalho persisente e honesto. Naquela época, tencionando mudar-se para a zona industrial da cidade e induzido pelo entrusiasmo do filho, projectou e começou o negócio duma editora, obtido o alvará necessário.
- Já sabe aquilo do professor de matemáticas gerais da faculdade de engenharia?
- Não ! O que aconteceu?
- Foi demitido. há um abaixo- assinado com mais de mil assinaturas, pedindo a sua readmissão e entregue na direcção, os jornais já sabem...
- Não vai servir de nada - disse o pai de Carlos - o director deita-o no cesto dos papéis. Mas não sabem porque foi demitido? Se calhar é porque esse professor é doutorado na Rússia e reconhecido como grande matemático, o que li há dias no jormal!
- Pior que isso, pai, foi demitido por ter chumbado o filho do director em dois anos seguidos, alguns colegas que assistiram aos exames contaram-me que nas duas vezes não respondeu sequer a uma pergunta do professor, perguntas de conhecimento obrigatório das matérias dos sexto e sétimo anos do liceu. Não admira que reprovasse.
Entretanto um rapaz aproximou-se do "guichet" da tipografis. Olhou surpreendido para Carlos e exclamou:
- Tu és o colega que levou o abaixo-assinado da engenharia? - e Carlos respondeu:
- Sim. Os meus pais são os donos desta tipografia e eu ajudo-os no que posso. Porque é que cá vens?
- É uma encomenda da associação... Tem de ser para ontem - e dando ao Carlos um papel manuscrito - Faz-me um orçamento para dez mil exemplares.
O pai Azevedo olhou para o colega do filho, parecia-lhe conhecida aquela cara. O modo de se apoiar no "guichet", a forma descontraída de falar, o trajar modesto, a barba incipiente, trouxeram-lhe à lembrança o tempo em que começou a trabalhar. Também êle um dia se apoiara num balcão , para responder a um anúncio duma tipografia. E, dirigindo-se ao estudante, comentou:
- Já temos muito trabalho para ontem...É colega do Carlos?
- Sim, sou, êle também tem de se inscrever na associação da faculdade, há muito trablaho a fazer lá - e Carlos:
- Tenho muito mais a fazer aqui, com toda a gente a pedir trabalhos para ontem!
- Bem, - aninmciou o colega de Carlos - se puderes, aparece na associação amanhã à tarde, depois das aulas, temos uma reunião para preparar as nossas eleições.
- Lá irei, se tiver tempo, depois de fazer aqui o mais urgente, tenho um patrão qiue é muito exigente...
O senhor Azevedo comprara a tipografia à viúva do antigo dono, conseguira um empréstimo do Banco de Portugal, que amortizara em meia duzia de anos. Mais dois ou três anos, comprou máquinas novas, ampliou a casa alugando outra loja. Aumentou a clientela, mercê do atendimento simpático e do trabalho persisente e honesto. Naquela época, tencionando mudar-se para a zona industrial da cidade e induzido pelo entrusiasmo do filho, projectou e começou o negócio duma editora, obtido o alvará necessário.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 41 - autor: Alberto Qiuadros
XIV
Quando vinte anos antes, Fernando começou o primeiro ano da faculdade de engenharia, o professor catedrático da cadeira de matemáticas gerais só deu as duas primeiras aulas. A notíia da sua demissão surgiu poucos dias depois. Demissão por motivos desconhecidos, sem qualquer excplicação oicial, sem uma notícia nos jormais. Um professor competente, justo, pedagogo ecxcelente. Foram alguns dos alunos, reprovados no ano anterior, que decidiram elaborar e fazer circular um abaixo-assinado pedindo o seu regresso à catedra. Com raras excepções, todos os colegas da faculdade assinaram um pedido de readmissão do professor saneado, que curculou por outras faculdades obtendo mais de mil assinaturas.
No quarto dia de aulas, quando Fernando bebia um café no bar da faculdade, alguns colegas entraram, discutindo acaloradamento algo que lhe pareceu ligado com a demissão do catedrático de matemática. Um dêles, aproximando-se, convidou-o:
-Vem, junta-te a nós. Este tipo de económicas só nos traz trinta assinaturas, nessa universidade há mis de quinhentos alunos! - e o que levava os papéis, respondeu:
- Vocês deram-nos uim prazo muito curto, apenas dois dias. Muitos dos colegas disseram que não assinavam, porque não valia a pena, porque vai parar às mãos da polícia, irá tudo parar no lixo e os nosso nomes ficam registados.
Fernando não se conteve e disse:
- E então, vão prender-nos? Pois que nos prendam!
- Olha, eu não me importa, a minha assnatura está no abaixo-assinado, poderão ver aí o meu nome, Carlos Azevedo - afirmou um que chegava, entregando as folhas que trazia.
Antes da revolução do 25 de Abril de 1974, houve movimentos de contestação em diversas universidades do país, sempre vigiados pela polícia secreta. As associações académicas com direcções afectas ao partido comunista, eram então as mais activas, as mais mais organizadas nas manifestações. Os argumentos do combate à pobreza, a luta pelos direitos dos trabalhadores e contra os capitalistas, serviam de base a todas as reivindicações que apregoavam nas reunões e comícios. Atraídos pela intensa propaganda, os estudantes mais ingénuos eram aliciados com facilidade. Pouco tempo depois participavam activamente na luta política. Os que não tinham na casa dos pais um apoio que lhes criasse defesas contra os fanatismos ideológicos e que os induzisse a pensar pela própria cabeça, pouco tempo depois participavam muito na luta, engrossando a massa de descontentes com o regime e constituindo as bases dos futuros partidos políticos.
Carlos Azeved, iniciou o curso de economia uma semana antes de Fernando frequentar primeira aula do curso de engenharia.. Os pais viviam do rendimento de uma pequena editora, ali laborando de sol a sol, com o auxílio de dois trabalhadores, contratados dois anos antes da revolução de Abril. Carlos, ajudava os pais no tempo que lhe sobrava após as horas ocupadas na escola e na revisão das matérias dadas nas aulas. A polícia secreta não raro visitava a tipografia, visitas que terminavam sempr com a ameaça de fecho da empresa caso aceitassem para impressãpo alguns folhetos ou qiualquer livro de propaganda subversiva, avisando quie tudo deveria ser submetido à censura prévia antes da entrega aos clientes.
(continua)
Quando vinte anos antes, Fernando começou o primeiro ano da faculdade de engenharia, o professor catedrático da cadeira de matemáticas gerais só deu as duas primeiras aulas. A notíia da sua demissão surgiu poucos dias depois. Demissão por motivos desconhecidos, sem qualquer excplicação oicial, sem uma notícia nos jormais. Um professor competente, justo, pedagogo ecxcelente. Foram alguns dos alunos, reprovados no ano anterior, que decidiram elaborar e fazer circular um abaixo-assinado pedindo o seu regresso à catedra. Com raras excepções, todos os colegas da faculdade assinaram um pedido de readmissão do professor saneado, que curculou por outras faculdades obtendo mais de mil assinaturas.
No quarto dia de aulas, quando Fernando bebia um café no bar da faculdade, alguns colegas entraram, discutindo acaloradamento algo que lhe pareceu ligado com a demissão do catedrático de matemática. Um dêles, aproximando-se, convidou-o:
-Vem, junta-te a nós. Este tipo de económicas só nos traz trinta assinaturas, nessa universidade há mis de quinhentos alunos! - e o que levava os papéis, respondeu:
- Vocês deram-nos uim prazo muito curto, apenas dois dias. Muitos dos colegas disseram que não assinavam, porque não valia a pena, porque vai parar às mãos da polícia, irá tudo parar no lixo e os nosso nomes ficam registados.
Fernando não se conteve e disse:
- E então, vão prender-nos? Pois que nos prendam!
- Olha, eu não me importa, a minha assnatura está no abaixo-assinado, poderão ver aí o meu nome, Carlos Azevedo - afirmou um que chegava, entregando as folhas que trazia.
Antes da revolução do 25 de Abril de 1974, houve movimentos de contestação em diversas universidades do país, sempre vigiados pela polícia secreta. As associações académicas com direcções afectas ao partido comunista, eram então as mais activas, as mais mais organizadas nas manifestações. Os argumentos do combate à pobreza, a luta pelos direitos dos trabalhadores e contra os capitalistas, serviam de base a todas as reivindicações que apregoavam nas reunões e comícios. Atraídos pela intensa propaganda, os estudantes mais ingénuos eram aliciados com facilidade. Pouco tempo depois participavam activamente na luta política. Os que não tinham na casa dos pais um apoio que lhes criasse defesas contra os fanatismos ideológicos e que os induzisse a pensar pela própria cabeça, pouco tempo depois participavam muito na luta, engrossando a massa de descontentes com o regime e constituindo as bases dos futuros partidos políticos.
Carlos Azeved, iniciou o curso de economia uma semana antes de Fernando frequentar primeira aula do curso de engenharia.. Os pais viviam do rendimento de uma pequena editora, ali laborando de sol a sol, com o auxílio de dois trabalhadores, contratados dois anos antes da revolução de Abril. Carlos, ajudava os pais no tempo que lhe sobrava após as horas ocupadas na escola e na revisão das matérias dadas nas aulas. A polícia secreta não raro visitava a tipografia, visitas que terminavam sempr com a ameaça de fecho da empresa caso aceitassem para impressãpo alguns folhetos ou qiualquer livro de propaganda subversiva, avisando quie tudo deveria ser submetido à censura prévia antes da entrega aos clientes.
