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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 36

José Cruz, encarando muito sério os que o rodeavam, guardou o cartão e o envelope no bolso enquanto Fernando lhe dizia, fingindo curiosidade: - Então senhor José Cruz, já sabe quem lhe envio o dinheiro? - Foi um grande amigo meu,ele soube dos meus apertos...- Disse o modelador, com um contentamento enorme marcado no rosto e acrescentando: - vou para casa levar a notícia à minha mulher. Julia e Fernando sorriram um para o outro e saíram da fábrica. Logo que entraram no carro, comovidos, abraçaram-se. Ela não conteve as lágrimas: - Tens razão, imensa razão querido. Hoje comecei a compreender melhor a tua reacção de felicidade quando deste os cem contos ao empregado do restaurante. Olhar para o José Cruz quando se convenceu que podia ficar com aquele dinheiro, ver a surpresa e a felicidade estampadas na sua cara, provocou-me um estado de grande bem-estar, uma exaltação que ainda não desapareceu,um sabor a boa ventura... - Será que continuaremos a ter mais oportunidades paraajudar quem necessite? Em troca receberemos mais satisfação, sentir-nos-emos melhor. Este bem estar que as ofertas nos provocam, tem muito mais valor do que o que oferecemos, não o sentes? - Nem tudo se pode avaliar em dinheiro - Julia concentrou-se na resposta- nunca será possivel trocar a fellicidade por dinheiro, nem comprar doses de contentamento. Quando adquiro um casaco que me agrada, satisfiz a minha ambição de o possuir, de o poder vestir. É uma forma diferente de contentamento, é o orgulho da posse.Para mim isso não é a felicidade. É um pouco dum prazer diferente...Se eu conseguir encher um armário de casacos que me agradam, não sinto nem digo que a felicidade inundou a minha vida. Digamos que é um prazer fugaz e efémero, que posso renovar cada vez que abro o armário e olho para o que tenho lá. Para mim felicidade é mais, é uma atitude, um sentimento mais constante, mais firme,mais inabalável, persistente, é uma sentir-se sorrindo por denro, sem nefessidade de o exprimir com a face. Claro que um cínico pocerá citar Oscar Wilda dizendo "há duas tragédias na vida, uma é não se conseguir o que se quer, a outra é consegui-lo"Deitar fora alguns casacos também me poderá dar algum prazer e mais se os dou a quem os aceita feliz e agradado. A felicidade não tem os limites do prazer. Fernando, conduzindo o carro a camino de casa, concordou: - Ora aí tens, o prazer de dar...-E Julia disse: - Que quanto mais damos, mais parece aumentar, concordas? - Sim! Hoje senti-o mais forte que no restaurante, com aquela dádiva dos cem contos. Não me senti forçado, foi sem qualquer hesitação- e Fernando acrescentou - Hoje mais intenso, mais intenso! Quando entraram em casa os dois filhos haviam regressado do colégio. Abraçaram e beijaram os pais. O mais noco, o Frncisco, que completara treze anos poucos dias antes,abriu a mochila e tirou de lá uma carta com o timbre do colégio, entregando-o à mãe.Que exclamou ao ler a informação: - Que belas notasFrancisco, no português subiste do sete no mês passado, para dez, a nota máxima! - Oh mãe, eu também tive dez a português este mês - disse o filho mais velho, o António, entregando-lhe outo envelope do colégio. (continua)

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