Fernando escutara Júlia, com atenção, enquanto terminava o bife e as batatas salteadas. Limpou os lábios com o guardanapo, pensou durante poucos segundos e declarou:
- Prosseguindo e confirmando o que disse a Júlia, nas nossas áreas temos trabalho em excesso. As fábricas e os pontos de venda com administrações correspondentes às de médias empresas com perspectivas de algumas passarem, a médio prazo, à categoria de grandes empresas. Prevejo, pelo ritmo e evolução que verificamos dia a dia não abrandarem, prevejo que dentro de pouco tempo necessitaremos mais um subdirector e preparar mais colaboradores para essas funções. Vou agora atacar a sobremesa, não prescindo jamais da que a Lúcia nos preparou. Entretanto vocês pensem no que vos disse.
Júlia, que saíra por momentos da mesa, quando voltou trazia uma carta que leu:
- "Esta direcção geral de viação comunica à fundação para auxílio ao povo, que o automóvel eléctrico apresentado para homologação cumpre todos os requisitos necessários para a concessão da respectiva licença de fabrico, venda ao público e circulação."
Todos beteram palmas. Júlia acrescentou:
- Os subdirectores tomaram conhecimento desta notícia que amanhã irá ser divulgada na FAP. Há mais dois pontos que queremos referir. O primeito é o de pedir ao Alberto que nos ajude a encontrar pwssoas que possam colaborar connosco na direcção. Tarefa que não faz parte do seu contrato mas que setá um grade auxílio para a administração da FAP. O segundo é o de convidarmos o nosso amigo e colaborador Gabriel par formar e nomear a administração de cada uma das fábricas e dos pontos comerciais ou seja para aceitar o cargo de subdirector da zona comercial e industrial da FAP. Que respondem os nossos dois convidados?
Gosto muito de introduzir surpresas variadas nos meus romances. Na vida real, aprecio mais surpreender-me de forma ligeira, gradativa, agradável. Ultrapassei a idade em que apreciava emoções fortes, repentinas, em geral passageiras. Agora prefiro-as suaves, se possível compartilhadas.Pelo que fui o primeiro a responder:
- Agradeço, Júlia, a vossa confiança. Sem grande esforço talvez os possa ajudar. Julgo que dentro da FAP poderão encontrar algumas das pessoas aptas para ocupar esses cargos. nunca sugeriria o Gabriel, porque sou seu amigo. Nem o aconselho a aceitar o que lhe propõem se não gostar muito dessas novas funções. É macaco velho, suspeito que irá trocar uma rosa por um espinho...
Gabriel fixou-me. Depois de acabar de beber o café, respondeu-me:
- Macaco velho diz muitas vezes não quando aposta no sim, artimanha aqui do doutor Alberto. Quanto à vossa proposta, amanhã vos falarei.
Levantámo-nos da mesa, passámos à sala, onde os filhos do casal, exceptuando a bébé, nos aguardavam.
- Oh pai, o doutor Alberto - disse o Francisco - pode dizer-nos uma adivinha?
- Não meninos, é um pouco tarde, ainda temos a nossa conversa nocturna antes de irem para o vale dos lençóis. O Alberto é que hoje irá estabelecer o tema da discussão.
- O Fernando designa-me assim, de supetão, pois vou vingar-me com o concurso que proponho - respondi eu.
- Que é? - perguntou curioso, o Francisvo.
- O que proponho agora para o concurso é o seguinte: o António e o Francisco, terão de ajudar-nos a defenir o feitio e o carácter dos pais. Se todos concordam, comecemos. só um de cada vez....- e oconcurso prosseguiu até que o Francisco, muito ensonado, pendia a cabeça para o onbro da mãe, com os olhos fechados. Ali acabou a brincadeira.
E logo de sguida desculpei-me:
- Não tive grande sucesso, não é para me desculpar, estava a começar com perguntas mais embaraçosas para os rapazes.
Júlia com a simpatia natural, minha conhecida:
- Não, Alberto, foi das melhores sessões que tivemos com eles, pena ser um pouco tarde, em geral começamos uma hora antes. Se eles quiserem e o Alberto trouxer o seu apetite para jantar, continuaremos a sessão de hoje num próximo dia.
- Acuso a sua farpa sobre o meu apetite, Júlia. Na próxima vez vingar-me-ei na crítica que fizer ao repasto, se não for tão bom como o de hoje.
(continua)
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