(continua)
-Lembra-te
"Quando te estiveres a ponto de te preocupar com merdas, os dilemas da poesia portuguesa contemporânia, o IRS, o código do multibanco, os carros que te roubam o estacionamento, a falta de rede no telemével, as reuniões do condomínio, a tampa da sanita, lembra-te dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. É essa a tua obrigação. Nunca te esqueças do mundo, Zé Luis."
de José Luis Peixoto
Riquexós: carinhos puxados por bicicletas onde os indianos pedalam transportando turistas ou patrícios, podendo cobrar 33 centimos de eurro ou pouco mais, pelo transporte dos clientes por um ou mais kilómetros. Em certas cidades da ìndia até há pouco tempo, os carrinhos eram puxados directamente pelos indianos. E suponho que isso ainda sucede em Calcutá.
de José Luis Peixoto
Riquexós: carinhos puxados por bicicletas onde os indianos pedalam transportando turistas ou patrícios, podendo cobrar 33 centimos de eurro ou pouco mais, pelo transporte dos clientes por um ou mais kilómetros. Em certas cidades da ìndia até há pouco tempo, os carrinhos eram puxados directamente pelos indianos. E suponho que isso ainda sucede em Calcutá.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 40
XIII
A conversa com os filhos à noite, decorreu animada, prolongando-se nessa sexta-feira mais do que era usual.Deitaram-se depois da meia-noite, às nove da manhã a família, tudo ainda em pijama, atacava o pequeno-almoço.
Ao meio-dia, Júlia Fernando saíram de casa, no carro, para o encontro combinado com os amigos Carlos e Laura. Ao passarem diante do quiosque da senhora Augusta, viram-na sair do seu lugar e chamar em voz bem alta:
- Doutora Júlia! Doutora Júlia!
Fernando parou o carro apeando-se em seguida:
- Que se passa dona Augusta, que se passa?
- Acabei agora mesmo de ouvir que o primeiro prémio da lotaria do Natal saíu no vosso bilhete!
Júlia, que também saíra do automóvel, disse ao marido:
- Fernando, vê o bilhete, verifica bem o número.
- Já o tenho aqui, Júlia.
A doma do quiosque, segurando na mão um papelinho, disse:
- Olhe aqui senhor engenheiro Garcia, o primeiro prémio saíu no trinta e um mil trezentos e oitenta e dois!
Fernando tornou a olhar para o bilhete e, depois de observá-lo, manifestou-se, gaguejando:
- Jú....Júlia, não há dúvida....senhora Augusta quando tem a lista para que nos possamos certificar que não há engano?
- Engenhiro Garcia, na segunda-feira é que me entregam a lista da lotaria, mas olhe que os miúdos do sorteio repetiram várias vezes o trinta e um mil trezentos e oitenta e dois, repetiram também várias vezes o valor do prémio, ninca houve um engano semelhanbte, podem contar com o milhâo de contos! - e voltou para o quiosque onde comentou a notícia do prémio a alguns clientes, enriquecendo-a com muitos pormenores relativos à sua participação no acontecimento.
Fernando guardou o bilhete na carteira e entrou no carro. Júlia, declarou de imediato:
-Continuamos com a sorte...Continuamos na maré de sorte. Isto faz-me lembrar a história de Angola que me contaste do...como se chamamva...um que lhe saíu o primeiro prémio da lotaria e depois, durante bastante tempo, em tudo o que jogava, tinha prémios..
- Ah, o Maurício!
- Esse mesmo...mas esse não distribuiu, não ofereceu os prémios, pois não Fernando?
- Não e não queiras ter a sorte que êle teve, coitado, viu-se milionário pouco depois de chegar a Portugal mas faliu daí a dois para trâas anos, ficou pior do que estava antes. Admira-te qiue tenha faltado a uma promessa...mas nós não, nós vamos cumprir a promessa que fizemos ao homenzinho do sonho.
Júlia esperou que o marido parasse o carro no parque. Antes de sair deu-lhe um beijo nos lábios e manifestou-se:
- Nunca nos zangámos nem por dinheiro nem por nada...Mais uma vez estamos de acordo, vamos distribui-lo, dar o prémio.
- Óptimo querida mas agora o que te proponho é que não falemos disto ao Carlos ou à Laura.
- Nem por sombras. Temos é de pensar na fundação, na FUPAQN.
Segunda-feira iremos investigar quais são os trâmites legais. Oxalá não nos surja muita burocracia pela frente.
- Júlia - declarou Fernando entregando-lhe o bilhete da lotaria - guarda o bilhete e deposita-o no banco quando lá fores.
- Poderia talve ir à misericórdia confirmar o prémio...Não, também me parece que será melhot ir ao banco, o gerente confirmará o prémio pelo telefone e passa-me um título de depósito. Assim, poderemos manter o sigilo. O gerente é pessoa de confiança...Olha! A Laura e o Carlos já chegaram.
(continua)
A conversa com os filhos à noite, decorreu animada, prolongando-se nessa sexta-feira mais do que era usual.Deitaram-se depois da meia-noite, às nove da manhã a família, tudo ainda em pijama, atacava o pequeno-almoço.
Ao meio-dia, Júlia Fernando saíram de casa, no carro, para o encontro combinado com os amigos Carlos e Laura. Ao passarem diante do quiosque da senhora Augusta, viram-na sair do seu lugar e chamar em voz bem alta:
- Doutora Júlia! Doutora Júlia!
Fernando parou o carro apeando-se em seguida:
- Que se passa dona Augusta, que se passa?
- Acabei agora mesmo de ouvir que o primeiro prémio da lotaria do Natal saíu no vosso bilhete!
Júlia, que também saíra do automóvel, disse ao marido:
- Fernando, vê o bilhete, verifica bem o número.
- Já o tenho aqui, Júlia.
A doma do quiosque, segurando na mão um papelinho, disse:
- Olhe aqui senhor engenheiro Garcia, o primeiro prémio saíu no trinta e um mil trezentos e oitenta e dois!
Fernando tornou a olhar para o bilhete e, depois de observá-lo, manifestou-se, gaguejando:
- Jú....Júlia, não há dúvida....senhora Augusta quando tem a lista para que nos possamos certificar que não há engano?
- Engenhiro Garcia, na segunda-feira é que me entregam a lista da lotaria, mas olhe que os miúdos do sorteio repetiram várias vezes o trinta e um mil trezentos e oitenta e dois, repetiram também várias vezes o valor do prémio, ninca houve um engano semelhanbte, podem contar com o milhâo de contos! - e voltou para o quiosque onde comentou a notícia do prémio a alguns clientes, enriquecendo-a com muitos pormenores relativos à sua participação no acontecimento.
Fernando guardou o bilhete na carteira e entrou no carro. Júlia, declarou de imediato:
-Continuamos com a sorte...Continuamos na maré de sorte. Isto faz-me lembrar a história de Angola que me contaste do...como se chamamva...um que lhe saíu o primeiro prémio da lotaria e depois, durante bastante tempo, em tudo o que jogava, tinha prémios..
- Ah, o Maurício!
- Esse mesmo...mas esse não distribuiu, não ofereceu os prémios, pois não Fernando?
- Não e não queiras ter a sorte que êle teve, coitado, viu-se milionário pouco depois de chegar a Portugal mas faliu daí a dois para trâas anos, ficou pior do que estava antes. Admira-te qiue tenha faltado a uma promessa...mas nós não, nós vamos cumprir a promessa que fizemos ao homenzinho do sonho.
Júlia esperou que o marido parasse o carro no parque. Antes de sair deu-lhe um beijo nos lábios e manifestou-se:
- Nunca nos zangámos nem por dinheiro nem por nada...Mais uma vez estamos de acordo, vamos distribui-lo, dar o prémio.
- Óptimo querida mas agora o que te proponho é que não falemos disto ao Carlos ou à Laura.
- Nem por sombras. Temos é de pensar na fundação, na FUPAQN.
Segunda-feira iremos investigar quais são os trâmites legais. Oxalá não nos surja muita burocracia pela frente.
- Júlia - declarou Fernando entregando-lhe o bilhete da lotaria - guarda o bilhete e deposita-o no banco quando lá fores.
- Poderia talve ir à misericórdia confirmar o prémio...Não, também me parece que será melhot ir ao banco, o gerente confirmará o prémio pelo telefone e passa-me um título de depósito. Assim, poderemos manter o sigilo. O gerente é pessoa de confiança...Olha! A Laura e o Carlos já chegaram.
(continua)
Fotografias
Gosto de fotografias. Noutra mensagem escrevi sobre o album que tenho com fotos desde os tempos presentes até à foto tirada há mais de oitenta e quatro anos, comigo, bébé de três meses ao colo da minha Mãe, no quintal da casa da minha avó. E folheio esse album, organizado cronologinamente, partindo das fotos mais recentes até aquela ao colo da minha Mãe. Com esse proceder fico sempre bem disposto, mesmo quando o dia me corre mal. Experimentem e verão. É uma fonte de juventude. Quem me ensinou foi uma médica siberiana.
