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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 98 -

            O presidente conversou um pouco com os vereadores e disse :
                      - Não nos parece existir qualquer inconveniente, No entanto consultaremos o nosso contencioso, dentro de dois ou três dias vos daremos uma resposa, prometo fazer-lhe um telefonema depois de amanhã. Outra pergunta?
                      - Suponho ser do conhecimento de todos que a fundação tem em projecto uma outra indústria, por agora uma pequena indústria de confecção. Apresentámos uma proposta para que nos vendam um lote na nova zona industrial e nos concedam o alvará respectivo. Essa proposta encontra-se na vossa câmara há cêrca de um mês, será possível uma resposta breve?
                     - Êste mês será passado o alvará e dada  a ordem para venda do lote- afirmou o presidente,de forma peremptória.

              Ao sair do parque de estacionamento da cãmara municipal, Manuel Guedes, que conduzia o automóvel., comentou a reunião:
                     - Julgo que acertámos por completo nas perguntas que nos iriam apresentar. O presidente e o vice pareceram-me  bastante sinceros. A atitude dos vereadores não me pareceu tão bem definida, achei alguns um pouco desinteressados, talvez por alguma timidez.
                     - A gravação que fizemos vai ser mais elucidativa. Concordo com o que dizes sobre o presidnte e o seu vice, pareceram-me bastante leais. Assim o julgo porque sei que são muito amigos. A grande notícia que nos deram foi aquela da expansão da nossa actividade para outros concelhos, não nos disseram a quais re referiam, penso que será melhor aguardar que os interessados se manifestem - disse Fernando.
              Passaram a ponte, con tráfego intenso, muito lento, porque um acidente, meia hora antes, provocara um engarrafamento enorme.


                                                                          XLII


                   Chegaram à fundação bastante atrasados para o almoço. Encontraram a sala do restaurante quase vazia pelo que se sentaram na mesma mesa.
                   Fernando foi o primeiro a quebrar o silêncio:
                           - Hoje não foi possivel seguir o combinado quanto aos almoços, a regra aceite de nunca nos sentarmos os quatrro, juntos. O restaurante está quase vezio, justifica-se que fujamos à regra. Voltando a falar sobre a nossa ida de manhã á outra banda, aquela referència da Júlia ao desemprego foi muito oportuna. Se não vos repugna nem perturba o apetite, podemos falar um pouco mais sobre o assunto. A acção dos últimos governos, no tocante ao desemprego tem sido, em minha opinião, muito modesta, muito camuflada pela propaganda de promessas redundantes, as quais foram justificadas pela conjuntura da época mas tendo um fracasso como resultado,no presente - e Fernando, após poucos sgundos, continuou - Ainda não conheço um país que tenha desenvolvido uma acção semelhante àquela que a FAP desenvolve, vocês conhecem algum? Laura, tu, que gostas muito de calcular tudo até ao cêntimo, terás um ideia de quanto custará a um país fazer o mesmo?
                            - Poderei fazer as contas. No entanto qualquer governo deverá avaliá-lo comparando o seu custo, calculando quanto custa à nação o fundo de desemprego que pagavam  aos que são agora beneficiados pela FAP. Júlia, tu tens decerto valôres mais consistentes que os meus.
                            - Por acaso já pensei nisso, não é a primeira vez que eu e o Fernando o discutimos. E temos chegado sempre ao mesmo impasse, não é assm, marido?
                            - Sim, minha senhora O impasse resulta de nunca conhecermos se a situação do desmprego existente é analisada com isenção, se todas as variáveis conhecidas são consideradas pelos responsáveis. Depende muito, por exemplo, da atitude dos sindicatos. Êstes, em épocas de crises, hevendo menos trabalho, querem manter os mesmos salários, então, por vezes, o que acontece  nos Estados Unidos, as empresas podem despedir os trabalhadores. Aqui, se há menos trabalho,  os sindicatos querem manter todos os empregos e os mesmos salários. E a empresa, se não consegue impor menores salários nem despedir trabalhadores, pode ir à falência e ter de fechar as portas, negociando compensações, como sucede em toda a Europa. Depende também da forma como se avalia a percentagem do desemprego, depende do valôr do salário mínimo, se utilizam alguns truques, difíceis de descobrir, como o de considerar empregados os alunos de cursos de formação. alunos que não têem uma garantia de emprego. Uma carteira profissional não é garantia de emprego, pior ainda em épocas de crise. Os economistas aqui presentes poderão acrescentar muito.
(continua)


      

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