Ainda não encontrei alguém, com mais de quarenta ou cincoenta anos(ou de 60, 70, ou 8o), que não diga, referindo-se ao seu tempo de vida, que não diga "parece que foi ontem", "que depressa se passou o mês", "ainda foi ontem que me casei e já se passaram trinta anos (ou 40, 50,60)". E todos dizem também, quando têem dez, quinze anos ou outra idade da juventtude:"que depressa se passaram as férias" se estão a acabá-las, "nunca mais chegam as férias", se faltam poucos dias para que terminem as aulas. Resumindo: o tempo para todos nós passa de forma diferente conforme a época, as circunstâncias, a disposição, os humores, a idade de cada um por onde passa o tempo. Porquê? Como suavizar essa acção desgastadora do tempo, como evitar o pessimismo resultante, qual a forma de que essa análise não nos mortifique, não nos deite abaixo nas nossas esperanças de vida , não contribua duma maneira negativa para nos mostrar um futuro mais negro?
Vejamos se conseguimos descortinar o que se passa.
Com o aumento da esperança de vida - li há poucos dias que os que estão nascendo agora, poderão viver até aos quatrocentos anos - tem aumentado a quantidade de indivíduos "dums certa idade", que passam uma grande parte do dia estacionados nos bancos da rua ou dos jardins, apáticos, inertes, ainda que acompanhados por amigos ou familiares, não conversando, não discutindo, não contando nada nem sequer uma anedota. E em casa decerto que passarão mais umas quantas horas do mesmo dia, sem comunicar, igualmente apáticos, inertes, resumindo as palavras que soltam às ligadas aos actos e procedimentos obrigatórios de todos os dias - vestir-se, calçar-se, sentar-se à mesa e comer, algumas palavras de circunstância, dar os bons dias, boas tardes, boas noites, despir-se, etc..Êsse tempo de inércia cerebral durante o dia podem ser, pelo relógio, oito dez quinze ou mais horas. Se somarmos às horas de sono, aí encontramos uma das razões porque esse dia passa depressa para quem assim ocupa o tempo. E isso agrava-se porque o cérebro parece-se a um músculo, se não se usa, trofia-se. E quanto mais idade tem o indivíduo que vai nessa vida, mais horas diárias tem de inactividade cerebral.Parece-nos então lógica a conclusão de que, quanto mais activa o uso do nosso cérebro, mais consciência temos do tempo que passa, mais nos convencemos que o tempo passa mais de acordo com o relógio. E mais nos convencemos que estamos preenchendo melhor, mais intensamente a nossa vida.
Procurarei especular um pouco mais sobre isto. Será que podemos discuti-lo?
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