Mas hoje vim falar de fotos, de gostar de fotos.
Gosto de fotos porque além de recordar situações, factos, acontecimentos passados, as fotos também têem o mérito de analisarmos, descobrirmos e especularmos um pouco sobre o que vemos seja animal, seja objecto, seja paisagem. Analisarmos e avaliarmos certos pormenores duma paisagem, as rugas do personagem fotografado, o olhar dum amigo ou dum nosso antepassado que nos fixa ou se desvia da objectiva da máquina fotográfica. Também nos desperta a curiosidade a forma de trajar, a "pose", os sorrisos ou as feições, umas duras, outras simpáticas, umas alegres outras resignadas, umas indiferentes outras de ar amigável.
E as fotos de forma constante também nos ajudam a compreender a época em que foram tiradas, a surpresa e o gáudio de situações embaraçosas ou cómicas, captadas pelo instantãnio daquele momento, daquela situação.
E nestes nossos tempos da segunda década do século vinte e um, os avanços da fotografia digital permitem-nos obter fotos com enorme nitidez, detalhe e côr.
Mas, por agora, as fotos, apenas começam a pretender mostrar algum relevo das imagens fotografadas. E temo-las sempre em fotografiaso planas, num pedaço de papael ou cartolina onde são reveladas. No futuro, já neste século XXI , aparecerão fotos com som, com imagens em relêvo, no espaço, armazenadas na memória duma máquina pequena, portátil e que permitirá a quem a maneje, sempre queira, chamar aquela foto que desejar, e apresentá-la, em relêvo, e a côres, com som, no espaço, com a grandeza que desejarmos.
E decerto muito mais surgirá, numa série de novidades como as que nos últimos tempos vêem surgindo com os IPADs, IFONEs, etc., e que nos deixam banzados com a imensidade de funções que dispoem e deseempenham.
Mas hoje vim falar de fotos, de gostar de fotos.
Gosto de fotos porque além de recordar situações, factos, acontecimentos passados, as fotos também têem o mérito de analisarmos, descobrirmos e especularmos um pouco sobre o que vemos seja animal, seja objecto, seja paisagem. Analisarmos e avaliarmos certos pormenores duma paisagem, as rugas do personagem fotografado, o olhar dum amigo ou dum nosso antepassado que nos fixa ou se desvia da objectiva da máquina fotográfica. Também nos desperta a curiosidade a forma de trajar, a "pose", os sorrisos ou as feições, umas duras, outras simpáticas, umas alegres outras resignadas, umas indiferentes outras de ar amigável.
E as fotos de forma constante também nos ajudam a compreender a época em que foram tiradas, a surpresa e o gáudio de situações embaraçosas ou cómicas, captadas pelo instantãnio daquele momento, daquela situação.
E nestes nossos tempos da segunda década do século vinte e um, os avanços da fotografia digital permitem-nos obter fotos com enorme nitidez, detalhe e côr.
Mas, por agora, as fotos, apenas começam a pretender mostrar algum relevo das imagens fotografadas. E temo-las sempre em fotografiaso planas, num pedaço de papael ou cartolina onde são reveladas. No futuro, já neste século XXI , aparecerão fotos com som, com imagens em relêvo, no espaço, armazenadas na memória duma máquina pequena, portátil e que permitirá a quem a maneje, sempre queira, chamar aquela foto que desejar, e apresentá-la, em relêvo, e a côres, com som, no espaço, com a grandeza que desejarmos.
E decerto muito mais surgirá, numa série de novidades como as que nos últimos tempos vêem surgindo com os IPADs, IFONEs, etc., e que nos deixam banzados com a imensidade de funções que dispoem e deseempenham.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte .39
´ Júlia, olhando para o relógio, mencionou:
- Gostei imenso da vossas redacções , à noite falaremos mais sobre ajudas. Marido, vamos ao trabalho, já estamos atrasados.
No carro, a caminho da fábrica, iam lembrando as redacções dos filhos. Se súbiito, Júlia, olhando para um ponto do céu, com a voz num tom mais grave, disse:
- Esta felicidade que vivemos,, estas felicidade de ver a maravilha dos nossos filhos, são arco-iris a mais, são muitas coisas boas acontecendo...O sonho, os prémios...Bem, amanhã se verá o que acontece na lotaria.
- Júlla, parece-me que tudo o que dizes só nos deve alegrar mais, amarmos cada vez mais as vidas que temos!
- Sim, Fernando, sim. Mas não posso evitar o que nos diz a razão, tanta teoria e filsofia aprendi que, por vezes, nascem-me dúvidas nesta seara de alegria,. Sinto que devo aceitar o presente, não me preocupo com a possibilidade de que o destino mude as nossas vidas para melhor ou para pior, Nem me preocupo sequer se existe ou não existe o destino. Para mim, não é a primeira vez que o digo, o que importa é o estado do nosso espírito, o estada de alma em cada momento... Desse estado também faz parte o que gostamos dos nossos corpos, o que apreciamos do que os nossos sentidos nos proporcionam, que pode diurar uns breves momentos ou algumas horas, ficando boas recordações na memória, que o tempo vai diluindo no passado.
Antes de chgar à fábrica, demorado para pára-arranca do trânsito, Fernando resolveu estacionar o carro.
- Júlia, temos tempo de sobra, vamos parar aqui nesta pastelaria, tomemos um café, continuemos em sossego a nossa conversa.
Mal se sentaram, Júlia continuou, sorrindo:
- Embarquei contigo nesta vida, entraste na minha vida e no meu espírito...
- E tu na minha vida, Júlia. Também não sei o que é isso do destino
se existe, se é o que ouvimos dizer, nunca ouvi uma definição aceitável, convincente. Dizem que o destino modela as nossas vidas, ninguém o pode saber. Não serão as nossas vidas que modelam o nosso destino, o nosso futuro? Tantas perguntas por fazer...
- O destino decidiu que viemos para esta vida, por acaso ou por um desígnio secreto. Ninguém sabe...O céu , mais cedo ou mais tarde poder-se-á cobrir de nuvens. Olha, Fernando, continuo a amar a vida. Quando as nuvens vierem, o sopro da nossa alegria fá-las-á afastar, sobstiruir por outro nos nossos arco-íris. E o céu esperar-nos-á sempre, lá por detrás.
####
Não me perguntem pelos termos, nem pelos meios, nem pelos quartos às escuras. Não me façam as perguntas idiotas a que sei responder. Digam-me ou dêem-me qualquer coisa que me vire a vida do avesso, para ver o que lá está. Como eu queria, em menino, ver a outra face da lua...O professor dizia que estava sempre às escuras, eu não acreditava, sinceramente não acreditava e um dia até êle me ralhou quando eu lhe perguntei quem tinha apagado a luz do outro lado da lua.
ris ...
(continua)
- Gostei imenso da vossas redacções , à noite falaremos mais sobre ajudas. Marido, vamos ao trabalho, já estamos atrasados.
No carro, a caminho da fábrica, iam lembrando as redacções dos filhos. Se súbiito, Júlia, olhando para um ponto do céu, com a voz num tom mais grave, disse:
- Esta felicidade que vivemos,, estas felicidade de ver a maravilha dos nossos filhos, são arco-iris a mais, são muitas coisas boas acontecendo...O sonho, os prémios...Bem, amanhã se verá o que acontece na lotaria.
- Júlla, parece-me que tudo o que dizes só nos deve alegrar mais, amarmos cada vez mais as vidas que temos!
- Sim, Fernando, sim. Mas não posso evitar o que nos diz a razão, tanta teoria e filsofia aprendi que, por vezes, nascem-me dúvidas nesta seara de alegria,. Sinto que devo aceitar o presente, não me preocupo com a possibilidade de que o destino mude as nossas vidas para melhor ou para pior, Nem me preocupo sequer se existe ou não existe o destino. Para mim, não é a primeira vez que o digo, o que importa é o estado do nosso espírito, o estada de alma em cada momento... Desse estado também faz parte o que gostamos dos nossos corpos, o que apreciamos do que os nossos sentidos nos proporcionam, que pode diurar uns breves momentos ou algumas horas, ficando boas recordações na memória, que o tempo vai diluindo no passado.
Antes de chgar à fábrica, demorado para pára-arranca do trânsito, Fernando resolveu estacionar o carro.
- Júlia, temos tempo de sobra, vamos parar aqui nesta pastelaria, tomemos um café, continuemos em sossego a nossa conversa.
Mal se sentaram, Júlia continuou, sorrindo:
- Embarquei contigo nesta vida, entraste na minha vida e no meu espírito...
- E tu na minha vida, Júlia. Também não sei o que é isso do destino
se existe, se é o que ouvimos dizer, nunca ouvi uma definição aceitável, convincente. Dizem que o destino modela as nossas vidas, ninguém o pode saber. Não serão as nossas vidas que modelam o nosso destino, o nosso futuro? Tantas perguntas por fazer...
