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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 41 - autor: Alberto Qiuadros

                                                                      XIV
                 Quando vinte anos antes, Fernando começou o primeiro ano da faculdade de engenharia, o professor catedrático da cadeira de matemáticas gerais só deu as duas primeiras aulas. A notíia da sua demissão surgiu poucos dias depois. Demissão por motivos desconhecidos, sem qualquer excplicação oicial, sem uma notícia nos jormais. Um professor competente, justo, pedagogo ecxcelente. Foram alguns dos alunos, reprovados no ano anterior, que decidiram elaborar e fazer circular um abaixo-assinado pedindo o seu regresso à catedra. Com raras excepções, todos os colegas da faculdade assinaram um pedido de readmissão do professor saneado, que curculou por outras faculdades obtendo mais de mil assinaturas.
                No quarto dia de aulas, quando Fernando  bebia um café  no bar da faculdade, alguns colegas entraram, discutindo acaloradamento algo que lhe pareceu ligado com a demissão do catedrático de matemática. Um dêles, aproximando-se, convidou-o:
                         -Vem, junta-te a nós. Este tipo de económicas só nos traz trinta assinaturas, nessa universidade há mis de  quinhentos alunos! -  e o que levava os papéis, respondeu:
                         - Vocês deram-nos uim prazo muito curto, apenas dois dias. Muitos dos colegas disseram que não assinavam, porque não valia a pena, porque vai parar às mãos da polícia, irá tudo parar no lixo e os nosso nomes ficam registados.
                Fernando não se conteve e disse:
                         - E então, vão prender-nos? Pois que nos prendam!
                         - Olha, eu não me importa, a minha assnatura está no abaixo-assinado, poderão ver aí o meu nome, Carlos Azevedo - afirmou um que chegava, entregando as folhas que trazia.
                Antes da revolução do 25 de Abril de 1974, houve movimentos de contestação em diversas universidades do país, sempre vigiados pela polícia secreta. As associações académicas com direcções afectas ao partido comunista, eram então as mais activas, as mais mais organizadas nas manifestações. Os argumentos do combate à pobreza, a luta pelos direitos dos trabalhadores e contra os capitalistas, serviam de base a todas as reivindicações que apregoavam nas reunões e comícios. Atraídos pela intensa propaganda, os estudantes mais ingénuos eram aliciados com facilidade. Pouco tempo depois participavam activamente na luta política. Os que não tinham na casa dos pais um apoio que lhes criasse defesas contra os fanatismos ideológicos e que os induzisse a pensar pela própria cabeça, pouco tempo depois participavam muito na luta, engrossando a massa de descontentes com o regime e constituindo as bases dos futuros partidos políticos.
                Carlos Azeved, iniciou o curso de economia uma semana antes de Fernando frequentar  primeira aula do curso de engenharia.. Os pais viviam do rendimento de uma pequena editora, ali laborando de sol a sol, com o auxílio de dois trabalhadores, contratados dois anos antes da revolução de Abril. Carlos, ajudava os pais no tempo que lhe sobrava após as horas ocupadas na escola e na revisão das matérias dadas nas aulas. A polícia secreta não raro visitava a tipografia, visitas que terminavam sempr com a ameaça de fecho da empresa caso aceitassem para impressãpo alguns folhetos ou qiualquer livro de propaganda subversiva, avisando quie tudo deveria ser submetido à censura prévia antes da entrega aos clientes.
(continua)

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