Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 103 -

          Lúcia tinha-se esmerado, servira uns bons bifes à portuguesa, de lombo de novilho - o dono do talho tinha um fraquinho por ela, êle sempre com brejeirices do género "quando é que a menina Lúcia junta o aua carne à minha", ela pouco lhe respondia - Se a freguesia do talho era muita, dava-lhe o trôco:- " A sua carne é muito mole para a minha" - provocando gargalhadas na assistência. O talhante aguentava a resposta, sempre a servia com o melhor lombo que recebera para venda. Por isso, Júlia que de elogios, sempre que merecidos, não era avara, gabou os bifes e as batatas às rodelas, fritas em azeite, prato típico português, tão simplificado e abastardado com carne importada congelada e batatas frias de pacote.
                      - Vamos então falar dos carteiristas - disse Fernando - António, descreve-me o carteirista do autocarro.
                      - Era um homem magrinho, mais ou manos da minha altura, usava gravata, estava muito bem penteado, com o cabelo muito liso, muito brilhante, penteado todo para trás.
                      - Êle tinhe roubado alguma carteira?
                      - Êle gritava a dizer que não, o polícia passou-lhe revista e nada lhe encontrou.
                      - Como sabes que êle nada encontrou?
                      - Porque eu estava perto da porta aberta e o polícia disse-lhe, nós ouvimos o polícia dizer-lhe que tinha de prender também o amigo que ficou com a carteira. Se êle me roubasse a mim, a maçada que eu teria para tirar outro cartão de identidade.
               Júlia, que amamentava Carolina, interrompeu:
                      - As carteiras roubadas aparecem muitas vezes na esquadra de polícia da zona onde foram rooubadas.
                      - Então ainda há ladrões que são boas pessoas ! - disse o Francisco.
                      - Não é porque êles sejam boas pessoas. É porque sabem que pode estar perto um polícia à paisana. Muitas cezes trabalham com outro gatuno a quem passam com muita habilidade, a carteira roubada. Outras vezes tiram rapidamente as notas que existirem e deitam a carteira na caixa de lixo mais próxima ou, simplesmente a atiram para o chão - e Fernando acrescentou - O roubo do dinheiro é o que lhes interessa mais. Porém em muitos casos ficam com as notas e com os cartões de crédito. Daí que quando nos roubam a carteira contendo cartôes, devemos de imediato comunicar o roubo ao banco e à polícia. Não esquecendo, o que vos recomendo, nunca guardar papelinhos com os códigos secretos, dentro da carteira.
                      - Mãe, pai, vocês já foram roubados alguma vez? - e Júlia respondeu:
                      - Eu, felizmente não, o teu pai é que foi, vocês conhecem essa história.
                      - Sim, já fui - disse Fernando - E continuo a ser roubado todos os dias!
                      - Oh pai, conta. Não sabíamos!
              O casal tentava sempre despertar o intteresse dos filhos e aproveitava estas conversas para trazer à discussão assuntos relacionados com a FAP. Foi a mãe quem, desta vez aproveitou o tema para referir:
                      - O vosso pai está a falar não dos carteiristas mas do roubo de dinheiro que sofremos todos os dias.
                      - Mas o que é que vos roubam? Quem é que vos rouba?
                      - Não nos roubam o dinheiro em moeda e notas que usamos, roubam-nos o seu valôr. Já vos falámos um pouco sobre isto, há alguns dias. O dinheiro existe há uns cinco mil anos, Até há pouco menos de trezentos anos utiizou-se apenas moedas com objecto de confiança para trocas. Lembram-se com se faziam as trocas?
                      - Sim, mãe - disse o António- trocava-se uma galinha por um coelho ou um molhe de pregos por uma lança.
                      - Certo. Mas o importante é que tu confiavas naquele que te dava o coelho pela galinha e confiavas em ti, na avaliação que fazias do que  na troca te entregavam. Se pouco depois  verificavas qu te haviam enganado na troca, zangavas-te muito. Para evitar as zangas e outros problemas mais graves, o homem inventou a moeda como meio de troca. Quando queria trocáva-a por um artigo  do mesmo valôr dado à moeda. O sistema era muito imperfeito porque a moeda em si, pouco ou nada valia, tinha o valôr de troca do mesmo valôr que atribuiam à moeda., e que o rei ou os banqueiros decidiam. Dependia quase sempre da confiança que as pessas tinham nos reis e nos banqueiros. O que levou  a muitos abusos e por isso, primeiro os gregos e depois os romanos , empregaram  o ouro e a prata para a emissão de moeda, metais que eram muito mais raros naquele tempo. A moeda passou a ter um valôr mais estável, muito mais confiável.
                       - Mãe, agora já não se usam moedas de ouro ou de prata?
                       - Agora essas moedas só se encontram à venda para colecionadores. Há cinquenta anos ainda circulavam moedas de prata em Portugal. Foram desaparecendo e hoje, são muito valiosas , não se adquirem por menos de algumnas dezenas de contos.
(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário