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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 44

            Depois de solucionados os diversos problemas do trabalho na fábrica, Fernando passou a concentrar-se naquilo que mais ocupava agora o seu espírito, a fundação, a fortuna que lhes aparecera para gerilr e como se iria alterar a vida familiar. E, além de tudo, que significaria o que lhes estava sucedando, porque teria existido o sonho e, mais que o sonho, porquê êle, porquê?  A sua mente tergiversava criando, imaginando diversos subterfúgios,os diversos argumentos contra a razão, contra as conclusões a que o rigor matemático o conduzia. Lembrava-se do elogio do professor de matemáticas gerais quando, numa aula prática, a uma pergunta respondera: "a probabilidade, no infinito, de qualquer acontecimento, é uma certeza". Portanto os acasos podem repetir-se e repetir-se quantas vezes se possa imaginar. Na realidade, durante a vida, conhecemos pessoas que sofreram azares constantes, acasos repetidos de pouca sorte, pessoas que em vez de anjos da guarda só têem demómnios a persegui-las. Para essas, a pouca sorte parece ter sido a regra. Outras, beneficiadas com revoadas de boa sorte. E já estava convencido que, em vez do demónio do azar, continuariam sob a protecção do seu anjo de boa fortuna.

            Quase na hora de saida da fábrica, Júlia entrou no gabinete, contemplou Fernando com um enorme sorriso e anunciou:
                     - Trago-te outra boa notícia!
                     - Saíu-te algum prémio?
                     - Tão bom como isso - disse Júlia, reticente - quase tão bom, pelo que representa para nós...
                     - Diz, diz!
                     - Lembras-te o que disseste ao modelador José Cruz quando lhe entregaste os oitocentos contos?
                     - Sim e então?
                     - Confessou-me que afinal a obra da cozinha ficou muito mais barata e que tinha oferecido o que lhe sobrar a um inválido, seu vizinho, que tem uma reforma miserável, imagina, de cinquenta contos. Como é possível haver ainda reformas destas em Portugal? Nem calculas o orgulho e a satisfação que o José Cruz exibia enquanto me contava o sucedido.
                      - Já vês, Júlia, o que poderá acontedcer se destribuírmos bem os prémios? Uma reacção em cadeia, propagando em progressão geométrica a nossa acção  de distribuição de riqueza e felicidade, será que conseguiremos essa maravilha, Júlia?

              Perto de estadio nacional e a cinco minutos da fábrica, encontraram, num prédio quase a estrear, um escritório com dimensão suficiente e que lhes agradou. Assinaram uma promessa de compra a concretizar numa semana. Júlia e Carlos definiram de imediato a ocupação das cinco divisões, elaborando a lista do mobilário e equipamentos necessários.

(continua)




                 

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