- O destino decidiu que viemos para esta vida, por acaso ou por um desígnio secreto. Ninguém sabe...O céu , mais cedo ou mais tarde poder-se-á cobrir de nuvens. Olha, Fernando, continuo a amar a vida. Quando as nuvens vierem, o sopro da nossa alegria fá-las-á afastar, sobstiruir por outro nos nossos arco-íris. E o céu esperar-nos-á sempre, lá por detrás.
####
Não me perguntem pelos termos, nem pelos meios, nem pelos quartos às escuras. Não me façam as perguntas idiotas a que sei responder. Digam-me ou dêem-me qualquer coisa que me vire a vida do avesso, para ver o que lá está. Como eu queria, em menino, ver a outra face da lua...O professor dizia que estava sempre às escuras, eu não acreditava, sinceramente não acreditava e um dia até êle me ralhou quando eu lhe perguntei quem tinha apagado a luz do outro lado da lua.
ris ...
(continua)
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte- 38
Júlia, por hábito aproveitava as respostas dos filhos para indagar:
- Então Francisco, o que escreveste sobre a vida dum homem civilizado?
- Mãe, dividi a vida do homem em três partes: desde que nasce até ser criança, desde que é criança até ser adulto e a terceira parte, daí até à sua morte.
- Em que baseaste o tema da redacção?
- Mãe, li na internet, um trabalho sobre a vida e a obra de Jean Jacquer Rousseau...
- Um homem pode ser um homem civilizado nessas três fases da vida? - quiz saber Fernando.
- Pai, referi as fases da evolução da vida do homem de qualquer homem ou mulher.
- Já agora diz-nos quais são essas três fases.
- Quando nasce é o estado de homem natural, o segundo estado é onde o homem selvagem se manifesta até que a civilização começa a dominá-lo. O terceiro estado é a fase a que o homem pode chegar, quando se civiliza...
- Mas - proferiu Júlia, reticente - o tema da tua redacção era sobre o homem civilizado...
- Sim, eu depois escrevi sobre o tema mas tinha também de fazer referência ao modo como o homem e a mulher aparecem no mundo e como se desenvolvem.
- Bem, já não temos muito tempo, à noite contas-nos o resto. António fala-nos da tua redacção, de como socorrer uma pessoa.
António, depois de engolir a última colher do gelado, disse:
- Também consultei a internet. Segui o vosso concelho de dividir o tema em secções e analisar cada uma. Assim, escrevi que a ajuda pode ser para salvar pessoas que sofram com acidentes, pode servir para resolver problemas der alguma pessoa, pode ser como sócio de alguma associação que se dedique a ajudar as pessoas. Escrevi depois mais sobre as diversas formas de ajuda.
Júlia sorria para o marido enquanto perguntava ao filho:
- António, diz-me, essas ajudas devem ser conhecidas e apregoadas para que toda a gente conheça os seus autores ou pelo contrário, devem ser feitas de maneira anónima, com o desejo de que quem as dá, não fique conhecido?
- Eu acho que devem ser dadas de maneira anónima - e António acrescentou - a mãe e o pai lembram-se dos pobres a quem deram esmola, lembram-.se do que deram?
- Claro que não! Mas diz-me mais, na tua pesquiza na internet não encontraste nada mais interessante sobre o tema?
- Sim mãe, encontrei muita coisa mas a maior parte era sobre ajudas a doentes, sobre associações de ajuda e sobre ajudas psicolóigicas.
(continua)
- Então Francisco, o que escreveste sobre a vida dum homem civilizado?
- Mãe, dividi a vida do homem em três partes: desde que nasce até ser criança, desde que é criança até ser adulto e a terceira parte, daí até à sua morte.
- Em que baseaste o tema da redacção?
- Mãe, li na internet, um trabalho sobre a vida e a obra de Jean Jacquer Rousseau...
- Um homem pode ser um homem civilizado nessas três fases da vida? - quiz saber Fernando.
- Pai, referi as fases da evolução da vida do homem de qualquer homem ou mulher.
- Já agora diz-nos quais são essas três fases.
- Quando nasce é o estado de homem natural, o segundo estado é onde o homem selvagem se manifesta até que a civilização começa a dominá-lo. O terceiro estado é a fase a que o homem pode chegar, quando se civiliza...
- Mas - proferiu Júlia, reticente - o tema da tua redacção era sobre o homem civilizado...
- Sim, eu depois escrevi sobre o tema mas tinha também de fazer referência ao modo como o homem e a mulher aparecem no mundo e como se desenvolvem.
- Bem, já não temos muito tempo, à noite contas-nos o resto. António fala-nos da tua redacção, de como socorrer uma pessoa.
António, depois de engolir a última colher do gelado, disse:
- Também consultei a internet. Segui o vosso concelho de dividir o tema em secções e analisar cada uma. Assim, escrevi que a ajuda pode ser para salvar pessoas que sofram com acidentes, pode servir para resolver problemas der alguma pessoa, pode ser como sócio de alguma associação que se dedique a ajudar as pessoas. Escrevi depois mais sobre as diversas formas de ajuda.
Júlia sorria para o marido enquanto perguntava ao filho:
- António, diz-me, essas ajudas devem ser conhecidas e apregoadas para que toda a gente conheça os seus autores ou pelo contrário, devem ser feitas de maneira anónima, com o desejo de que quem as dá, não fique conhecido?
- Eu acho que devem ser dadas de maneira anónima - e António acrescentou - a mãe e o pai lembram-se dos pobres a quem deram esmola, lembram-.se do que deram?
- Claro que não! Mas diz-me mais, na tua pesquiza na internet não encontraste nada mais interessante sobre o tema?
- Sim mãe, encontrei muita coisa mas a maior parte era sobre ajudas a doentes, sobre associações de ajuda e sobre ajudas psicolóigicas.
(continua)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
A minha sombra
Dizem -me que sempre temos uma sombra. Pois eu quando me apetece, saio de casa e deixo lá ficar a minha sombra. Mas a sombra é preversa, quando chego a casa, a sombra joga às escondidas comigo e nunca a encontro, a não ser nos dias em que está bem disposta e não se quer vingar porque não a levei a passear.
A minha sombra, além de humores variáveis, com o tempo, com as horas, com a crise, ainda tem outras curiosidades: varia na côr, ou antes no tom da côr que sempre apresenta, mas é como os alcatruzes das noras, quando tenho paciência para a levar, anda sempre á minha volta, nunca larga os meus pés, tal como os alcatruzes não largam a roda. A minha sombra é mais leve que um pensamento, mesmo do que o pensamento do suicida quando decide entregar-se ê morte. E ainda tem outra qualidade interessante: adapta-se com facilidade a tudo o que desilumina.
Mas eu há muito que aprendi a dominá-la.
E sempre surgem os curiosos a interrogar-me quando me vêem sem a sombra.
A minha sombra, além de humores variáveis, com o tempo, com as horas, com a crise, ainda tem outras curiosidades: varia na côr, ou antes no tom da côr que sempre apresenta, mas é como os alcatruzes das noras, quando tenho paciência para a levar, anda sempre á minha volta, nunca larga os meus pés, tal como os alcatruzes não largam a roda. A minha sombra é mais leve que um pensamento, mesmo do que o pensamento do suicida quando decide entregar-se ê morte. E ainda tem outra qualidade interessante: adapta-se com facilidade a tudo o que desilumina.
Mas eu há muito que aprendi a dominá-la.
E sempre surgem os curiosos a interrogar-me quando me vêem sem a sombra.
Folhtim - 37 - Sonho de sorte
Os dois filhos, eram alunos daquele estabelecimento de ensino desde as primeiras letras. Ambos com um aproveitamento escolar extraordinário, ambos revelando aos pais e professores grande interesse e curiosidade por toda e qualquer matéria dos cursos que frequentavam.
Invariavelmente as refeições com os pais eram aproveitadas para tirar algumas das dúvidas que subsistiam das aulas. Fernando ao ler as informações do colégio comentou:
- No meu tempo do liceu só conseguíamos os vintes, nota equivalente aos dez de hoje, se apresentássemos uma redacção excepcional, além de responder bem a todas as perguntas sobre o texto. Parabéns ais dois pelas belas notas, Mas, fiquei curioso, quais foram os temas das vossas redacções?
- Pai - respondeu Francisco - o tema da minha redacção foi este: "descrever a vida dum homem civilizado".
- E o tema da minha foi "como socorrer uma pessoa".
Os dois filhos tinham sido educados pelos pais de forma muito firme, constante, vigilante. Desde que nasceram nem um dia, Fernando e Julia haviam abandonado a linha de conduta decidida e acordada para a formação dos filhos. Regras invioláveis para a alimentação , para as horas de descanso e para as brincadeiras. Regras que só se alteravam ou admitiam excepções, de mútuo acordo e ponderação. Com poucos mese de idade, a curiosidade de ambos foi despertada para todo o mundo exterior desenvolvendo-se e enriquecendo-se a memória de ambos de forma contínua e intensa, aumentando-lhes o interesse por todas as coisas que os rodiavam, das mais simples às mais complicadas para as suas idades, Com dois anos, já sabiam ler as palavras mais comuns, aos seis, pouco depois de entrar na escola, respoindiam correctamente a testes do terceiro e a alguins do quarto ano. Os tempos livres que dispunham fora do horário escolar, ocupavam-nos activamente quer nos jogos com os companheiros da escola, quer noutros entretenimentos para que que se sentiam mais inclinados. Os pais despertaram-lhes o interesse pela leitura, pelo teatro e pela música. Uma hora por dia, depis do jantar, era dedicada à conversa sobre temas que o Francisco e o António abordavam por sua iniciativa. Os pais introduziam, com habilidade, outros assuntos , nas conversas, despertando-lhes a curiosidade e induzindo-os a apresentar questões ou dúvidas. Os conhecidos do casal manifestavam admiração pela memória e pelos conhecimentos que os rapazes demonstravam, finalizando, por vezes, os encómios, com frases do género "que sorte vocès têem com o filhos" ou "quem me dera que os meus fossem tão espertos".
