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sábado, 10 de março de 2012

Onde está a crise

          Estamos quase a ficar tesos, ai filha não sei onde vamos parar, nunca vi isto assim, tudo tão barato, tão barato e não posso comprar nada, tudo lindo, tudo lindo, mas então tu não vês,Teresa, que as coisas são mesmo assim, quando tudo está caro não podemos comprar porque o que temos na carteira não chega, quando tudo está barato não podemos comprar porque não temos nada na carteira.Olha filha, o que interessa é não passares fome, pois é mas aquelas roupinhas que eu queria comprar essas estão caríssimas o quê? umas cuequinhas só custam cincdo euros pois é mas eu não tenho cinco euros pr 'ás cuequinhas, não sei se me compreendes olha o que o meu marido me dava todos os fins de semana agora dá-me o mesmo ao fim do mês e êle ainda me diz, o safardana, que é a crise, que é a crise, inda outro dia lhe vi o bilhete para o jôgo do Benfica, cincoenta euros, acreditas?mas eu vejo aquela velhaca do segundo esquerdo todos os dias traz uma camisa novinha pois é filha já sabes onde ela arranja essas lecas, ela também tem um marido teso mas que anda sempre bem vestido, de gravata e tudo, tenho impressão caquelas mãos nunca conheceram um calo eu bem oiço tocar a campainha daquela porta hora sim hora não e são sempre homens, até parece quela tem assinatura não sei filha o que sei é queu gostava de saber o quela faz não sejas ingénua Alice repara que todos os marmanjos que lhe batem á porta tem mais de sessenta ou setenta anos outro dia até me subi no elevador com um que já tinha idade para ser pai do meu avô e quentrou no segundo esquerdo já lá não estava o marido. Ora filha, o homem dela não pode estar todo o dia em casa.

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