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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Folhetim - 32 - Sonho de sorte

                Julia sentia que, tanto ela como o marido, estavam embarcados numa fuga à realidade, que mais uma vez atribuiam ao acaso tudo o que lhes vinha sucedendo. Não pode haver certezas quanto à sorte ou quanto ao destino, pensava. Tambem não podemos assegurar que tudo acontece por acaso... Tudo o que projectamos e executamos não é acaso e daí...Pelo meio desses  actos antes estudados e ponderados, o acaso poderá surgir e tudo, tudo, resultar ou cair do inesperado. Que poderá ser bom e agradável, como o que agora sucedia mas que também poderá trazer ou gerar complicações. A nossa vontade e a nossa fé poderão encaminhar-nos na esperança e até na certeza da realização do que desejamos, impdindo-nos de recear o contrário.
                Fernando, menos materialista que Júlia, não concebia uma realidade imutável, sentia que a sua própria vida estava tomando um rumo inesperado, contundente, original e benéfico. As ocupações diárias, as decisões que deliberava dia a dia, hora a hora, não seriam fruto da sua vontade mas
  a resultante de tudo o que lhe acontecera na vida, na dos seus antepassados e até talvez na de todos os que viviam com ele. Uma árvore genealógica pouco mais nos indica que o nome e a época em que viveram os nossos  antepassados mais recentes. Pouco nela consta do que de bom ou de mau fizeram ou cá deixaram.
                Regressaram a casa às sete da tarde. Depois de arrumar o carro na garagem, passaram pelo quiosque:
                          - Dona Augusta, já tem a lista?
                          - Sim, aqui a têem. - E entregou-lhes a lista.
                Fernando, depois de verificar o prémio, afirmou, sem se perturbar:
                           - Júlia, temos o terceiro prémio...Mil contos.
                E a dona Augusta, de imediato:
                           - Querem um bilhete para o natal, este ano é já no sábado,  é depois de amanhã que anda a roda, o primeiro prémio é de um milhão de contos.
                           - Julia, compramos um bilhete inteiro? - Disse Fernando.
                E Julia concordou:
                           - Claro, leva-o já se a dona Augusta te pagar os mil contos do prémio...
                           - Dona Augusta venda-nos um bilhete inteiro, pode pagar-nos o restante dos mil contos?
                           - Por acaso até posso.- Disse ela, tirando do bolso um volumoso maço de notas e entregando a Fernando o troco dos mil contos, descontando dos mil contos os sessenta do custo do novo bilhete da lotaria.- Aqui tem os seus novecentos e quarenta contos e bom natal!-
                E Julia disse para Fernando,quando se dirigiam para casa :
                           - Poderá sair um prémio mais pequeno, mas não te preocupes se nos calhar o milhão de contos, aplicá-los e distribui-los não vai custar muito, não falámos numa fundação?
                E continuaram especulando.

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