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domingo, 15 de abril de 2012

Folhtim - Sonho de sorte - 86 -

                                                                    XXXV

                  A transição para este novo sistema económico não se fará em poucos dias nem talvez em poucos anos, Terá de haver uma reforma das mentalidades mais e mais profunda, uma consciencialização generalizada das novas gerações que implique diferentes atitudes dos governantes. Será fundamental que êstes sejam cada vez mais independentes do poder económico, cada vez mais abertos a experiências semelhantes à que a FAP inicia, cada vez mais sensíveis à verdadeira solidariedade. As consequências traduzir-se-ão pelo interesse e lutas permanentes pela diminuição da indiferença perante a pobreza, que grassa no presente por todo o país, por todo o mundo. Conduzindo, entre outros males, a resultados enganadores nas consultas eleitorais.
                 Os problemas actuais da saúde, da educação, da habitação, da justiça e da economia, revelam bem o desinteresse dos governos, embora a propaganda camufle com maior ou menor habilidade,  os  resultados fracos dos programas adoptados. Não parece haver quem de verdade se interesse pelas situações de miséria, a propaganda realça-as nos planos a realizar mas pouco ou nada mencionando os resultados reais. Da miséria física, da miséria intelectual. Misérias que o desinteresse dos governos agrava de forma sistemática.
                 Quem se interessa de verdade pelos problemas do ensino? "Porque nada é mais molbilizador do que o pensamento" *. Mais uma vez constatamos, no nosso e em muitos outros países, que o mal do dinheiro se impõe ao interesse intelectual. Não há, nos programas de ensino, um interesse profundo pela capacidade de pensar. Segundo alguns dizem há um milhão de pobres em Portugal, nos limites da pobreza de subsistência. Serão talvez mais de cinco milhões de pobres de intelecto, que passam na vida sem interesse, sem saber por quê. Basta referir que poucos jornais ou revistas ultrapassam os cem mil exemplares, em Portugal. Primeiro: a economia, o "deficit", o produto bruto nacional. E porque para resolver o "primeiro" - que, dizem começar-se-á a resolver lá para os anos vinte ou trinta dêste século, não se pode atender às segundas - a educação, a pobreza, a justiça -, continuamos escravos do dinheiro tentando resolver o "primeiro", não conseguindo pegar nas "segundas".
                Em tempos de crise, quem resulta mais beneficiado com a crise, quem tem  o maior apoio dos governos para minorar os seu prejuizos?  A mesma resposta sempre se verificou: são os que usufruem de maior poder económico. Embora alguns não resistam e se suicidem do alto dos seus arranha-céus, a maioria engrossa as suas contas bancárias,  passada ou até  durante as crises. As crises do tempo de Napoleão, as dos séculos dezanove, vinte  e a actual, bem o confirmam.
                
               O novo sistema económico a experimental, sob a orientação da FAP, irá eliminando as dificuldade que decerto surgirão. O sistema monetário internacional levou séculos tentando aperfeiçoar-se e veja-se a que conduziu o mundo.Com o lucro, e especulação económica protegidos pelas leis de todos os países, na actualidade e  com a corrupção que a justiça pela sua burocracia ou outra causas não consegue impedir e vencer. Êste sistema monetário vigente no mundo actual, com ligeiras variações de país para país, parece proteger mais quem mais tem e menos quem mais carenciado. Jamais evitou o aparecimento das crises e dos desastres financeiros e das micro  e macro economias.
               Se a experiência da FAP  ou outra que alguém mais iluminado engendre com o mesmo objectivo, resultar, é provável que se estenda por todo o nosso país, propagando-se para outras zonas do mundo. Centrais de méritos em todos os países permitirão e facilitarão as  trocas comerciais.

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                 Se os governantes passarem a ser verdadeiros profissionais da política, não actuarão como diletantes que se prepararam à pressa lendo meia dúziade resumos de política tipo "As quarenta leis do poder**, obtendo títulos sonantes de bacharelatos medíocres conseguidos com passagens mais ou menos administrativas, em universidades de qualidade de ensino duvidosa.
                Com verdadeiros profissionais políticos será possível que um bom ministro continue à frente do mesmo ministério, em nova legislatura ainda que o seu partido tenha perdido a eleição e outro partido nomeie o novo governo. A ideia njão é original, já aconteceu noutro país e estamos convencidos que poderá voltar a acontecer. Talvez daqui a alguns anos, esperamos que não muitos. Quando quem votar  não participe da indiferença geral que agora existe. Que desaparecerá quando surja uma geração de cidadãos que votem depois de pensarem, que exijam bôa informação, que  conheçam bem o "curruculum" dos candidatos, que êstes não lhes sejam apresentados como eleitos consumados. Que os cidadãos votantes pensem pela própria cabeça, elevando o seu interesse pelo país, sempre maior que o interesse pelo partido, pelo seu grupo ou pelo seu clã.
                Será difícil. Levará o seu tempo, o tempo que quisermos. Mesmo difícil e em menos tempo desde que as mulheres e os homens consigam transmitir a experiência, a bondade e a sabedoria.
(continua)
                     
* Segundo Vivian Forrewster no seu livro "O horror económico"
** de Robert Green,editora Vicking Penguim, 1942

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