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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 128 -

                             - Como? Poderão acabar com a FAP? - interrogou Gabriel.
                             - Fiz idêntica pergunta ao secretário! Respondeu-me que nada sabia...
                Antes de terminarmos a sobremesa, Fernando ainda comentou:
                             - Estas notícias, provenientes de políticos, podem representar a verdade, podem não se mais que "bluffs" ou balões de ensaio lançados nos títulos dos jornais no desejo de causar dúvidas ou perturbações em todos os que os ouvem ou lêem. Quando a Júlia me contou tudo isto, pensei ir de imediato aos ministérios. A Júlia, menos impetuosa e exaltada que eu, mais emotivo perante injustiças, acalmou-me. Decidimos que seria mais sensato vir consultá-lo aqui no hotel para encontrar e discutir alternativas, desde esperar pelo desenrolar dos acontecimentos até outras soluções mais ou menos decisivas. Doutor Alberto, dê-nos a sua opinião, como entende que devemos actuar?
                Perante o silêncio de todos, não tardei muito a responder:
                             - Pensemos.Todos sabemos que em qualquer guerra há ataques, defesas, contra ataques. Tivemos a guerra política, que continua com a tentativa da nacionalização da FAP. Pelo meio as escaramuças das cartas anónimas, dentro breve teremos o fisco e mais inspecções. Julgo que a atitude mais sensata será aguardar o ataques, conservando a serenidade e reforçando as defesas. Decerto que em todas as reuniões a efectuar durante a semana, serão divulgadas estas noticias de forma qaue pareçam acontecimentos normais, ainda que tal pareça dificil. Como o indivíduo sentado na praia que espera, com a maré a encher, uma onda que o refrescará. O que está a atingir a FAP, proveniente do exterior, traduz-se no aumento da satisfação que sentimos quando verificamos que nada tem feito vacilar a união e a coesão que eiste e aumenta todos os dias, entre os colaboradores. Noutras ocasiões recentes, segundo sabemos, houve pequenos conflitos e tentativas de desestabilização, vindas de fora, tudo resolvido sem consequências. Portanto o que me parece mais lógico é continuarmos como até aqui, resolvendo as contrariedades que nos surjam com a mesma naturalidade que a empregue na solução dos problemas corriqueiros. Sem alarmes, sem transformar picadas de mosquito em dentadas de leão.
                            - Estou de acordo, julgo que estamos todos de acordo, continuaremos com as nossas tarefas abrlindo as portas a quem nos queira visitar e facultando todos os dados solicitados por qualquer inspecção surpresa ou avisada - e Júlia  fechou o assunto: - Passemos a ouvir a história que o  Carlos nos irá oferecer.




                                                                            LXIII

                No dia seguinte o inspector Matos, da judiciária, fez-se anunciar na FAP, acompanhado por um colega contabilista. Laura recebeu-os, apresentou-os na secretaria e disse à Maria dos Anjos:
                            - Faculte ao senhor contabilista todos os elementos que ele deseje. O senhor inspector Mário Matos dir-me-á o que pretende conhecer, além dos emementos da nossa contabilidade. Podemos ir para o meu gabinete, é aqui ao lado - disse Laura - Ou, se preferir, podemos ir visitar alguns dos nossos empreendimentos.
                            - Doutora Laura prefiro antes fazer-lhe algumas perguntas aqui no seu escritório - disse o inspector entrando, sentando.se e extraindo uma agenda da carteira enquanto Laura ligava o gravador.- E a primeira é a seguinte: há ou já houve financiamentos particulares entregues a esta fundação, além dos que declaram e que provêem de prémios ou ganhos em jogos e lotarias?
                           - Não, senhor inspector.
                           - Nem financiamentos provenientes de entidades portuguesas ou estrangeiras, nem probenientes  de paraísos fiscais?
                           - Não, senhor inspector Matos. Noutra ocasião demos resposta a essa pergunta.
                           - Sabemos da existência de contas da fundação nalguns bancos extrangeiros, como as justificam?
                          - Sáo receitas obtidas no estrangeiro. E, quer em Portugal quer no estrangeiro, autorizámos por escrito que poderão ser passados extractos das contas da fundação a qualquer entidade oficial portuguesa, bem como fotocópias dos documentos que provam a proveniência de todos os depósitos, contra a entrega ao banco do documento oficial que refira o pedido.
               Lendo a mesma página da agenda, o inspector inquiriu:
                          - Existe armamento dentro da fundação?
                          - Exceptuando o que usam os seguranças, não. Creio que sabe que todos os seguranças que colaboran na FAP são policias destacados através do contrato que temos com a PSP-
                          - Existe um sistema de rtecebiimentos e pagamentos sem dinheiro à vista, sem dinheiro em circulação. São passadas facturas com IVA incluido para todas as vendas assim efectuadas?
                          - Sim. senhor inspector. O contabilista que o acompanha pode verificá-lo. Podemos fornecer também fotocópias dos documentos comprovativos das liquidações do IVA às finanças.
                Após mais algumas perguntras, relacionadas com as missões de diversos colaboradores, o inspector pediu a Laura para visitar a fábrica dos veículos eléctricos, onde solicitou a carteira profissional e a identificação a vários mecânicos  e ajudantes, formulando muitas perguntas e seguindo com frequência os apontamentos na sua agenda.
                 Gabriel, que acoompanhava o inspector nessa visita, perguntou-lhe:
                          - Inspector Matos pode dizer-me porque pediu a carteira profissional àqueles nossos colaboradores?
                          - Há aqui muita gente imigrante trabalhando, de certeza que o sabe. Têem de cumprir as leis portuguesas. Não teem provocado conflitos por aqui?
                          - Olhe, senhor inspector, desde que aqui estou não houve qualquer conflito. E mais, devo informá-lo que esses a quem pediu a documentação, vieram para Portugal com uma formação invejável, alguns deles poderão substituir-me no futuro ou assumir a gerência duma nova fábrica.
                          - Êsses vieram  de países do leste, Os imigrantes africanos não geram complicações?
                          - Tsmbém não temos razões de queixa, os que aqui estão, são tão bons colaboradores como os outros. Êstes trazem quase todos uma formação mais rudimentar. Somos igualmente exxigentes para os que se candidatam às vagas existentes. Até hoje não tivemos de despedir ninguém, desde que há quase dois anos inaugurámos as fàbricas. Alliás, em todas actividades da fundação, que  eu saiba, nunca despediram ninguém . Alguns desistiram de cá continuar, todos por motivos de saúde ou problemas da sua vida pessoal.
                         - E acidentes de trabalho?
                         - Nada de grave, até hoje.
                         - Disseram-me qaue há muita discriminação nas visitas...
                         - As visitas são condicionadas às nossas regras, não permitimos que interfiram com a actividade dos colaboradores. Existe um modelo tipo para as visitas a cada local, há folhetos descritivos semelhantes a êsse que lhe entregámos. Algumas visitas são selectivas. Por exemplo, são raras as que permitimos que entrem no centro de investigação.
(continua)

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