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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Colégio e tropa

           No colégio onde passei, contrariado, seis anos, não fiz grandes amizades. Tenho hoje alguns amigos meus antigos colegas naquele colégio, porque de há vinte anos até hoje os tenho visto muitas vezes e confraternizado bastante com êles. Mas naquele colégio não me foi possível ter amigos, mais que amigos de ocasião. O que era impossível, sempre preocupado com aquele serviço militar quase obrigatório, o que era impossível, sempre a marchar ou na idiotice de marcar passo, e mais impossível pela cretinice de alguns oficiais, em particular um, que nos dava a aula semanal de infantaria e que na primeira aula que nos deu, olhou para mim e para outro miúdo colega, bem queimados pelo sol da praia( o começo das aulas no colégio era nos primeiros dias de outubro) e disse-nos: vocês, pretos, são de uma raça inferior" e outras "plaisanteries" do mesmo género. Já vêem em que estado de espírito estávamos, sempre que o horário nos obrigava a encarar com o dito senhor, um tenente mais nazi que os tenentes  de  Hitler.
            No entanto - é justo dizê-lo - esse colégio tinha um conjunto dos melhores professores de Lisboa e deu-me uma explêndida preparação para a universidade e para a vida.
            Mas quando eu e os meus colegas tínhamos doze anos o que nos pesava mais no colégio, o que nos bloqueava mais, eram as atitudes de oficiais, como esse tenente nazi. De tal mentalidade que, alguns anos depois, já coronel, quando fez o exame para acesso ao generalato e chumbou, suicidou-se. 
    

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