- Espera, espera, já sairam os dois prémios maiores, já só fal...- E Fernanedo interrompeu a resposta, olhando fixamente para o televisor. E poucos segundo depois gritou para Julia, que se afastara:
- Julia, Julia, saíu-nos o terceiro prémio, tem o mesmo número do nosso bilhete!
Julia regressou à sala, correndo, dizendo:
- Tens a certeza, Fernando? Confere bem. De quando é esse prémio, vinte mil contos?
Fernando pegou no bilhete e viu, no verso duma das cautelas, que quantia obteria com o terceiro prémio:
- São mil contos, Julia, olha que não houve qualquer outro sonho anunciando-me outros vinte mil contos!
Julia pegou no bilhete, confirmou o valôr do prémio e interrogou o marido:
- Que vamos fazer com este dinheiro?
- Nem pensei ainda nisso, que achas? - E Julia respondeu:
- Parece-me que deves ser tu a resolver...
Aí Fernando recordou a agradáel e profunda impressão que sentira após entregar ao empregado de mesa aqueles cem contos do prémio do totoloto. Sensação que decerto se repetiria com esta nova oferta.Talvez aumentasse o prazer de dar. Lembrou-se que lera, numa citação, que o prazer de dar não tem limites, não diminui nem se transforma em tédio ou apatia. Que o prazer repetido de dar, não se transforma em vício ou qualquer perversão. Que quanto mais damos, mais sentimos ter aumentado algo de bom no nosso interior. Decidiu-se:
- Distribui-lo-ei - Declarou Fernando - e Julia, se quizeres, poderás colaborar.
Durante o almoço conversaram animadamente sobre o prémio e sobre a distribuição a efectuar, como fazê-la, como iniciá-la:
- Nada nos custará encontrar gente pobre, mil contos distribuiem-se num instante - disse Fernando enquanto deitava vinho no copo de Julia.
Até podemos começar na fábrica, temos lá gente muito necessitada, com brandes problemas. Lembras-te do modelador de que te falei ontem, lembras-te?
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário