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quinta-feira, 29 de março de 2012
Folhetim - Sonho de sorte - 71 -
XXVIII
Cada um dosdirectores e dos colaboradores da FAP que exerciam a sua missão na sede, participavam pelo menos uma vez por mês, na distribuição, por acordo aceite desde que a fundação existia, acordo que Júlia e Fernando haviam difinido no fim do ano anterior e que constava dos regulamentos, Desde os directores até ao colaborador menos qualificado, cada um , pelo menos uma manhã por mês, acompanhava um distribuidor.
À saída da reunião e depoisde se despedirem do assessor da presidência da república, Fernando comentou:
- Êste senhor ficou bem impressionado. Temos que aproveitar a embalagem e saber através do nosso amigo Morgado, se o presidente aparecerá na inauguração.
Júlia e Fernando trocavam sempre opiniões após as reuniões. Nunca guardavam segredos, jamais haviam tido discussões sem finalidade ou apresentavam críticas sem fundamentos. Durante os meses de namoro, enquano aumentava a intimidade entre ambos, aumentava também o prazer de Fernando pela forma direecta, incisiva e enérgica de argumentação de Júlia a favor de certezas que trivesse sobre o que quer que discutissem. Na mesma proporção, ela tinha sempre suportado e compreendido os desentendimentos, desinteligências e fraquezas manifestadas pelo namorado, contrabalançadas e bem compensadas pelo carácter, pelos sinais indeléveis e positivos da sua personalidade e pela integridade profissional. Jamais terminavam uma discussão com um "depois se verá" ou um "logo se vê" ou outras expressões que é frequente vermos empregues para adiar, protelar uma conversa ou como forma airosa de mudar de assunto.
Pelo que Júlia lhe respondeu:
- Querido, não nos devemos servir da amizade do Morgado para espiarmos seja o que for na presidência da república. Aproveitemos bem a embalagem, como disseste, mas apenas para intensificar a nossa correspondência com aquela instituição e em partucular enviando para o assessor do presidente, cópia da acta da reunião que tivemos e todos os elementos de estatística que possamos reunir sobre a acção da FAP, sem esquecer os convites referidos.
Fernando, que há muito se habituara a ser directo e incisivo, continuou:
- Júlia, de acordo. Essa missão caberá aos servips administrativos, espero que tal correspondência comece a sair dentro em breve. Por hoje termos a nossa missão cumprida, é tempo de regressaumos a casa, se não estou errado tens uma consulta marcada para as seis da tarde, vais no teu carro ou queres que eu te leve?
- Sim, leva-me deixo aqui o meu, amanhã virei contigo. Queres assistir à consulta? Talvez possamos saber se será uma rosa ou um jasmim, o que vai crescendo nesta barriga.
- Se fôr uma rosa proponho-te o nome de Carolina, se é um jasmim, proponho o nome de Jorge. Mas não te precipites mamã, temos em casa o borda d'água para escolhermos e resolver esta discussão.
- Que engraçadinho que é o meu maridinho...Olha, olha, não atropeles êsse polícia!
- Quando é que um polícia me fez desviar os olhos de ti?
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