A dedicação, o amôr dos pais pelos filhos muito raramente são conhecidos e reconhecidos. A carência desse proceder manifesta-se em muitos casais, por lamentações sobre os deeitos que atribuem aos filhos, sacudindo o fardo da própria responsabilidade.
(continua)
Invariavelmente as refeições com os pais eram aproveitadas para tirar algumas das dúvidas que subsistiam das aulas. Fernando ao ler as informações do colégio comentou:
- No meu tempo do liceu só conseguíamos os vintes, nota equivalente aos dez de hoje, se apresentássemos uma redacção excepcional, além de responder bem a todas as perguntas sobre o texto. Parabéns ais dois pelas belas notas, Mas, fiquei curioso, quais foram os temas das vossas redacções?
- Pai - respondeu Francisco - o tema da minha redacção foi este: "descrever a vida dum homem civilizado".
- E o tema da minha foi "como socorrer uma pessoa".
Os dois filhos tinham sido educados pelos pais de forma muito firme, constante, vigilante. Desde que nasceram nem um dia, Fernando e Julia haviam abandonado a linha de conduta decidida e acordada para a formação dos filhos. Regras invioláveis para a alimentação , para as horas de descanso e para as brincadeiras. Regras que só se alteravam ou admitiam excepções, de mútuo acordo e ponderação. Com poucos mese de idade, a curiosidade de ambos foi despertada para todo o mundo exterior desenvolvendo-se e enriquecendo-se a memória de ambos de forma contínua e intensa, aumentando-lhes o interesse por todas as coisas que os rodiavam, das mais simples às mais complicadas para as suas idades, Com dois anos, já sabiam ler as palavras mais comuns, aos seis, pouco depois de entrar na escola, respoindiam correctamente a testes do terceiro e a alguins do quarto ano. Os tempos livres que dispunham fora do horário escolar, ocupavam-nos activamente quer nos jogos com os companheiros da escola, quer noutros entretenimentos para que que se sentiam mais inclinados. Os pais despertaram-lhes o interesse pela leitura, pelo teatro e pela música. Uma hora por dia, depis do jantar, era dedicada à conversa sobre temas que o Francisco e o António abordavam por sua iniciativa. Os pais introduziam, com habilidade, outros assuntos , nas conversas, despertando-lhes a curiosidade e induzindo-os a apresentar questões ou dúvidas. Os conhecidos do casal manifestavam admiração pela memória e pelos conhecimentos que os rapazes demonstravam, finalizando, por vezes, os encómios, com frases do género "que sorte vocès têem com o filhos" ou "quem me dera que os meus fossem tão espertos".
A dedicação, o amôr dos pais pelos filhos muito raramente são conhecidos e reconhecidos. A carência desse proceder manifesta-se em muitos casais, por lamentações sobre os deeitos que atribuem aos filhos, sacudindo o fardo da própria responsabilidade.
(continua)
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 36
José Cruz, encarando muito sério os que o rodeavam, guardou o cartão e o envelope no bolso enquanto Fernando lhe dizia, fingindo curiosidade:
- Então senhor José Cruz, já sabe quem lhe envio o dinheiro?
- Foi um grande amigo meu,ele soube dos meus apertos...- Disse o modelador, com um contentamento enorme marcado no rosto e acrescentando: - vou para casa levar a notícia à minha mulher.
Julia e Fernando sorriram um para o outro e saíram da fábrica. Logo que entraram no carro, comovidos, abraçaram-se. Ela não conteve as lágrimas:
- Tens razão, imensa razão querido. Hoje comecei a compreender melhor a tua reacção de felicidade quando deste os cem contos ao empregado do restaurante. Olhar para o José Cruz quando se convenceu que podia ficar com aquele dinheiro, ver a surpresa e a felicidade estampadas na sua cara, provocou-me um estado de grande bem-estar, uma exaltação que ainda não desapareceu,um sabor a boa ventura...
- Será que continuaremos a ter mais oportunidades paraajudar quem necessite? Em troca receberemos mais satisfação, sentir-nos-emos melhor. Este bem estar que as ofertas nos provocam, tem muito mais valor do que o que oferecemos, não o sentes?
- Nem tudo se pode avaliar em dinheiro - Julia concentrou-se na resposta- nunca será possivel trocar a fellicidade por dinheiro, nem comprar doses de contentamento. Quando adquiro um casaco que me agrada, satisfiz a minha ambição de o possuir, de o poder vestir. É uma forma diferente de contentamento, é o orgulho da posse.Para mim isso não é a felicidade. É um pouco dum prazer diferente...Se eu conseguir encher um armário de casacos que me agradam, não sinto nem digo que a felicidade inundou a minha vida. Digamos que é um prazer fugaz e efémero, que posso renovar cada vez que abro o armário e olho para o que tenho lá. Para mim felicidade é mais, é uma atitude, um sentimento mais constante, mais firme,mais inabalável, persistente, é uma sentir-se sorrindo por denro, sem nefessidade de o exprimir com a face. Claro que um cínico pocerá citar Oscar Wilda dizendo "há duas tragédias na vida, uma é não se conseguir o que se quer, a outra é consegui-lo"Deitar fora alguns casacos também me poderá dar algum prazer e mais se os dou a quem os aceita feliz e agradado. A felicidade não tem os limites do prazer.
Fernando, conduzindo o carro a camino de casa, concordou:
- Ora aí tens, o prazer de dar...-E Julia disse:
- Que quanto mais damos, mais parece aumentar, concordas?
- Sim! Hoje senti-o mais forte que no restaurante, com aquela dádiva dos cem contos. Não me senti forçado, foi sem qualquer hesitação- e Fernando acrescentou - Hoje mais intenso, mais intenso!
Quando entraram em casa os dois filhos haviam regressado do colégio. Abraçaram e beijaram os pais. O mais noco, o Frncisco, que completara treze anos poucos dias antes,abriu a mochila e tirou de lá uma carta com o timbre do colégio, entregando-o à mãe.Que exclamou ao ler a informação:
- Que belas notasFrancisco, no português subiste do sete no mês passado, para dez, a nota máxima!
- Oh mãe, eu também tive dez a português este mês - disse o filho mais velho, o António, entregando-lhe outo envelope do colégio.
(continua)
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 35 - autor Alberto Quadros
XII
A lotaria nacional foi uma iniciativa da rainha d.Maria I de Portugal,
concedendo a sua exploração à Santa Casa da Misericórdia, em novembro de 1783, em
reconhecimento pela sua boa e grandiosa obra social e cristã.
Esta lotaria vende anualmente cerca de duzentos milhões de euros, entregando ao estado português dois terços dos lucros. A lotaria no natal, por tradição, é a que distribui os maiores prémios.
O bilhete inteiro que Fernando comprara no quiosque da dona Augusta, fazia parte da lotaria do natal desse ano. O primeiro prémio seria de um milhão de contos, a sortear no sábado vinte de dezembro. Na véspera, Fernando levou para a fábrica, metendo-as nium envelope grande as oitenta notas de dez contos. Conseguiu, auxiliado pelo carteiro, que o modelador recebesse anonimamente esse envelope com o dinheiro.
. Pouco antes da hora do almoço, Fernando passou pela bancada de trabalho do modelador. Este, interrompendo o trabalho:
- Senhor engenheiro Garcia tenho de faltar à tarde, tenho lá em casa o pessoal que me vai ajudar a reparar a cozinha. Combinei tudo com um colega de forma a não atrasarmos aqui o nosso trabalho na fábrica - E enquanto falava, abriu o envelope que havia tirado duma prateleira debaixo da bancada. Pegou, estupefacto, no maço das oitenta notas de dez contos, dizendo:
- Que é isto? Isto deve ser engano, veio aqui o contínuo entregar-me este envelope, deve ter sido engano, isto deve ser para o escritório!
A sirene da fábrica tocou ness momento anunciando o fim do trabalho da manhã. O modelador perguntou:
- Senhor engenheiro Garcia pode vir comigo ao escritório para eu entregar lá este dinheiro?
Entretanto Julia, que saíra do seu gabinete, juntara-se ao marido e retorquiu:
- Oh senhor José Cruz, esse envelope tem o seu nome escrito , foi-lhe endereçado, portanto o que estava dentro também deve ser para si. Aliás, na tesouraria da fábrica não falta qualquer dinheiro - E o modelador:
- Senhor engenheiro Garcia, ninguém me devia esta quantia!
- Mas não há dúvida que a enviaram para si, fique com êle, não tem uma obra em casa que precisa de pagar?
