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terça-feira, 24 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 95 -

                 Aprovada a proposta, Júlia disse:
                           - É a tua vez, Laura.
                           - Todos temos conversado sobre a boa disposição, o gôsto, o prazer que sentimos, no que aqui fazemos. Não sabemos ainda o que sentem os distribuidores sobre a sua actividade , sobre o emprego que aqui têem. O Manuel Guedes disse-me que muitos dêles lhe comunicam o mesmo: que saem para as suas casas no fim do dia, mais bem dispostos do que quando aqui chegaram de manhã. Que nunca tiveram um emprego que lhes desse maior prazer, "et cetera". Não sabemos avaliar a sinceridade com que o dizem, estão a falar para o chefe ou para um de nós, é provável que ainda tenham algum reeceio de perder esta sua ocupação, muitos ainda sofrem do trauma provocado pelo despedimento do último emprego. O que não temos a menor dúvida é que, se são sinceros, êsse será o estado de espírito ideal. A minha proposta é que contratemos dois ou três jornalistas isentos. Que, por exemplo, poderão ser indicados pelo director do jornal do norte que nos visitou há pouco tempo. Fariam aqui entrevistas com perguntas do género "que preferiria, o emprego que têem  ou outro igual ou melhor na remuneração, que outro trabalho preferiria dentro ou fora da FAP. Entrevistas em todos os sectores da FAP, que poderiam ser publicadas naquele jornal e que nos serviriam para avaliarmos o ambiente que se vive na fundação e para corrigirmos, se necessário, as nossas directivas. Venho portanto propôr que se iniciem desde já essas entrevistas, convidando tâo breve quando possível,  os jornais e os jornalistas que se interessarem.
                 Houve concordância geral. E o Manuel Guedes acrescentou:
                        - Julgo haver concordância, entretanto ainda sugiro que nós, os da direcção, continuemos a fazer as nossas sondagens sobre o mesmo tema.
                 Ao que Fernando respondeu:
                        - Concordo. E apresento mais outra proposta, em complemento: que nessas sondagens se faça a pergunta relativa às férias. O nosso centro de investigações, tal como foi decidido, encontra-se em actividade. Iniciou-se como sabem, pela investigação do que podemos fabricar  com farinhas de cereais, Contratámos um investigador de renome internacional e dois auxiliares, além dos colaboradores necesários para a fábrica. Para fecharmos esta reunião, existindo concordância para as propostas apresentadas, finalizo lembrando-vos que na segunda feira teremos a reunião na câmara na margem sul do Tejo.

                                                       
                                                                    #####

                  Não poderemos no nosso país acabar com a pobreza? Não poderemos no nosso país, organizar a distribuição duma parte da riqueza que entra nos cofres de Estado? Porque não nos reunimos para que se discuta e encontre êsse caminho?
                  Portugal não necessita de couraçados, nem de subsidiar a inactividade de todas as mulheres e homens que ainda têem capacidade e vontade de ser úteis.




                                                                      LXI

                 Quando a direcção da FAP foi recebida pelo presidente da autarquia na margem sul do Tejo, estavem também presentes seis vereadores.. Depois dos cumprimentos da praxe, o presidente iniciou o diálogo:
                          - Senhores directores da FAP, estamos aqui reunidos para, de acordo com o que combinámos, procurarmos definir e estebelecer uma forma do colaboração da autarqia com a fundação que os senhores dirigem. Primeiro proponho que nos respondam a algumas perguntas sobre a actividade dos trabalhadores ao serviço da fundação, nesta zona.. Depois escutaremos as vossas questões.
                Os directores  e sub-directores da FAP presentes concordaram e o presidente iniciou as perguntas:
                        - Quantas pessoas trabalham actualmente  da fundação?
               Júlia, e os seus coompanheiros, abriam os "dossiers" que haviam preparado para a reunião, nos quais figuravam respostas para as perguntas mais prováveis. E respondeu de imediato:
                        - Contando connosco, a FAP tem no presente cento e vinte e oito colaboradores ao seu serviço, sendo cêrca de sessenta por cento do sexo femnino.
                        - Quantos ganham o salário míniimo?
                        - Nenhum. O mínimo que usufruem os nossos colaboradores é de cem contos por mês.- disse Júlia.
                       - Se não é segredo, quanto ganham os directores?
                       - Não temos segredos, poderemos tê-los no futuro e resultantes das nossas investigações. O vencimento actual dos diretores é de setecentos e cinquenta contos, valòr que declaramos para impostos e contribuições para a segurança social.
                      - Na acção de distribuição de dádivas, quantas pessoas beneficiaram e baneficiam agora, com que frequência o fazem e que valôr entregam de cada vez?
                      - Os beneficiados recebem entre trinta e cinquenta contos por mês, os valôres mais altos para os que não têem outros rendimentos, nem recebem sequer o mínimo que o Estdo entrega actualmente. Até hoje beneficiámos cérca de quimze mil habitantes dêste concêlho.
(continua)   
                                               

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