O vice presidente não quis perder a ocasião para falar:
- Como disse o senhor presidente da câmara, também não acho possível entrarmos num sistema sem dinheiro. Por exemplo, como faríamos as importações?
- Lembro-lhe senhor vice presidente o que já referi: transitar para êste novo sistema não será da noite para o dia. Desde que se implante numa cidade poderá propagar-se a outras cidades e a todo o país. Estou convencido que em menos tempo do que demorou a adpção da moeda. - E Fernando continuou - Quanto ás importações, nesta fase terão de ser pagas com divisas. Porém, no programa dos governos futuros deverá constar certamente a industrialização do país no sentido de em Portugal se produzirem mais e mais produtos semelhantes aos que se importam. Os países que adoptem o sistema de méritos terão as suas centrais de méritos e poderá caminhar-se para uma central de méritos europeia ou mundial. Surgirá a imaginação e a criatividade suficientes para resolver os problemas das importações e exportações. Tal como sucedeu com as tabuinhas que os banqueiros fenícios usavam nos seus "bancos" que mais não eram que simples bancos que levavam das suas casas para a rua, e onde realizavam os seus negócios pagando as importações e outros contratos. Nêsse século e nos seguintes resolveram-se os inúmeros problemas que surgiram.
O presidente abanando a cabeça em sinal de discordância, disse:
- Mas nós importanos tudo o que queremos!
- Sim, nas não pagamos as importações sem o recurso ao crédito bancário nacional ou da banca europeia, uma das razões porque temos um "deficit" enorme e que será muito dificil de anular.
- Diga-me engenheiro Garcia, de que forma será possível um governo sem dinheiro?
- Os governos terão as suas tarefas muito facilitadas. As mentalidades, com as reformas do ensino, evoluirão de forma sigificatica. O desemprego diminuirá de modo acelerado.
- Explique-me êsse milagre.
- Explico-lhe pela industrializaão acelerada para a produção de tudo o que o país importa, salva algumas excepções. Pela diminuição do número de horas de trabalho, por uma maior consciência de todos os calaboradores em qualquer tarefa, com formação adequada e honesta, de forma que todos colaborem naquilo em que gostam de se ocupar, pela eliminação progressiva de todas as formas de corrupção e de muitos roubos e assaltos, pela melhoria progressiva da justiça.
Durante mais meia hora Júlia e Fernando responderam à avalanche de perguntas feitas pelos visitantes. Que se despediram não muito convenccidos.
No regresso. o presidente foi comentando a visita à FAP:
- Aqui há gato escondido, vocês não acham?
Um dos vereadores, que nunca se tinha manifestado na reunião, respondeu:
- Parece-me benemerência a mais. As indústrias que êles estão iniciando bem como as lojas e toda aquela história do comércio sem dinheiro... Êles disseram que vão iniciar a experiência na princípio de Setembro. parece-me, senhor presidente, que devemos marcar a visita dêles à câmara na primeira segunda feira dêsse mês, pensando bem nas perguntas a fazer. Ourtro mistério é a quantidade de dinheiro que êles obtêem e gastam naquela fundação, não acredito que tenham tamanha sorte aos jogos!
O presidente, que parecia mais entretido a mirar o Tejo enquanto percorriam a ponte, disse:
- No próximo ano temos as autárquicas. Está-me cá a parecer que dali irão surgir candidatos. Quando nos vierem vosotar têem de se confessar.
XXXVIII
O baptizado da Carolina, a filha de Júlia e Fernando nascida em Junho, foi marcado para o último sábado de Setembro. Na véspera, na reunião da direcção, onde participava o chefe dos distribuidores, Júlia disse-lhe:
- O senhor transmitiu o nosso aviso de que amanhã, desde as nove horas e até às treze horas, todos os distribuidores interessados poderão fazer a sua inscição na CM?
- Transmiti, senhora doutora.
- Como sabe, não gostamos de ocupar qualquer sábado com assuntos da FAP. Abrimos uma excepção convidando todos os que o desejarem, a participarem no almoço volante que a FAP lhes oferece a partir das treze horas. Esta excepção foi propositada, porque procuramos reunir todos os colaboradors depois de efectuarem a sua inscrição na CM, conforme os avisámos através da circular que distribuimos há dias. Assim manteremos e renovaremos o convívio entre os que participam na obra desta fundação.
Fernando, que nêsse dia era o moderador da reunião, disse:
- Passemos à proposta que Manuel Guedes tem para apresentar.
Manuel Guedes tirou da pasta várias folhas factilografadas e, depois de as distribuir pelos participantes na treunião, informou:
- Esta proposta partiu duma iniciativa da direcção no sentido de estabelecer mais fortes relações com as autarquias locais. Para que a acção da FAP junto das populações tenhas os melhores resultados, penso que todos estamos de acôrdo que devemos procurar a boa harmonia, a maior frequência, a maior franquezsa naquelas relações. Julgo que se elucidarmos os autarcas sem quaisquer convencionelismos ou segredos, ao fim de pouco tempo obteremos o seu apoio incondicional e inestimável. Daí a razão desta proposta, que aliás vem ao encontro do interesse que o presidente da cãmara revelou.
(continua)
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