José Cruz continuava, incrédulo, abismado, confundido. Mirou de novo o envelope e , segurando nas notas, espreitou para dentro do sobrescrito, retirou um cartão que tinha várias linhas escritas à mão, com letra grande de imprensa:
PODES PAGAR COM ISTO A OBRA NA TUA COZINHA. QUANDO TE SURGIR ALGUÉM EM GRANDES DIFICULDADES, SE PUDERES, CONCEDE-LHE AUXÍLIO, POR POUCO QUE SEJA.
NÃO PROCURES SABER QUEM TE AJUDOU. -
(continua)
A lotaria nacional foi uma iniciativa da rainha d.Maria I de Portugal,
concedendo a sua exploração à Santa Casa da Misericórdia, em novembro de 1783, em
reconhecimento pela sua boa e grandiosa obra social e cristã.
Esta lotaria vende anualmente cerca de duzentos milhões de euros, entregando ao estado português dois terços dos lucros. A lotaria no natal, por tradição, é a que distribui os maiores prémios.
O bilhete inteiro que Fernando comprara no quiosque da dona Augusta, fazia parte da lotaria do natal desse ano. O primeiro prémio seria de um milhão de contos, a sortear no sábado vinte de dezembro. Na véspera, Fernando levou para a fábrica, metendo-as nium envelope grande as oitenta notas de dez contos. Conseguiu, auxiliado pelo carteiro, que o modelador recebesse anonimamente esse envelope com o dinheiro.
. Pouco antes da hora do almoço, Fernando passou pela bancada de trabalho do modelador. Este, interrompendo o trabalho:
- Senhor engenheiro Garcia tenho de faltar à tarde, tenho lá em casa o pessoal que me vai ajudar a reparar a cozinha. Combinei tudo com um colega de forma a não atrasarmos aqui o nosso trabalho na fábrica - E enquanto falava, abriu o envelope que havia tirado duma prateleira debaixo da bancada. Pegou, estupefacto, no maço das oitenta notas de dez contos, dizendo:
- Que é isto? Isto deve ser engano, veio aqui o contínuo entregar-me este envelope, deve ter sido engano, isto deve ser para o escritório!
A sirene da fábrica tocou ness momento anunciando o fim do trabalho da manhã. O modelador perguntou:
- Senhor engenheiro Garcia pode vir comigo ao escritório para eu entregar lá este dinheiro?
Entretanto Julia, que saíra do seu gabinete, juntara-se ao marido e retorquiu:
- Oh senhor José Cruz, esse envelope tem o seu nome escrito , foi-lhe endereçado, portanto o que estava dentro também deve ser para si. Aliás, na tesouraria da fábrica não falta qualquer dinheiro - E o modelador:
- Senhor engenheiro Garcia, ninguém me devia esta quantia!
- Mas não há dúvida que a enviaram para si, fique com êle, não tem uma obra em casa que precisa de pagar?
José Cruz continuava, incrédulo, abismado, confundido. Mirou de novo o envelope e , segurando nas notas, espreitou para dentro do sobrescrito, retirou um cartão que tinha várias linhas escritas à mão, com letra grande de imprensa:
PODES PAGAR COM ISTO A OBRA NA TUA COZINHA. QUANDO TE SURGIR ALGUÉM EM GRANDES DIFICULDADES, SE PUDERES, CONCEDE-LHE AUXÍLIO, POR POUCO QUE SEJA.
NÃO PROCURES SABER QUEM TE AJUDOU. -
(continua)
Mais desfaçatez
Utilizei, com cuidados intensivos, as minhas protuberâncias nas suas concavidades, apliquei os conhecimentos adquiridos em experiências futuras (não sabem o que é isto noutro blog do passado expliquei, não costumo plagiar-me salvo seja), permaneci mudo ante os acidentes meteorológicos da região mais austral da nossa Terra, permaneci impaávido perante o acumular injusto de fortunas que serão utilizadas por herdeiros incapazes, incompetentes e analfabetos de mãos e de espírito, o que não quero demonstrar dado que este blog mensageia para mulheres e homens inteligentes razão suficiente por tão pouca gente apostarem tão poucos comentários. Mas não pretendo de forma alguma voltar ao assunto das protuberâncias nem das concavidades mais ingénuas, mais encobertas por mantos diáfanos, ou por cobertores de papa, ou, quando se trate de faquires, por tábuas com quinhentos pregos por centímetro quadrado, ou mais, se o faquir fôr um magricela daqueles que existem na Índia e que só comeram pela primeira vez aos dezanove anos - isto contou-me um meu parente de Pangim, filho dum pai tão magro que a balança nada acusava.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Fiz dias
Fiz dias, dentro dumas quantas horas farei anos. Acho muito mais agradável fazer dias que fazer anos. Faço dias quando quero, quando me qpetece, quando calha. Faço anos, irra, sempre no mesmo dia, só uma vez por ano, por vezes nada me agrada que me felicitem nesse dia que me dêem palmadinhas nas costas, que me digam as piadas do costume, "então mais ou menos um?", "então mais um prego no caixão ?", "mais um anilto, tás mais gordo!". E faço dias, pelo contrário, nos dias em que me apetece fazer dias, posso fazer dias trezentas e sessenta e cinco vezes por ano neste 2012, que é bissexto, até posso fazer trezentas e sessenta e seis vezes.E comemoro sempre bem disposto nesses dias em que faço dias convido quem quero para essas coomemorações, em vez de beber espumante, que é um costume agradável mas a que não gosto de ser obrigado e portanto quando faço dias bebo o tal bom vinho tinto aconselhado pelo meu filho que tem,entre outros méritos,o curso de enologia.
E aqui planto todo este arrazoado porque ontem, depois de referir que fazia dias, embrenhei-me em altas filisofias a respeito de qualquer coisa que não estou disposto a lembrar. Não se admirem, também passo em frente de muitas montras e nada me apetece comprar.
E aqui planto todo este arrazoado porque ontem, depois de referir que fazia dias, embrenhei-me em altas filisofias a respeito de qualquer coisa que não estou disposto a lembrar. Não se admirem, também passo em frente de muitas montras e nada me apetece comprar.
Folhetiim - Sonho de sorte - 34
Simpatizara com Fernando quando o conhecera em Sintra.Ao telefone aceitou
o convite para se encontrarem no café perto do apartamento dos pais.
Após poucos minutos decorridos numa conversa onde trocaram memórias sobre
as famílias de cada um, Julia perguntou, mudando de assunto:
- Fernando o que pensa sobre o casamento, o que julga que deve existir no
casamento, para além do contrato religioso ou do contrato notarial, para além dos juramentos solenes ou das promessas que se fazem, para além da atracção entre a mulher e o homemI? - E Fernando respondeu:
- Deixe-me sair do enleio que sinto por estar aqui perto de si.. A sua pergunta... Uma boa pergunta, como agora se usa dizer nas entrevistas, pede uma resposta com calma...A resposta é complicada...- E Julia, bem firme:
- Só é complicada se fôr hipócrita, será simples se fôr ditada pelo coração.
- Concordo...- E Fernando acrescentou após alguns segundos de silêncio - Olhe, Juilia, o casamento, para mim, comparo-o a uma rocha que a natureza construiu sedimentando diversos materiais, uns mais fracos, outros mais resistentes. O tempo do namoro é uma parte do tempo da construção, parte onde se deve cimentar a união desses materiais, definindo e desenvolvendo a felicidade do matrimónio...- E Julia atalhou:
- Para si, a atracção sexual é o que mais importa?
- Quando conhecemos alguém, no início do namoro, parece-me que influência bastante. É a faceta do instinto de qualquer animal irracional que todos temos em nós. O namoro, entretanto, deve servir para muito mais, a atracção sexual deve ser dominada, contida, sustida por acordo reacional, por conversas onde os dois descubram e explorem o que têm em comum, onde os dois ensinenem um ao outro o que o outro ignora, adiando até ao momento propício a decisão de casarem, de viverem juntos, de se amarem.
- Mas como define esse momento propício? Há regras para isso? - Interrogou Julia.
- Há algumas regras que os pais ensinam aos filhos desde pequeninos, normas de conduta adoptadas pelo seu grupo social, em certos paises também pela lei...- E Fernando acrescentou: - parece-me que a Julia tem bem assentes as suas regras neste domínio.
Julia sorriu, brincando com a colher dentro da chávena de café enquanto Fernando tentava captar-lhe o olhar:
- Posso eu agora fazer-lhe uma pergunta?
- Se eu souber responder, se eu puder responder - Disse Julia, continuando a sorrir e encarando Fernando.
Acabaram de beber o café e despediram-se afectuosamente.
Casaram onze mese depois.
#####
Aguardo o futuro com curiosidade e sem apreensão, podendo-o partilhar com os que amo, sem pagar impostos pelos prazeres que obterei.
