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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte -94 - autor Alberto Quadros

r             No fim da sobremesa a conversa continuava animada, os filhos não perdiam o interesse. Foi a vez de António pergunstar:
                       . Pai, o livro de história diz que a civilização grega era melhot que a romana, que nos deixaram muito mais, melhores obras, melhores construções, melhores e mais esculturas e muitas outras coisas em que os romanos, em mil anos, foram muito inferiores.
                       - É verdade. Mas uns e outros serviam-se de escravos que trabalhavam para seu proveito. Mais tarde, na idade média, como também deves ter aprendido, os senhores feudais eram servidos pelos servos da gleba, com algumas leis relativas ao trabalho e decididas só por êles, algumas bem piores que as dos gregos e as dos romano. Daí para cá, até ao século dezanove, a esvravatura manteve-se. Atenção, hoje ainda se mantem nalguns países, embora por vezes suavizada com algumas leis protectoras, leis que  têem a pretensão de mudar de forma mais branda o nome de escravos para o de trabalhadores. Nem sempre trabalho tão duro, é verdade, mas em muitos casos roçando a mesma condição. Nêste, como em muitos outros assuntos, é bom desfazer alguns mitos, referir e esclarecer a verdade dos factos.
            António, ainda bem desperto, fez nova pergunta:
                     - Oh pai, na fundação não há trabalho escravo? Ouvi a mãe dizer que há lá tipos que chegam a trabalhar, desculpa, o ocupar.se mais de doze horas num dia no que lá fazem!
                     - É mesmo onde eu queria chegar.É que nenhum dêsses tipos, como tu lhes chamas, ocupa doze horas num dia e numa tarefa, por obrigação. Julgamos que ali o faz por gõsto. Que gosta do que faz, tira  prazer, agrado e satisfação dessa actividade. Como nós, o teu pai e a tua mãe sentimos no que fazemos na fundação. Ganhamos na FAP o mesmo que ganhávamos , em escudos, na fábrica de acessórios. Contudo, na fundação ganhamos muito mais. A satisfação que obtemos com o que fazemos é muito maior, tem um valor muito maior que o do dinheiro que ganhamos. Valôr que não se pode avaliar em ouro ou em escudos, ainda não existe um um valõr comparativo, mas para nós tem um valõr incalculável, incomparável, é um valôr que não perdemos, não queremos perder. Ao fim de cada mês trazemos para casa o dinheiro nossos vencimentos. Podemos usá-lo bem ou mal, podemos ser mal compensados. Porém, ao fim de cada dia de ocupação na FAP, regressamos a casa com muito mais, com un contentamento especial, que nos faz vibrar por dentro, que nos engrandece a alma, porque sentimos que estamos lançando algo de novo, que pode melhorar a condição humana. É um valôr adicional  da nossa ocupação que ninguém nos pode roubar e que cada dia nos ajuda mais a vencer e suportar qualquer contrariedade que a vida nos pode trazer.

              Francisco encostava a cabeça ao braço, não resistindo  ao sono. António, ambora ainda algo atento, já pouco domínio tinha sobre as palpebras. Júlia, embevecida, amamentando Carolina, escutava Fernando e sorria-lhe meneando a cabeça em sinal de concordância. E disse:
                        - Fernando, querido, está na hora de levar os meninos para o vale dos lençõis, se quiseres continuaremos amanhã ou noutro dia. Olha que me interessa ter mais conversas sobre o que disseste.



                                                                      XL

            Dos 7500 beneficiados que se haviam inscrito para o novo sistema, poucos mais de 5000 confirmaram a sua intenção, no inquérito que os distrbuidores efectuaram até finais de Setembro. A maioria preferiu optar pelos depósitos de dez euros depois de receber a dádiva, na distribuição seguinte, em finais do mês.
            A fábrica de pão e derivados, ao fim dos seis primeiros dias de Setembro atingira quase metade da capacidade de laboração. A instalação da maquinaria para fabrico de massas alinentícias e derivados, terminaria em meados do mês, começavam a efectuar-se os ensaios necessários.
         
           Na primeira reunião da direcção, Fernando com grande entusiasmo , disse:
                           - A fábrica de pão vai de vento em pôpa, a ampliação está quase pronta, conhecemos o que temos vendido e facturado, em méritos, até hoje. Quase todos os dias provamos novos produtos derivados e ensaiam-se outros. Os resultados têem sido muito encorajadores. Proponho que iniciemos de imediatso a montagem dos outros pontos de vendas da FAP, para o que peço que a Júlia nos informe sobre as perspectivas e estado actual das nossas finanças.
                           - O saldo dos depósitos bancários em nome da central, tem aumentado todos os dias. Êste saldo permite que os novos investimentos propostos por Fernando, avançem sem qualquer incómodo: as despesas estão calculadas e podem ter luz verde. - E Júlia acrescentou - Entretanto parece-me que devo rever o preço do pão, preço que está muito baixo. Não havendo dúvidas e seguindo a ordem do dia, o Manuel Guedes vai apresentar-nos uma proposta.
                           - O problema dos roubos aos distribuidores tem-se mantido, embora bastante atenuado - e o Guedes continuou - brevemente teremos um escritório na zona central da cidade, que seervirá de base para a actuação dos nossos distribuidores na margem sul do Tejo. Propomos que êsse escritórios possa também ser utilizado para a entrega dos donativos. A cada um dos beneficiados, não inscritos na CM, poderemos entregar um cartão com banda magnérica de identificação, cartão que o serviço  de informática emitirá. Êsse escritório terá um leitor digital e leitor de cartões. O beneficiado irá ali identificar-se e receber o seu cartão.                    
(continua)

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