- Carlos, vamos iniciar uma experiência nesse sentido, aproveitando o núcleo dos colaboradores da FAP e e de toda a gente muito carenciada que auxiliamos. Se a fundação conseguir provar que é poosível uma comunidade viver sem dinheiro, teremos dado um passo de gigante. Porém não sei se todos estaremos preparados para uma maudança tão radical.
Carlos não perdeu a ocasião para insistir:
- Continuo na minha, duvido que possamos voltar três mil anos atrás, para o sistema económico do toma lá dá cá, toma lá batatas, tu dás-me bananas.
- Carlos, fazes-me repetir o que já disse. A ideia não é a de trocar isto por aquilo mas sim de empregar os méritos próprios para o que se pretenda adquirir. Portanto, para a primeira expriência iremos começar pela avaliação, em méritos, de tudo o que se queira e possa adquirir desde qualquer objecto a qualquer serviço.
- Portanto para obteres seja o que fôr, objecto ou serviço, terás de possuir os méritos necessários, será assim?
- Exacto.
- E como irás conseguir méritos?
- O que eu farei para a comunidade, para o poder local, para qualquer pessoa, tornar-me-á credível dum certo número de méritos, que me serão creditados na central de méritos. Esta actuará como hoje actuam os bancos, usando os cartões de crédito. Contudo a grande diferença do nosso projecto estará na ausência de lucro, dos cartões e dos bancos.
- Como é isso da ausência de lucro? Qual a empresa que não se destina a obter lucros resultantes da sua actividade?
- Carlos, calma. O que estamos projectando não é acabar com os lucros das empresas agora existentes, isso sim, isso seria irreal, impossível nos tempos mais próximos. O que estamos projectando é apenas a experiência dum novo sistema de vida que, entre outras coisas, permita evitar ou anular os inconvenientes que o sistema monetário actual apresenta e que como todos verificamos, se ampliam cada ano que passa. Novo sistema que, talvez num futuro mais ou menos longínquo, conduza à eliminação do lucro e, por tabela contribua para a redução e erradicação das crises e da pobreza.
Carlos não se conteve:
- Espero que seja para o tempo dos filhos dos meus bisnetos...
- Já não seria mau
.
Foi a vez de Laura intervir:
- Fernando, explica-nos o que fará essa central de méritos que referiste.
- Essa central creditará na sua memória todos os méritos que cada um consiga e fornecerá informação, mediante um código de entrada, sobre o saldo de méritos existente em cada conta. Como nos bancos, onde existe a memória dos movimentos das contas de cada depositante nesse banco. Porém com duas diferenças importantes: todas as memórias estarão numa única central de méritos e a tua mão ou os dedos da tua mão serão o teu cartão de crédito. Não serão necessários números secretos, não precisaremos de renovar cartões - esse grande negócio actual dos bancos - não haverá comissões, et cetera. A cenral, de início, funcionará na FAP ou numa empresa que se constitua para o efeito. Esta é a minha ideia do sistema. Para a concretizar, como vos disse, necessitaremos duma primeira experiência, dum período experimental mais ou menos longo e de muita investigação.
Júlia, que se mantivera até aí fora do diálogo, aproveitou a deixa do marido:
- Fernando, diz-me, os distribuidores sabem deste teu projecto?
- Falei com os principais, apenas de forma superficial, no sentido de lhes despertar curiosidade. Não me alonguei em explicações como as que agora expus, só pedi que a uma próxima renião levem algumas opiniões ou ideias.
- Não referiste Fernando, outra vantagem muito importante da não utilização dos cartões de crédito: a ausência das dívidas que aumentam estilo bola de neve, dívidas provenientes da utilizaão incontrolada, por parte de muitas famílias, dos cartões de crédito. Nos Estados Unidos, cada família utiliza em média, oito ou nove cartões. Essa forma de crédito constitui uma das principais fontes de receita das famílias americanas, aumentando dia a dia os incobráveis.**
**- Em 2008 cada família americana(dos USA) possuia em média, 13 cartões de crédito e os grandes bancos, incluindo o próprio banco central, registaram aumentos superiores a 50% no não pagamento das dívidas dos titulares dos cartões de crédito, dívidas que, por sua vez, aumentaram 75% nos últimos dez anos.
(continua)
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