(continua)
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Hoje, faço dias
Já fiz dias muitas vezes. Isto de muitas é uma bengala ou antes é mais um escadote que se usa quando queremos dizer algumas, não muitas, mais que poucas, diversas, mais que duas mas menos que muitas, espero que já me entenderam. Escadote tem limites,depende de quem o usa, quando se chega ao patamar do último degrau não podemos dizer que há forma de subir mais. Mas há, podemos dar um salto - quem seja capaz de dar um salto - e chegar aonde queremos. Mas mais vezes ou poucas vezes é isso mesmo espero que não me tenham compreendido. Porque tudo o que é vago, como o poucas de alguma coisa, tudo o que évago não se atinge e se damos um salto lá ium cima, no patamar, corremos o risco de nos estamparmos cá em baixo, o que também não é correcto, não é bem defenido, podemos cais cá em baixo e cair mais baixo ainda se o chão não nos aguentar ou poderá acontecer ainda pior, como acontecia ao Charlot nos seus filmes, poderia.. (continua, se quiserem)
Folhetim - Sonho de sorte - 33 -
XI
Julia e Fernando tinham uma bonita relação que não se alterara desde os tempos
do namoro.
Um dia depois de se conhecerem em Sintra, catorze anos atrás, Fernando
telefonou para casa de Julia. Atendeu Catarina, a irmã de Julia:
- Estou, quem fala?
- Fernando Garcia. Bom dia Catarina! Suponho que falo com a mana de
Juilia, não?
- Ah! És o dos olhares perturbadores de ontem, para a minha irmã?
- Catarina, posso falar com a Julia?
- Ela está a trabalhar na tese de doutoramento, fica brava se alguem a
interrompe quando está a trabalhar...
- Catarina, diga-lhe que lhe telefono às nove, sim?
- Espere, espere, está aqui a Julia. - Disse Catarina, entregando o telefone
à irmã.
- Olá senhor Fernando Garcia. - E Fernando:
- Que tratamento tão cerimonioso...Julia...Não quero interromper por mais
tempo o seu trabalho...Quero vê-la, quero...
Julia havia terminado com vinte e um anos, o curso de ciências económicas e preparava o doutoramento para o mês seguite. Tão jovem e prestes a doutorar-se, merecia, no dizer dos colegas, entrar para o "guiness". Mercê duma sólida formação moral, quando aos dezasseis anos se matriculou na faculdade, estava bem preparada para enfrentar os perigos que uma rqapariga jovem encara quando sai
quando sai do ambiente familiar provinciano e vai, entregue a si própria, para Lisboa. Os pais, ambos empregados num banco em Portalegre, não tinham família na capital, pelo que Julia alugou um quarto numa residência para estudantes universitários. Durante o curso teve dois namoros e, pelas histórias
da família e de muitos casos conhecidos em Portalegre, não tinha dúvidas que a atracção sexual era interessante porém pouco duradoura, os casamentos estáveis tinham sempre fundamentos mais sólidos.
O primeiro namoro pouco durou porque a e só lhe interessava o sexo. O segundo, pouco mais, porque o
namorado se embrenhava em discussões intermináveis tentando convencê-la da ideolotgia que abraçara. Até que ela um dia o despediu dizendo que tinha imensas possibilidades de aproveitar melhor os tempos livres.
(continua)
Julia e Fernando tinham uma bonita relação que não se alterara desde os tempos
do namoro.
Um dia depois de se conhecerem em Sintra, catorze anos atrás, Fernando
telefonou para casa de Julia. Atendeu Catarina, a irmã de Julia:
- Estou, quem fala?
- Fernando Garcia. Bom dia Catarina! Suponho que falo com a mana de
Juilia, não?
- Ah! És o dos olhares perturbadores de ontem, para a minha irmã?
- Catarina, posso falar com a Julia?
- Ela está a trabalhar na tese de doutoramento, fica brava se alguem a
interrompe quando está a trabalhar...
- Catarina, diga-lhe que lhe telefono às nove, sim?
- Espere, espere, está aqui a Julia. - Disse Catarina, entregando o telefone
à irmã.
- Olá senhor Fernando Garcia. - E Fernando:
- Que tratamento tão cerimonioso...Julia...Não quero interromper por mais
tempo o seu trabalho...Quero vê-la, quero...
Julia havia terminado com vinte e um anos, o curso de ciências económicas e preparava o doutoramento para o mês seguite. Tão jovem e prestes a doutorar-se, merecia, no dizer dos colegas, entrar para o "guiness". Mercê duma sólida formação moral, quando aos dezasseis anos se matriculou na faculdade, estava bem preparada para enfrentar os perigos que uma rqapariga jovem encara quando sai
quando sai do ambiente familiar provinciano e vai, entregue a si própria, para Lisboa. Os pais, ambos empregados num banco em Portalegre, não tinham família na capital, pelo que Julia alugou um quarto numa residência para estudantes universitários. Durante o curso teve dois namoros e, pelas histórias
da família e de muitos casos conhecidos em Portalegre, não tinha dúvidas que a atracção sexual era interessante porém pouco duradoura, os casamentos estáveis tinham sempre fundamentos mais sólidos.
O primeiro namoro pouco durou porque a e só lhe interessava o sexo. O segundo, pouco mais, porque o
namorado se embrenhava em discussões intermináveis tentando convencê-la da ideolotgia que abraçara. Até que ela um dia o despediu dizendo que tinha imensas possibilidades de aproveitar melhor os tempos livres.
(continua)
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Os antigos folhetins
Lembro-me que há muitos anos os jornais diários, com frequência, publicavam
folhetins. Era um dos meios empregues pelos periódicos para aumentar a tiragem e
manter o interesse dos assinantes. E os dramas ou comédias que apresentavam eram
assunto para as tertúlias nos cafés, nas farmácias, nas famílias.
Lembro-me que uma senhora velhota, parente minha e que eu visitava muitas
vezes, coleccionava os folhetins dum jornal, que sempre apareciam ocupando uma
fracção dum folha interior do jornal, numa tira que essa senhora destacava todos os
dias e juntava às tiras sacadas dos jornais dos dias anteriores.
Um dia, entrando na sua casa, fui ouvindo uma discussão entre ela e o marido:
- Oh José então não tinhas mais nada para acender a lareira que os meus
folhetins?
- Maria, desculpa, não encontrei mais nada para acendê-la e como tu já
os tinhas lido todos...
- Pois, como tu não gostas de ler, sou eu a prejudicada.
- Deixa lá Maria, quando for publicado o livro, eles publicam sempre
depois um livro com o romance dos folhetins. Quando fôr editado, eu compro-to.
folhetins. Era um dos meios empregues pelos periódicos para aumentar a tiragem e
manter o interesse dos assinantes. E os dramas ou comédias que apresentavam eram
assunto para as tertúlias nos cafés, nas farmácias, nas famílias.
Lembro-me que uma senhora velhota, parente minha e que eu visitava muitas
vezes, coleccionava os folhetins dum jornal, que sempre apareciam ocupando uma
fracção dum folha interior do jornal, numa tira que essa senhora destacava todos os
dias e juntava às tiras sacadas dos jornais dos dias anteriores.
Um dia, entrando na sua casa, fui ouvindo uma discussão entre ela e o marido:
- Oh José então não tinhas mais nada para acender a lareira que os meus
folhetins?
- Maria, desculpa, não encontrei mais nada para acendê-la e como tu já
os tinhas lido todos...
- Pois, como tu não gostas de ler, sou eu a prejudicada.
- Deixa lá Maria, quando for publicado o livro, eles publicam sempre
depois um livro com o romance dos folhetins. Quando fôr editado, eu compro-to.
As erratas e o que desejamos escrever
Quando redigimos o que pretendemos transmitir, e se o estamos escrevendo
no computador, por vezes trocamos de letras numa palavra, escrevemos uma palavra
parecida mas que não é a que desejávamos para traduzir a nossa ideia. Surgem assim
palavras que dão sentido grotesco, arrevezado ou cómico à frase. uma espécie de
trocadilhos que a máquina imprime e que aparece no "ecran" dessa nossa máquina.
Por exemplo: eu, pretendendo escrever que " tinha certezas bem firmes.."
saiu-me "eu tinha cerejas bem firmes.
E agora, ali atráz, em vez de trocadilhos escrevi "troicadilhos".
Talvez que a explicação psicológica seja que somos ou fomos atingidos
e ifluenciados, com frequência, por notícias ou acontecimentos que nos preocupam.
Isto parece-nos curioso. Vou escrever nos meus papelinhos-cábulas, essas
palavras ou frases, sempre que me surjam.
E comporei com eles mais uma mensagem.
no computador, por vezes trocamos de letras numa palavra, escrevemos uma palavra
parecida mas que não é a que desejávamos para traduzir a nossa ideia. Surgem assim
palavras que dão sentido grotesco, arrevezado ou cómico à frase. uma espécie de
trocadilhos que a máquina imprime e que aparece no "ecran" dessa nossa máquina.
Por exemplo: eu, pretendendo escrever que " tinha certezas bem firmes.."
saiu-me "eu tinha cerejas bem firmes.
E agora, ali atráz, em vez de trocadilhos escrevi "troicadilhos".
Talvez que a explicação psicológica seja que somos ou fomos atingidos
e ifluenciados, com frequência, por notícias ou acontecimentos que nos preocupam.
Isto parece-nos curioso. Vou escrever nos meus papelinhos-cábulas, essas
palavras ou frases, sempre que me surjam.
E comporei com eles mais uma mensagem.
