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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 91 -

             O vice presidente não quis perder a ocasião para falar:
                      - Como disse o senhor presidente da câmara, também não acho possível entrarmos num sistema sem dinheiro. Por exemplo, como faríamos as importações?
                      - Lembro-lhe senhor vice presidente o que já referi: transitar para êste novo sistema não será da noite para o dia. Desde que se implante numa cidade poderá propagar-se a outras cidades e a todo o país. Estou convencido que em menos tempo do que demorou a adpção da moeda. - E Fernando continuou - Quanto ás importações, nesta fase terão de ser pagas com divisas. Porém, no programa dos governos futuros deverá constar certamente a industrialização do país no sentido de em Portugal  se produzirem mais e mais produtos semelhantes aos que se importam. Os países que adoptem o sistema de méritos terão as suas centrais de méritos e poderá  caminhar-se para uma central de méritos europeia ou mundial. Surgirá a imaginação e a criatividade suficientes para resolver os problemas das importações e exportações. Tal como sucedeu com as tabuinhas que os banqueiros fenícios usavam nos seus "bancos" que mais não eram que simples  bancos que levavam das suas  casas para a rua, e onde realizavam os seus negócios pagando  as importações e outros contratos. Nêsse século e nos seguintes resolveram-se os inúmeros problemas que surgiram.
              O presidente abanando a cabeça em sinal de discordância, disse:
                      - Mas nós importanos tudo o que queremos!
                      - Sim, nas não pagamos as importações sem o recurso ao crédito bancário nacional ou da banca europeia, uma das razões porque temos um "deficit" enorme e que será muito dificil de anular.
                      - Diga-me engenheiro Garcia, de que forma será possível um governo sem dinheiro?
                      - Os governos terão as suas tarefas muito facilitadas. As mentalidades, com as reformas do ensino, evoluirão de forma sigificatica. O desemprego diminuirá de modo acelerado.
                      - Explique-me êsse milagre.
                      - Explico-lhe pela industrializaão acelerada para a produção de tudo o que o país importa, salva algumas excepções. Pela diminuição do número de horas de trabalho, por uma maior consciência de todos os calaboradores em qualquer tarefa, com formação adequada e honesta, de forma que todos colaborem naquilo em que gostam de se ocupar, pela eliminação progressiva de todas as formas de corrupção e de muitos roubos e assaltos, pela melhoria progressiva da justiça.
              Durante mais meia hora Júlia e Fernando responderam à avalanche de perguntas feitas pelos visitantes. Que se despediram não muito convenccidos.
             No regresso. o presidente foi comentando a visita à FAP:
                      - Aqui há gato escondido, vocês não acham?
             Um dos vereadores, que nunca se tinha manifestado  na reunião, respondeu:
                      - Parece-me benemerência a mais. As indústrias que êles estão iniciando bem como as lojas e toda aquela história do comércio sem dinheiro... Êles disseram que vão iniciar a experiência na princípio de Setembro. parece-me, senhor presidente, que devemos marcar a visita dêles à câmara na primeira segunda feira dêsse mês, pensando bem nas perguntas a fazer. Ourtro mistério é a quantidade de dinheiro que êles obtêem e gastam naquela fundação, não acredito que tenham tamanha sorte aos jogos!
              O presidente, que parecia mais entretido a mirar o Tejo enquanto percorriam a ponte, disse:
                      - No próximo ano temos as autárquicas. Está-me cá a parecer que dali irão surgir candidatos. Quando nos vierem vosotar têem de se confessar.

                                                                XXXVIII

             O baptizado da Carolina, a filha de Júlia e Fernando nascida em Junho, foi marcado para o último sábado de Setembro. Na véspera, na reunião da direcção, onde participava  o chefe dos distribuidores,  Júlia disse-lhe:
                     - O senhor transmitiu o nosso aviso de que amanhã, desde as nove horas e até às treze horas, todos os distribuidores interessados poderão fazer a sua inscição na CM?
                     - Transmiti, senhora doutora.
                     - Como sabe, não gostamos de ocupar qualquer sábado com assuntos da FAP. Abrimos uma excepção  convidando todos os que o desejarem, a participarem  no almoço volante que a FAP lhes oferece a partir das treze horas. Esta excepção foi propositada, porque procuramos reunir todos os colaboradors depois de efectuarem a sua inscrição  na CM, conforme os avisámos através da circular que distribuimos há dias. Assim  manteremos e renovaremos o convívio entre os que participam na obra desta fundação.
              Fernando, que nêsse dia era o moderador da reunião, disse:
                     - Passemos à proposta que Manuel Guedes tem para apresentar.
             Manuel Guedes tirou da pasta várias folhas factilografadas e, depois de as distribuir pelos participantes na treunião, informou:
                     - Esta proposta partiu duma iniciativa da direcção no sentido de estabelecer mais fortes relações com as autarquias locais. Para que a acção da FAP junto das populações tenhas os melhores resultados, penso que todos estamos de acôrdo que devemos procurar a boa harmonia, a maior frequência,  a maior franquezsa naquelas relações. Julgo que  se elucidarmos os autarcas sem quaisquer  convencionelismos ou segredos, ao fim de pouco tempo  obteremos o seu apoio incondicional e inestimável. Daí a razão desta proposta, que aliás vem ao encontro do interesse que o presidente da cãmara revelou.
(continua)                                                                          

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