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domingo, 4 de março de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 50 - autor Alberrto Quadros

                                                                        XVIII

               A actividade dos colaboradores da FAP prosseguiu. Júlia continuou com as entrevistas e em poucos dias mais quatro homens e seis mulheres distribuiam envelopes levando a muitas famílias auxílio inesperado. Júlia e Fernando, muito ocupados com os problemas que continuamente se levantavem na campanha, terminaram as férias. Convocaram todo o pessoal que trabalhava na fundação para uma reunião. Fernando foi o primeiro a pronunciar-se:
                        - Numa semana a FAP distribuiu envelopes com ofertas a muitas dezenas de pessoas necessitadas. Em mais três ou quatro semanas esperamos fazera a distribuição com o auxílio de cêrca de cinquenta colaboradores.
               Fernando e Júlia preencheram mais uma hora da reunião estabelecendo e definindo funções para alguns dos presentes e regras para futuros grupos de trabalho.
               Regressando a casa, Júlia anunciou:
                         - Fernando, querido, daqui a três dias teremos de voltar à fábrica, acabaram-se as férias!
                         - Queres voltar ou estás com vontade de não voltar?
                         - Queres a verdade - Júlia acrescentou, reticente - "só a verdade, nada mais que a verdade?".
                         - Diz-me se me ames ou outra verdade mais verdadeira!
                         - A mais verdadeira é que te amo...
                         - Tens outra verdade menos verdadeira?
                         - Tão verdadeira, de boa fé e de acordo com a realidade..."Em verdade te digo" que me sentirei mais feliz se continuar com a felicidade que estou sentindo com o que faço, com o que fazemos na fundação...
                         - Já tenho uma cúmplice, já posso despedir-me da fábrica.Se me amas como dizes que me amas ou seja, com toda a alma, pede ao director...Não, exige ao director e senhor dono da fábrica que contrate outro engenheiro.
                         - Fernando, estás brincando...
                         - Não estou, não. 
                         - Ou estás propondo-me que fujamos?
                         - Júlia, nem penses, perdeste o respeito ao nosso homenzinho do sonho? Até poderia ser uma boa ideia, se fosse para fundarmos outra FAP !
                         - Querido, que faremos? Em tão poucos dias tantos acontecimentos agradáveis nas nossas vidas, que nos trouxeram a nós e a todos os outros na FAP tanto  contentamento, tantas alegrias!
                          - Estamos aprendendo a lidar com êstes nossos novos destinos!
                          - Se é que são novos.l.
                          - Mas são pelo menos muito diferentes dos que conhecíamos...
                          - Dos a que estávamos habituados, Fernando.
                          - Ou do que nos habituaram e dentro do possível, Júlia.
                          - Mas Fernando, o que é possível? É só o que poderá acontecer? O que não pode acontecer acontece tantas vezes...
                          - Júlia é a tal história da regra sem excepção...Qual é a excepção à regra de que não há regra sem excepção?
                          - Não sei, o que me parece é que o que se passa connosco é uma excepção como regra...
                           - Portanto, Júlia, estamos convencidos que, para nós, há uma regra, a regra de que esta sorte é permanente, que esta sorte é normal no nossa vida. Que, tal como os passos que damos, não damos por êles, aquilo a que se chama sorte é permanente, que esta sorte é tão normal passar por nós como é normal passar por nós a brisa que nos bafeja, sem darmos por ela, sem lhe ligar importância maior que a uma pedra da calçada.
(continua)   

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