Folhetim - 32 - Sonho de sorte
Julia sentia que, tanto ela como o marido, estavam embarcados numa fuga à realidade, que mais uma vez atribuiam ao acaso tudo o que lhes vinha sucedendo. Não pode haver certezas quanto à sorte ou quanto ao destino, pensava. Tambem não podemos assegurar que tudo acontece por acaso... Tudo o que projectamos e executamos não é acaso e daí...Pelo meio desses actos antes estudados e ponderados, o acaso poderá surgir e tudo, tudo, resultar ou cair do inesperado. Que poderá ser bom e agradável, como o que agora sucedia mas que também poderá trazer ou gerar complicações. A nossa vontade e a nossa fé poderão encaminhar-nos na esperança e até na certeza da realização do que desejamos, impdindo-nos de recear o contrário.
Fernando, menos materialista que Júlia, não concebia uma realidade imutável, sentia que a sua própria vida estava tomando um rumo inesperado, contundente, original e benéfico. As ocupações diárias, as decisões que deliberava dia a dia, hora a hora, não seriam fruto da sua vontade mas
a resultante de tudo o que lhe acontecera na vida, na dos seus antepassados e até talvez na de todos os que viviam com ele. Uma árvore genealógica pouco mais nos indica que o nome e a época em que viveram os nossos antepassados mais recentes. Pouco nela consta do que de bom ou de mau fizeram ou cá deixaram.
Regressaram a casa às sete da tarde. Depois de arrumar o carro na garagem, passaram pelo quiosque:
- Dona Augusta, já tem a lista?
- Sim, aqui a têem. - E entregou-lhes a lista.
Fernando, depois de verificar o prémio, afirmou, sem se perturbar:
- Júlia, temos o terceiro prémio...Mil contos.
E a dona Augusta, de imediato:
- Querem um bilhete para o natal, este ano é já no sábado, é depois de amanhã que anda a roda, o primeiro prémio é de um milhão de contos.
- Julia, compramos um bilhete inteiro? - Disse Fernando.
E Julia concordou:
- Claro, leva-o já se a dona Augusta te pagar os mil contos do prémio...
- Dona Augusta venda-nos um bilhete inteiro, pode pagar-nos o restante dos mil contos?
- Por acaso até posso.- Disse ela, tirando do bolso um volumoso maço de notas e entregando a Fernando o troco dos mil contos, descontando dos mil contos os sessenta do custo do novo bilhete da lotaria.- Aqui tem os seus novecentos e quarenta contos e bom natal!-
E Julia disse para Fernando,quando se dirigiam para casa :
- Poderá sair um prémio mais pequeno, mas não te preocupes se nos calhar o milhão de contos, aplicá-los e distribui-los não vai custar muito, não falámos numa fundação?
E continuaram especulando.
Fernando, menos materialista que Júlia, não concebia uma realidade imutável, sentia que a sua própria vida estava tomando um rumo inesperado, contundente, original e benéfico. As ocupações diárias, as decisões que deliberava dia a dia, hora a hora, não seriam fruto da sua vontade mas
a resultante de tudo o que lhe acontecera na vida, na dos seus antepassados e até talvez na de todos os que viviam com ele. Uma árvore genealógica pouco mais nos indica que o nome e a época em que viveram os nossos antepassados mais recentes. Pouco nela consta do que de bom ou de mau fizeram ou cá deixaram.
Regressaram a casa às sete da tarde. Depois de arrumar o carro na garagem, passaram pelo quiosque:
- Dona Augusta, já tem a lista?
- Sim, aqui a têem. - E entregou-lhes a lista.
Fernando, depois de verificar o prémio, afirmou, sem se perturbar:
- Júlia, temos o terceiro prémio...Mil contos.
E a dona Augusta, de imediato:
- Querem um bilhete para o natal, este ano é já no sábado, é depois de amanhã que anda a roda, o primeiro prémio é de um milhão de contos.
- Julia, compramos um bilhete inteiro? - Disse Fernando.
E Julia concordou:
- Claro, leva-o já se a dona Augusta te pagar os mil contos do prémio...
- Dona Augusta venda-nos um bilhete inteiro, pode pagar-nos o restante dos mil contos?
- Por acaso até posso.- Disse ela, tirando do bolso um volumoso maço de notas e entregando a Fernando o troco dos mil contos, descontando dos mil contos os sessenta do custo do novo bilhete da lotaria.- Aqui tem os seus novecentos e quarenta contos e bom natal!-
E Julia disse para Fernando,quando se dirigiam para casa :
- Poderá sair um prémio mais pequeno, mas não te preocupes se nos calhar o milhão de contos, aplicá-los e distribui-los não vai custar muito, não falámos numa fundação?
E continuaram especulando.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 31
- Sim! Sim! O que teve o acidente em casa com a garrafa de gáz que se incendiou e lhe destruiu a cozinha.Olha, parece-me boa ideia, falamos com ele e damos-lhe o dinheiro assim que o recebamos. Contudo, espera, devemos pensar na forma de manter o sigilo, o anonimato, uma das condições do acordo que eu também me disponho a cumprir. - respondeu Fernando.
- É muito fácil, metemos o dinheiro num envelope e pedimos a alguém de confiança que lhe entregue, sem indicar a proveniência.
- Devemos - continuou Fernando saindo da mesa - escrever uma mensagem e colocá-la dentro do envelope, dizendo o mesmo que eu disse ao empregado do restaurante: que, logo que possa ajude alguem necessitado e que não fale, não converse com quer que seja sobre o que recebeu.
Sairam de casa. Ao passar no quiosque da dona Augusta, Julia lembrou:
- Fernando, mostra o bilhete à dona Augusta, ela poderá confirmar o prémio.
- Sim minha senhora, saíu o teceiro prémio ao seu marido, mil contos, mais logo, ao fim da tarde, quando vierem para casa terei aqui a lista dos prémios da Santa Casa. Não querem um bilhete para o natal? É depois de amanhã, no sábado, que anda a toda!
- Deixe-nos cofirmar o prémio e depois compraremos outro bilhete - afirmou Fernando.
No caminho para a fábrica e enquanto conduzia pelo meio do intenso transito, o casal manteve-se em silêncio, quebrado por Julia quando chegaram:
- Fernando, vim pensando no que combinamos, quanto ao destino a dar aos mil contos, Deveríamos guardar duzentos para as despesas que vamos tendo, compras dos bilhetes ou de apostas ou outras que surjam. Parece-me que oitcentos contos já pagarão todos ou quase todos os estragos na cozinha do modelados José Cruz, não concordas?
- Querida, concordo plenamente. Olha! Se continuamos a receber prémios em tudo o que é jôgo, teremos de formar uma empresa ou uma fundação, poderá ser a FUPAQN, fundação universal para auxiliar quem necessite...Eu serei administrador e a doutora economista Julia a presidente do conselho de administração - disse Fernando, sorrindo, enquanto arrumava o carro no parque de estacionamento.
Tinham para essa hora uma reunião marcada pelo proprietário da fábrica, que entretanto telefonara à secretária avisando que o transito o atrasara, só chegaria dentro de quinze a vinte minutos. E foram para os seus gabinetes continuando a falar dos prémios da lotaria:
( continua )
- É muito fácil, metemos o dinheiro num envelope e pedimos a alguém de confiança que lhe entregue, sem indicar a proveniência.
- Devemos - continuou Fernando saindo da mesa - escrever uma mensagem e colocá-la dentro do envelope, dizendo o mesmo que eu disse ao empregado do restaurante: que, logo que possa ajude alguem necessitado e que não fale, não converse com quer que seja sobre o que recebeu.
Sairam de casa. Ao passar no quiosque da dona Augusta, Julia lembrou:
- Fernando, mostra o bilhete à dona Augusta, ela poderá confirmar o prémio.
- Sim minha senhora, saíu o teceiro prémio ao seu marido, mil contos, mais logo, ao fim da tarde, quando vierem para casa terei aqui a lista dos prémios da Santa Casa. Não querem um bilhete para o natal? É depois de amanhã, no sábado, que anda a toda!
- Deixe-nos cofirmar o prémio e depois compraremos outro bilhete - afirmou Fernando.
No caminho para a fábrica e enquanto conduzia pelo meio do intenso transito, o casal manteve-se em silêncio, quebrado por Julia quando chegaram:
- Fernando, vim pensando no que combinamos, quanto ao destino a dar aos mil contos, Deveríamos guardar duzentos para as despesas que vamos tendo, compras dos bilhetes ou de apostas ou outras que surjam. Parece-me que oitcentos contos já pagarão todos ou quase todos os estragos na cozinha do modelados José Cruz, não concordas?
- Querida, concordo plenamente. Olha! Se continuamos a receber prémios em tudo o que é jôgo, teremos de formar uma empresa ou uma fundação, poderá ser a FUPAQN, fundação universal para auxiliar quem necessite...Eu serei administrador e a doutora economista Julia a presidente do conselho de administração - disse Fernando, sorrindo, enquanto arrumava o carro no parque de estacionamento.
Tinham para essa hora uma reunião marcada pelo proprietário da fábrica, que entretanto telefonara à secretária avisando que o transito o atrasara, só chegaria dentro de quinze a vinte minutos. E foram para os seus gabinetes continuando a falar dos prémios da lotaria:
( continua )
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