Manoel Guedes perguntou:
- A fábrica produzirá tudo isso?
- Sim e até um ou outro produto novo. Ou produtos antigos e conhecidos, com aperfeiçoamentos.
- E registamos patentes dos novos?
- Estão já patenteados alguns em Portugal, vamos registá-los em muitos outros países. Não nos podemos atrasar com esses cuidados.
- Como faremos a comercialização?
- Aceitaremos representantes em todas as cidades segundo contratos a defenir pelo contencioso da FAP. Para os nossos colaboraddores que participam da experiência sem dinheiro, o preco será o preço de custo. Nas vendas aos que não participem naquela experência e nas vendas aos representantesa, teremos lucros que contribuirão para as receitas da FAP, como projectámos.
Júlia, que moderava a reunião, anunciou:
- Passemos ao último ponto: a acção movida por um autarca deste concelho acusando a FAP de várias trangressões à lei, envolvendo a judiciaria no caso e mobilizando sindicatos.
- Com que fundamento?
- Fernando, o nosso contencioso está preparando a defesa. O doutor Meireles tomou conhecimento da queixa e das acusações dos sindicatos.
- De que nos acusam?
- Na judiciária, o autarca apresentou uma queixa sobre a proveniência duvidosa do financiamento da FAP. E os sindicatos apresentaram a cassete do costume: exploração dos trabalhadors, propaganda contra os sindicatos, horários de trabalho desumanos, irregulridades na contratação, etc..
- E tèem alguma razão?
- Penso que é possível havermos cometido alguma falta. Por agora o doutor Meireles disse-me que tudo está em ordem. Mas, com a legislação, que sai em catadupas...
A vereação da cãmara encontrava-se reunida há duas horas. O presidente, aproveitando o cansaço dos vereadores, guardara o ponto mais melindroso da agenda para o fim da sessão a fim de evitar demoras e perguntas indiscretas ou comprometedoras. A asctividade da FAP no concelho causava-lhe engulhos, sempre sentia má disposição por tudo o que não podia controlar nos seus domínios concelhios. No que era secundado pela maioria da vereação, afecta ao seu partido político. Umas dezenas de colaboradores da FAP, distribuindo folhetos, fazendo intquéritos e obtendo dados sobre milhares de cidadãos da zona, parecia-lhe, no seu entender, constituir uma ameaça para as próximas eleições que se realizariam daí a pocos meses. As conversas de café, os mexericos dos contumados lambebotas e os protestos de vários comerciantes - que viam grande parte do comércio desviar-se - actuaram como provocaçoes, o que justificou uma proposta do presidente. Proposta que visava a intervenção da polícia judiciária e da inspecção das actividades económicas.
Aprovada a proposta, os ofícos respecticvos foram enviados para os ministérios da economia e da administração interna. E o aviso da data das inspecções, enviado pelos ministérios, havia provocado a intervenção de Júlia na última reunião da direcção:
- Tudo parece estar dentro da lei no que toca ás nossa obrigações na administração, relações com a assistência social e todas as formalidades burocráticas a que somos obrigados. Por isso aguardamos com serenidade essas inspecçoes, nada temos a esconder, receberemos esses cavalheiros com a atenção que merecem.
- Correm alguns boatos entre os distribuidores, o mais grave dos quais é de que os seus empregos podem estar ameaçados. Segundo apurei, a fonte de tais boatos parece residir na cãmara municipal.
- Fernando, qual tem sido a reacção dos distribuidores?
- Em geral não têem aceitado, têem repudiado esses boatos. Poucos, estou convencido, os que , sendo abordados, não o referiram nas reuniões semanais.
- Parece-me que a melhor atitude a aconselhar aos distibuidores é de que aos boatos respondam relatando o que fazem na FAP, recomendando aos boateiros que se dirijam a alguns dos benficiados e indaguem o que queiram. Aqui a verdade, como quase sempre, é a melhor arma.
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Se o leitor chegou até aqui na leitura, mais uma vez lembro que não trato de escrever um romance ou uma novela. Nem sei como classificar êste livro. Sei que pretendo demonstrar a teoria de que será possível a humanidade viver mais feliz se conseguir liberta-se das garras da pobreza e do dinheiro. No tempo em que êste impera, como se refere nas primairas páginas deste livro, há países -mas tão poucos!- onde quase se venceu a pobreza. Erradicá-la onde existe, será considerado, por alguns uma tarefa inglória, motivo de chacota por outros ou provocará incómodos difíceis de suportar, em terceiros. Porém, ao contrário de tantos problemas que as circunstâncias trazem ou ocasionam para a humanidade, sobre a possibilidade de acabar com o dinheiro, quase sempre chamado de vil metal, nada de relêvo se tem escrito, discutido ou conseguido. Nem consta que tivesse sido assunto de conferências, muito menos de congressos, entrevistas na rádio, nas televisões ou qualquer ou noutra forma de comunicação ou de discussão pública. Os economistas com obra publicada,nada referem ou têem sequer aflorado, até hoje. Em toda a bibliografia que os catedráticos de economia aconselham aos seus alunos, nem uma linha aparece dedicada a tal possibilidade. Desde John Stuart Mill - com as suas lições sobre o controle e valor do dinheiro - a J:M:Keynes - com o seu "Tratado sobre a moeda"-,a John Kenneth Galbraith - com o mirabolante "O dinheiro, donde veio , para onde foi" e o paradisíaco "A sociedade da abundância", até aos mais modernos economistas, nem uma crítica, nem um comentário, nem uma palavra sobre o que aconteceria na vida dos terráqueos se um dia um poder supremo decretasse a extinção da moeda e do papel moeda.
(continua)
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