Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 111 -

                            - Que não sabia se aceitarias, que o melhor seria falarem contigo. Ainda lhes disse que duvidava que aceitasses qualquer ocupação permanente.
                            - Fizeram-me o convite pelo telefone, aceitei estar na fundação na terça-feira ao meio dia. Reserva-me  um quarto aí no hotel, não sei ainda se ficarei, depende do que me digam. Que tal vai a tua ocupação por lá?

                                                                          ######

              Quando surge  um acontecimento seja ele por iniciativa e realização dos homens ou das mulheres, seja por um fenómeno da natureza, seja por qualquer coonjunto de actividades concatenadas por todos os factores necessários, esse acontecimento pode trazer consequências  aguardadas, se foi elaborado graças a projecto encomendado, ou imprevisíveis, se foi fruto de circunstâcias anómalas. O aparecimento da FAP e de toda a sua acção situou-se nesta última eventualidade. Ocasionou grande reviravolta nas condições sociais da região. A mudança mais imporante residiiu na alteração da mentalidade de toda a gente. Se a educação dos filhos é bem acompanhada pelo ensino em escolas  com boas condições, se ninguém sente necessidade de maior segurança, se os recursos à justiça são excepções, se a resolução dos problemas de saúde está garantida, então a comunidade encontrou motivos para uma união construtiva, para o aumento do bem estar e da felicidade. É o que se observa e se sente quando visitamos alguns países e coneversamos com as suas gentes.



                                                                                 L

              O avião levantou voo do areroporto de Faro. Ajudado por forte ventania do sudoeste, libertou-se e saíu do manto de nuvens poucos minutos depois da serra de Monchique.
              Lisboa, no outono, é imprevisivel. Quando apanhei um taxi para a fundação, o condutor, na boa tradição daqueles profissionais, depois de arrancar, convidou-me à conversa:
                          - Lá por Paris deve estar tão frio como aqui! - E como sempre gosto de os ouvir, não o esclareci e animei-o:
                          - Então, não gosta do frio?
                          - Eu vivi muito tempo em Pares, ainda hoje, depois de ter regressao há dois anos, ainda hoje me dá tosse quando penso naquela cidade. Andei por lá seis meses sem ter dinheiro para comprar um sobretudo!
                Quando conversamos pela primeira vez com um desconhecido, não sabemos se nos fala verdade. Os taxistas não são excepção. Prefiro alinentar a conversa do que provocar acessos de orgulho ferido.
                          - Ao fim de seis mese ainda não estava empregado? 
                          - Ora! Ao fim de poucos dias tinha trabalho, numa oficina. Mas só cinco meses depois acabei de pagar o que um agiota me emprestou para ir para lá. A pide prendeu-o daí a dois meses. Deu umas facadas num tipo do ministério, segundo me contaram quando cá cheguei, era o tipo que lhe fornecia os passaportes e que o denunciou à pide como comunista, para se safar, num inquérito levantado naquele ministério, sobre passaportes falsos.
                Chegávamos à FAP. Tive pena de não ouvir mais pormenores da história contada pelo taxista, quase cedi â tentação de lhe pedir para dau mais uma volta pelos arredores. Porém, ao pararmos à porta da fundação reparei que passava do meio dia, pelo que paguei ao tadxista e anunciei-me. Deixei a minha malinha de viagem na recepção e acompanhei a rapariga que me atendera, até a um gabinete onde apresentou a doutora Laura que ao ver-me,me disse:
                         - Queira sentar-se. Sabemos que já conhece razoavelmente todos os nossos investimentos  e todos os benefícios resultantes da actividade desta fundação. Creio que também conhece a origem dos nossos financiamentos, como os aplicamos e o que distribuimos. Antes de lhe pedir a sua colaboração, diga-me, formou uma oinião sobre a FAP?
                 Após alguns segundos de reflexão, respondi:
                          - Doutora Laura, é provável que através do meu amigo Gabriel saiba que as aparências não me ofuscam a razão, nem são para mim motivo para conclusões apressadas. Pelo que lhe respondo que, pelo que me foi dado ver e informar-me, pouco mais lhe posso dizer que esta fundação me parece exemplar.
                           - Então talvez aceite uma proposta que a direcção tem para lhe apresentar.
                           - Doutora Laura o meu amigo Gabriel referiiu-me essa proposta, não a concretizou...
                           - Trata-se do seguinte: nada temos publicado que exponha a toda a gente a obra da FAPl Editamos muitos folhetos, decerto  leu alguns, no entanto  não temos nada publicado que apresente o que esta fundação tem feito, as ofertas aos beneficiados, as indústrias em laboração, o novo sistema comercial. E quais os objecticos para o futuro. Necessitamos por isso da sua colaboração para editar um livro que, não sendo um livro de propaganda, consiga despertar o interesse de muitos por tudo o que aqui se faz. E o espírito que nos une. Um livro com um preço de capa comparável, por exemplo, ao prepo dum romance, com a mesma densidade de pormenores que possa conter um livro de economia e interesse semelhante ao duma boa reportagem. A FAP financiará a edição, metade de toda a receita proveniente das vendas do livro ser-lhe-á entregue. Além disso, se aceitar esta obra, imediatemente lhe entregaremos quinhentos mil escudos. Quando o livro seja posto à venda, entregar-lhe-emos outros qunhentos mil escudos.
                            - Qual é o prazo que me propõem?          
                            - Gostaríamos que esse prazo não ultrapassasse seis meses. Mas será sempre possível ampliá-lo, não consta nenhum prazo no contrato que lhe propomos.
                            - Amanhã vos darei a resposta, se fôr possível a esta hora.
                   Júlia consultou a agenda que tinha em frente e disse:
                            - Convem-lhe ao meio dia e meia hora de amanhã?
                            - Cá estarei doutora Laura, se por motivo de força maior não puder comparecer, telefonar-lhe-ei amanhã de manhã.
(continua)           
                          


















            

Sem comentários:

Enviar um comentário