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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 101 -

                        - Essa experiência que estão iniciando quem a faz?
                        - Foi iniciada por colaboradores nossos e depois por beneficiados pela fundação, de forma volluntária, como não poderia deixar de ser. Podemos passar ao gabinete onde instalámos a central de méritos e observar como tudo se processa.
             Junto à central de méritos, instalada numa divisão contígua ao restaurante, encontrava-se a Fernanda Conceição, a colaboradora contratada para controlar a CM.
             Fernando esclareceu:
                       - Esta cenral, a CM, tem como complementos o equipamento restante que estão vendo: um computador, um "ecran", uma impressora, um arquivo e uma secretária. Esta máquina, a CM, pouco maior que o computador é o coração da central, Há ainda êste leitor digital em tudo sumelhante aos que vimos em Xangai, leitores que já existem e funcionam no restaurante e no ponto de venda  em Almada. Se não há dúvidas, estamos na hora do almoço, passemos ao nosso restaurante.
            Depois de escolhidos os pratos passaram pela caixa. Fernando, dirigindo-se ao leitor digital, disse para os dois jornalistas:
                      - Reparem agora. Êste nosso colaborador, senhor Pedro Silva,  regista as refeições escolhidas, recebe o valor respectivo em dinheiro ou, através do leitor digital recebe êsse valôr em méritos. Êle acaba de registar o valôr das nossas três refeições, vou colocar a minha mão no leitor digital e, se olharem para o mostrador do leitor digital, aparecerá escrita a frase "autorizada a despesa de quatro euros e meio", saindo uma factura com êsse valor. Se eu quiser saber o saldo da minha conta na central, carrego na tecla da consulta de saldos, apresento de novo a minha mão ao leitor digital, o que estou fazendo e eis aqui o papelinho com o meu saldo em méritos hoje, a esta hora.
            Durante o almoço Fernando explicou com mais pormenores as funções da central de méritos. Tomando café, o jornalista António Lourenço, disse:
                      - A nossa sociedade está baseando a vida no emprego, por consequência no trabalho. A maior parte do emprego é conseguido em empresas particulares. No caso desta fundação, os trabalhadores têem tanta segurança que em qualquer empresa?
                      -  Senhor jornalista Lourenço, todos os que aqui trabalham para a obra da fundação, são colaboradores, não são trabalhadores, são como cooperantes activos, beneficiando de remunerações suficientes para uma vida digna. Pensamos que num futuro não muito longínquo os benefícios possam ser melhorados. Raríssimos são os descontentes, penso que cada mês que passa, o seu número dimini. O milagre dos prémios obtidos pela fundação permite-nos uma situação desafogada. Porém, o nosso principal objectivo é mantermos o mesmo nível de despesas suportadas por receitas próprias e, no futuro, ficarmos independentes de prémios ou de ganhos em jogos.
                      - Mas não estarão, como todos nós estams, sujeitos às crises?
                      - Ponderámos bastante êsse problema. Desde a primeira grande crise, ocorrida na Inglaterra nos princípios do século dezoito, até à grande crise aque começou em mil novecentos e vinte e nove e em todas as minicrises que ocorreram desde aquele século até hoje, quem foi sempre mais prejudicado? Foi o Zé Povinho. Quando falamos em crises, um amigo meu diz que os pobres ficam na miséria e ainda mais pobres e os ricos ficam mais ricos ou perdem tudo e suicidam-se. Esta fundação prucura evitar a miséria dos primeiros e, no futuro, tentará evitar as especulações dos segundos. Contribuir por conseguinte que as crises sejam cada veszs mais raras, que as bolhas económicas dos mercados financeiros sejam detectadas logo de início e diminuam sem rebentar.
                    - Sem querer insistir muito, até onde poderá ir esta vossa experiência se os resultados fôrem animadores?
                    - São tão animadores que estamos pensando numa nova fase da experiência Por outro lado, temos sinais positivos de colaboração das autarquias vizinhas. Entretanto continuaremos devagar, esperamos um maior apio por parte do governo, um maior interesse dos políticos. iremos, no futuro, tentar suavizar os problemas relativos ao dinheiro. Senhores jornalistas, ao  contrário do que deveria ser e do que a maior parte da população julga, o dinheiro sempre  tem sido um meio em que não se pode confiar. O homem há milhares de anos tem sofrido uma propaganda fortíssima para que possa confiar nêle, no dinheiro, como um meio decente e honesto, que sirva como meio de troca do seu trabalho ou dos seus bens, e convencendo-o que não está sendo ludibriado e que recebe um valôr semelhante, traduzido em moedas, notas ou crédito, na sua conta bancária. Poucos dias e às vezes poucas horas depois, verifica, se sabe verificar, que quando levanta o que depositou fica com menos que o que depositou no banco, em poder aquisitivo. Recebe a mesma moeda ou notas, mas não pode adquirir o mesmo que na altura em que o depositou. É portanto ludibriado - com isso a que se chama inflação - com os juros, com as promessas de lucro, com outras promessas. Se entrega um valôr e recebe menos valôr, é ou não ludibriado?
                    - Mas é possível acabar com a inflação?
                    - Possível seria. Mas nenhum governo o conseguirá porque todos os governos sabem que é um imposto muito disfarçado, que se aplica e que ninguém refila porque não é anunciado nem explicado. Dizem: "a inflação no ano passado foi de tantos por cento", nunca dizem que se aplicou outro imposto dêsses tantos por cento, Mais: quando anunciam o valôr da inflação no ano anterior, êsse valõr anunciado é sempre inferior ao valôr real, com uma diferença que se situa, segundo consta, entre dois e meio a três e meio  por cento a mais que o declarado oficialmente. Portanto, além de ser um impôsto camuflado, é uma impôsto de valôr maior que o aninciado para a inflação.           
(continua)

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