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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 125 -

                                                               LX

                 A notícia surgiu ainda mais cedo do que esperávamos. As estações de rádio e televisões, na manhã de seegunda-feira, anunciaram a propostas de lei e a decisão do governo de nacionalizar a FAP. Ao almoço, no restaurante, não se falava noutra coisa, muitos colaboradores rodeando as mesas onde se encotrava alguém da direcção. Fernando, assim que entrou. subiu para cima duma cadeira e aninciou, elevando a voz:
                         - A notícia que nos chegou da nacionalização desta fundação, ainda não é oficial nem nos foi conunicada. Vamos todos participçar em reuniões, a partir das quinze horas, para encontrar propostas ou soluções. A vossa participação será semelhante à das reuniões semanais em que participamos, formando os grupos iniciais da mesma forma. Os que têem tarefas para esta tarde adiem-nas para amanhã. E porque as salas não chegam, os almoços terminarão às duas e meis. Logo a seguir preparem o refeitório para reuniões, como temos procedido noutras ocasiões. Agora almocemos com a serenidade possível.
                 
                Convidaram-me para associar-me ao grupo onde entrava a direcção, o Gabriel e outros gerentes responsáveis pelas fábricas e pontos de venda. E às três horas, Fernando, iniciando a nossa reunião, afirmou:
                       - Todos sabemos o que se passa, peço-vos que me digam se têem alguma proposta. Começo por ti, Laura.
                       - Pensamos que uma ideia seria de contra atacar através das autarquias que nos têem apoiado. Não com pedidos mas expoondo-lhes a situação com toda a franqueza, chamando a atenção para as consequências que, em nosso entender, advirão.
               Júlia seguiu o raciocínio:
                       - Além do que propôe a Laura, com o que concordo, tamvém será de aproveitar a sugestão do Alberto: comunicar às estações de rádio e televisão o mesmo que se comunicar às autarquias.
              Manuel Guedes propôs que se distribuisse um panfleto pela população, contendo um comunicado que resumisse a acção da FAP desde que iniciara a sua actividade. No final surgiu a proposta dum memorando a enviar à presidência da república.
              Numa reunião final, além das propostas obtidas na reuniao da direcção, concordaram ainda com a apresentada por um distribuidor no sentido de dar a conhecer, no estrangeiro, a obra da FAP e as intenções do governo. Júlia terminou a reunião dizendo:
                        - Parece-me que temos algumas possibilidades de contrariar esta decisão do governo. Não hesitemos, vamos mobilizar-nos. As propostas que se obtiveram, se concordam, são de aceitar e implementar. Amanhã de manhã deveremos ter impresso alguns milhares de panfletos cujo conteúdo ainda hoje vamos redigir e, se possível, começar a imprimir.

               Nessa hora, quando saí da reunião final em que também participara, tive outra surpresa agradável. Muitos colaboradores nos corredores, poucos saindo para regressar a casa. O restaurante da FAP quase cheio, o que ajudava mais uma vez a confirmar que a união, o companheirismo e o apoi mútuo entre todos os colaboradores era uma realidade, não era falácia. Se entre os beneficiados se estabeleesse a mesma união, seria uma grande vitória da FAP.

                 No regresso ao hotel, eu e o Gabriel comentámos os acontecimentos do dia:
                          - Que dizes de tudo isto, Alberto?
                          - Olha, a grande surpresa do dia, para mim, foi ver como toda a gente se manteve na fundação, só começando a sair depois das sete horas!
                          - Ficaram alguns na impressão dos panfletos, reparaste?
                          - Sim, ainda vi que vários colaboradores saíam com maços de folhetos para começar a distribuição! 
                Tomei um duche revigorante e ao jantar, continuámos a comentar:
                          - Foi um dia de emoções fortes, apesar disso estou cheio de fome...
                          - Gabriel, as emoções fortes não me predispõem o apetite, tenho de as suavizar com um duche, como hoje fiz... Êsse teu conhecido apetite resiste a tudo...
                          - AInda bem, ainda bem! Mas sabes a que não resiste o meu apetite, o que o verga e subjuga?         
                          - Imagino que não seja boa coisa....
                          - É boa coisa menino, é boa coisa. é muito feio que tu  "un uomo di letra", como te chamaria o actor italiano Totó, é muito feio que lhe chames uma "coisa"...
                          - Está bem. Gabriel, seja ou não bom objecto, boa coisa ou enigma, desembucha, desembucha, diz lá o que subjuga o teu apetite!
                          - É a perspectiva  do amor, querido, já tens escrito sobre isto! São os preparativos, os prelúdios do amôr...
                          - No nosso tempo, lembras-te? Quando um amigo nos falava dessa forma, quando nos apresentava confidências semelhantes...
                          - Já sei, já sei Alberto, davas-lhe uma lição de civismo e ias  contar ao pai da garota as boas intenções do namorado, daquelas boas intenções de que está o inferno cheio.
                 Continuámos na galhofa sobre o mesmo, até terminar o jantar. Depois da sobremesa depusémos as armas  do escárnio e mal dizer e passámos a assuntos mais sérios:
                          - Gabriel, como prevês o resultado de tudo o que se passa? 
                          - Talvez a assembleia da república nos safe, Temos lá alguns amigos, o partido do primeiro ministro não tem maioria absoluta...Tu, que dizes? Parece-te boa ideia o que se vai fazer amanhã e nos dias seguintes?
                          - Se os distribuidores e todos os restantes colaboradores da FAP percorrerem Lisboa com o mesmo espírito que observámos hoje, se incluso conseguiram mobilizar jornais, estações de rádio e de televisão...
                          - Se também conseguirem mobilizar muitos beneficiados - e Gabriel, levantando-se e andando na sala, para diante e para traz - Ah! Eles vão recuar, vais ver, eles irão recuar.

                                                             
                                                                  
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                 O poder político cega, corrompe. Isto é hoje um lugar comum. No entanto é uma raridade em todas as outras espécies animais. A cegueira apenas se esbate ou termina  se a força da parte contrária obriga os poderosos a reconsiderar e a atender à razão.       

  

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