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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 87 - autor: Alberto Quadros

                                                                          XXXVI

                    Por consenso da direcção foi decidido começar a experiência do novo sistema, no mês de Agôsto. Foram entregues aos distribuidores as normas e instruções que orientariam a selecção dos indivíduos que participariam na experiência. Deveriam ter o mínimo do nono ano de escolaridade e  revelar forte interesse na sua colaboração. Como era norma sempre aceite por todos, a selecção far-se-ia sem qualquer preconceito, sem considerar a religião, qualquer deficiência ou diferença física. Cada distribuidor, na sua zona de acção, procuraria angariar até cem pessoas entre os beneficiados da FAP, incluido todo o agregado familiar na sua dependência ou com eles cohabitando, anotando diversos elementos, situações e características de interesse para a experiência. As perguntas mais importantes versariam sobre os artigos consumidos pelo agregado familiar - quer os essenciais, quer os supérfluos - que artigos consumiam nos fins de semana e noutros tempos livres. Ainda indagariam a que fim destinariam o pouco dinheiro sobrante.
                  Nesse mês de Agôsto, na última reunião da direcção, o chefe da distribuição José Marques, apresentou o resultado dos dados adquiridos para a experiência, trabalho baseado num programa de análise de dados que o responsável pela informática da FAP obtivera.
                  Fernando, que já conhecia aqueles dados, recomendou:
                           - Poderão verificar, nos dados conseguidos sobre as famílias que participarão na experiência, que artigos serão mais adquiridos para a alimentação, vestuário e calçado. Em termos de valores, a estatística resultante mostra-nos  que a alimentação consome em média, noventa por cento dos recursos dos agregados familiares. Entretanto estamos preparando o projecto da fábrica para fornecer o ponto de venda de pão e derivados. Procuraremos no futuro, que todos os artigos que não fabriquemos, sejam pagos aos fornecedores com méritos que estes utilizarão nos nossos pontos de vendas ou com dinheiro.
Os distribuidores obriveram também vários outros dados sobre essas famílias: outros rendimentos em dinheiro, que obtenham, qual a sua proveniência, que poupança conseguem, como se deslocam durante a semana, a que actividades se dedicam, quais as abilitações que possuem, em particular se têem alguma formação especializada, se frequentam ou frequentaram algum curso de formação. Por último, uma pergunta obrigatória: que responderiam à hipótese de passar a viver  sem dinheiro, explicando-lhes como funcionará tal sistema. Esta última pergunta foi a que levantou mais dúvidas e confusões e na qual os distribuidores despenderam mais tempo. Consegui-se seleccionar um conhunto de quatro mil e dez famílias, ainda que cerca de dez por cento só de uma pessoa. E assim temos, seleccionados para a experiência, quatro mil e dez beneficiados que, com as famílias respectivas, representa um conjunto de sete mil quinhentos e oito indivíduos.
                    Laura, depois de olhar para as folhas do relatótio distibuido, disse, dirigindo-se a Fernando:
                             - Tens um plano pronto relativo à experiência?
                             - Ser-vos-á entrgue na próxima reunião. A primeira proposta é que iniciemos o fabrico de pão assim que terminemmos de equipar a o ponto de venda, a padaria. Nesta próxima semana o refeitório receberá pão da fábrica e poderemos iniciar a sua venda. Discutiremos os pormenores na nossa próxima reunião.
                             - Para quando prevês o início da experiência?
                             - A central de méritos, a CM que adquirimos, já foi testada e começou a receber e fornecer dados relativos aos nossos colaboradores. Os leitores de impressões digitais também se encontram a funcionar e no futuro faremos o acoplamento dos leitores de imagens. Este é o mesmo sistema que se encontra em funcionamento em mais de mil lojas e restaurantes de Xangai, sistema que substitui o sistema de pagamentos por cartões de crédito, através das impressões digitais dos compradores. O sistems revelou-se seguro a cem por cento. Vamos iniciar a recolha dos dados individuais na próxima semana.
(continua)        

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