- Mas como?
- Deixem-me que explique o sistema. Consiste na adopção dum valôr para cada bem ou serviço expresso em unidades que, por agora chamaremos méritos. No presente, para todos os bens e serviços existem tabelas ou listas de valôres expressos na moeda corrente. O mesmo se poderá passar com os méritos. A diferença, a grande diferença, residirá no seguinte: os méritos não circularão entre as pessoas ou entre as pessoas e as lojas, os bancos, etc., tal como acontece hoje, nos princípios do século vinte três, com o dinheiro. Os méritos circularão apenas entre as pessoas e a central ou banco de méritos. Preferimos chamar-lhe CM, ou central de méritos ou BC, banco de méritos. Preferimos chamar-lhe CM porque nêste sistema os bancos não serão necessários e para evitar confusões.
O presidente da câmara, bem como os outros visitantes, manifestava incredulidade, na expressão. E interrompeu a explicação de Júlia:
- Diga-me como evitarão que as pessoas utilizem dinheiro. Isso não será ilegal?
- Senhor presidente, trata-se duma experiência, não se trata de qualquer imposição, trata-se de experimentar um sistema que se pretende instalar sem pressas num grupo de pessoas seleccionadas, escolhido entre os beneficiados e os que colaboram na FAP. Que o aceitarão e adptarão ou não, sem qualquer coacção. Funcionará de forma seguinte: cada ponto de venda terá um emissor que transmitirá para a central a impressão digital de um ou mais dedos de quem pretender adquirir um artigo . De igual forma transmitirá o valôr dêste, em méritos. A central, em poucos segundos, dará resposta, autorizando ou não, a transacção, de acordo com o saldo em méritos que o interessado possui. O sistema funcionará de forma semelhante ao utilizado na actualidade com os cartões de crédito e de débito. Êste sistema evitará roubos, tornará desnecessário a existência de bancos, não haverá necessidade de dinheiro nos bolsos ou na carteira, nem de cartões. A grande diferença em relação aos cartões de crédito, reside no facto de que, cada pessoa, nas transacções de bens ou de serviços, só trata com a entidade fornecedora e, se o desejar, com a central de méritos. E tudo se passa de forma semelhante à da utilização dos cartões de crédito: em ambos os processos não há, não haverá dinheiro em circulação.
- Doutora Júlia, se em vez de escudos temos os méritos, não vem tudo a dar na mesma? Com os cartões de crédito também não precisamos de dinheiro, mas não podemos elininá-lo! Além de que , em muitas profissões, os profissionais não aceitam ser pagos todos pela mesma tabela.
- Senhor presidente, as trasacções por méritos eliminarão os cartões como antes referi, e com grandes vantagens sobre êstes. Peço-lhe que se situe um pouco no futuro, Êste sistema não se implantará em pouco tempo, os grandes beneficiados pelo sistema actual, que usa o dinheiro, procurarão evitar por muitos meios, que o novo sistema se estabeleça e que se propague. A introdução da moeda, há cêrca de três mil anos, também demorou a seu tempo, também teve os seus inimigos.
- No futuro não haver dinhero? Não me parece possível.
- Quando lhe falo no futuro, penso na evolução do espírito humano, no gôsto pelo conhecimento, na preocupação de cada indivíduo pela sua formação intelectual e com a formação dos seus filhos. Muitos, quase todos sabemos que quanto mais cedo uma criança é educada no sentido de aproveitar a curiosidade inata que toda a criança tem, melhor se forma - e quanto ainda hoje é contrariada! Que toda a criança tem no sentido de ansiar e conhecer o que o mundo lhe oferece desde que nasce, de tudo o que lhe surje e é desconhecido. Ajudando-a nêsse sentido, mais completo fica o seu espírito, ainda mais curioso vai ficando, mais apto fica para a iniciativa e para a criatividade. O que tenho a certeza que todos os presentes têem verificado nos seus filhos ou nos filhos de outros. Só conheço excepções no caso de crianças deficientes. E nestas também há excepções!
(continua)
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