Os cinquenta e três colaboradores que actuavam nos exterior, ao fim de três meses de actividade ddistribuiram mais de um milhão e meio de contos e a fundação, tendo recebido por mais seis vezes fortes injecções de prémios angariados por Júlia e Fernando, aumentara as suas reservas em Portugal e no estrangeiro, aproximando-se do objectivo estabelecido: uma reserva que através dos juros e rendimento de alguns investimentos fortes, permitissse, além de pagar as despesas correntes, aumentar a distribuição de forma a abranger maiores áreas do nosso país e começar a mesma acção no estrangeiro - para o que a FAP abrira duas contas, uma no Mónaco e outra em Singapura.
Como acontece com tudo neste mundo, começaram a aparecer as consequências, boas e más, da acção da FAP.
A fundação, que começara a distibuição naquela rua modesta, ao fim dos três meses de actividade, entregara envelopes a mais de quinze mil pessoas e beneficiara um zona que abrangia Cacilhas, Almada e Caparica. Segundo a promessa que se fazia, todos os meses se repetia a distribuição, pelas mesmas famílias. O quadro dos colaboradores foi aumentando, passando a contar cerca de cem.
Surgiram problemas e atritos que obrigaram à fiscalização e controlo, problemas que Júlia e Fernando iam resolvendo com soluções baseadas na experiência dos seus trabalhos na fábrica, resoluções que iam delegando em colaboradores promovidos por mérito ou especialistas contratados de propósito para essas funções.
Também surgiu um problema de outra ordem. Um problema ligado à política local.
Com tanta gente a receber ofertas de cinquenta contos - muitos já as recebiam pela terceira vez - foi impossível manter o sigilo que se pedia quando se entregavam os envelopes. Se muitos aguentavam o segredo sem esforço, outros, mais dia menos dia, falavam, no bar, no café, na igreja, num encontro casual ou numa festa de aniversário, do que lhes estava caindo do céu. Ao fim desses três meses era frequente ouvir-se na rua a pergunta "então, tu já recebeste um envelope? Ao fim desses três meses o tema interessou os autarcas, passando a constituir ponto obrigatório nas reuniões das vereações. Uma das primeiras decisões que deliberaram foi a de pedir às plícias locais que investigassem o assunto. Todos os colaboradores sabiam as respostas a dar aos polícias que os abordavam quando entregavam os envelopes: que se tratava de ofertas da fundação, onde era a morada da FAP e que esta nada exigia em troca. Para mais pormenore,s pediam qaue consultassem a FAP.
Os polícos suspeitaram, pediram o àpoio à polícia judiciária, o que pouco adiantou.
Comunicaram então aos respectivos partidos políticos e difundiram-se alguns boatos: que a FAP servia para lavagem de dinheiro, que a fundação visaria a formação dum novo partido para a conquista do poder autárquico ou até para a vitória nas eleições legislativas.
De igual modo começou a surgir outro problema este agora de segurança: alguns dos colaboradores e colaboradoras, já conhecidos de tanta gente, quando iniciavam a distribuição, eram assaltados e despojados dos envelopes que levavam, assaltos mais frequentes cada semana que passava. Problema que parecia estar em vias de solução convidando as pessoas beneficiadas para encontros no café ou bar mais próximos.
Outras consequências foram surgindo. O que se recomendave desde o início, que os ajudados pelas ofertas auxiliassem quem pudessem e no que pudessem, parecia não obter resultados significativos, após os primeiros três meses, No entanto, uma sondagem que a FAP encomendou, obteve conclusões muito interessantes. Que 95% da população conhecia a obra da FAP, que apenas 11% respondiam afirmativamente sobre os objectivos políticos das ofertas. Que mais de metade dos inquiridos escolhidos ao acaso entre os contemplados com os envelopes ( numa escolha aleatória facultada pela FAP nos seus arquivos) haviam prestado alguma ajuda a quem a necessitava e que cerca de 3% dos inquiridos não necessitavam nem queriam mais ajudas.
A fundação também passou a constituir um centro de convívio, de união e de adesão entre os colaboradores que, participando activamente em todas as reuniões, contribuiam nas discussões em pirâmide para a apresentação de propostas construtivas na orientação e progresso da actividade da FAP.
Júlia e Fernando dedicavam cada dia mais tempo à fundação e, por acordo com a administração da fábrica, desde o mês de Abril de 1997 passaram a dedicar à FAP todas as tardes. Júlia orientava e dirigia as finanças, administração e investimentos, enquanto Fernando se ocupava da análise de todas as inovações que aplicavam na actividade no exterior, bem como de todas as relações com entidades oficiais e particulares que surgiam cada dia mais intensas.
(continua)
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