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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 121 -

               Do lado direito da pequena sala  de entrada onde nos encontrávamos, a Maria Augusta, de roupão, saíu dum quarto dizendo:
                           -  Clara, eu recebo estes senhoes, devem vir da fundação, não?
                           - Sim, senhora Maria Augusta, aqui tem a oferta da FAP - E Roberto entregou-lhe um envelope - Mas cure essa gripe antes de ir ao banco!
                           - Este senhor que vem consigo também anda a aprender como o outro que veio consigo no outro dia?
                           - Este senhor - disse Roberto, sorrindo para as duas mulheres - é  nosso companheriro lá na FAP.
                Para incentivar a conversa, eu acrescentei:
                           - E também ando a aprender, senhora Maria Augusta, também...
                           - Cá me parecia, isto em qualquer idade se pode andar na escola - continuou Maria Augusta com a sua voz constipada.
                Não deixei passa a oportunidade:
                           - Sabe que eu passei aqui muitas vezes antes de haver a ponte Salazar?
                           - Eles agora chamam-lhe ponte vinte e cinco de abril...
                           - E a senhora sabe porque mudaram o nome à ponte? - e ela, hesitando na resposta:
                           - Não sei, não...Qualquer dia poêm-lhe outro nome qualquer, se quer saber, olhe aqui a Clara deve saber, tirou o décimo segundo ano no ano passado...
                           - A mim parece-me - disse Clara compondo o penteado com as pontas dos dedos e olhando-me muito séria- parece-me que foram os revolucionários.
                Não meti política na conversa, norma da FAP seguida por todos. Mudei de assunto:
                            - A senhora Clara também recebe cheques enviados pela fundação?  -  já sorridente, Clara respondeu.
                            - Não deixaria de me fazer jeito, mas nunca me mandaram nada.
                            - E sabe porquê?  
                            - Um colega do senhor Roberto disse-me que não me oferecem nada porqe eu tenho a reforma do meu marido e o rendimento dumas casinhas lá na terra.l
                            - Oh filha - disse a Maria Augusta - sabes bem que são assim, justos para toda a gente, eles ajudam muito em toda a cidade, até puseram aquelas lojas onde também tu vais e onde se compra tudo mais barato!
               Prosseguimos, o Roberto entregando cheques e eu conhecendo mais beneficiados, entabulando conversa com alguns, aceitando convites de um ou outro para entrar nas suas casas, enquanto o Roberto acrescentava alguns dados às fichas que retirava da pasta. Quando os cheques acabaram, regressámos à FAP. Roberto arrumou o carro no parque vazio, era sinal de que a FAP estava deserta.

                                                               #####

                A mística existente era uma realidade insofismável, traduzida numa adesão e entusiasmo crescentes por tudo o que aparecia na região por iniciativa da FAP. Os comentários reticentes e de dúvida nos primeiros meses foram rareando, muito devido à melhoria nas condições de vida. Nas conversas entre os cidadãos nos sítios habituais de encontro, era raro faltar referências à fundação, aos colaboradores conhecidos, aos benefícios obtidos. O desemprego diminuia todos os meses e as iniciativas que a FAP aniunciara para um futuro breve, reforçavam a esperança dos mais necessitados e aumentavam a confiança dos que haviam encontrado uma nova ocupação.




                                                                LVII

                 Encontrei Fernando no seu gabinete , em conversa com Júlia. Quando me viram, convidaram-me para seguir com eles, para casa. Encontrámos os filhos terminando de jantar. Levantaram-se, gritando com alegria:
                          - Mãe, pai! É este o senhor doutor que vem jantar com os pais e depois  nos vai  contar muitas histórias?
                          - Meninos - disse Júlia - acabem de comer a sobremesa e deixem a Lúcia arrumar a mesa para o nosso jantar.
                          - Doutor Alberto, sentemo-nos um pouco aqui, no sofá. O Gabriel que também convidámos, deve estar a chegar.
                 Oxalá ele não se esqueça do convite, por culpa do seu costumado despiste, pensei eu. Mas não, pouco depois o Gabriel fez  uma entrada triunfal, vivamente aplaudido pelos dois rapazes, o quais ele seduzira palas artes mágicas que exibira noutras visitas que fizera à casa dos Garcia. Ouviu palmas pois completou o triunfo entregando um bonito ramo de rosas a Júlia, Equilibrou a oferta dizendo:
                           - Para o dono da casa, sem melindre, trago uma boa vontade de jantar!
                  Fernando aniunciou-nos que o jantar nos esperavca e sentámo-nos à mesa.
                  Enquanto lùcia nos apresenva uma travessa, Júlia iniciou a conversa:                                                             - Entro no primeiro assunto: temos necessidade de mais um subdirector. A FAP adquiriu uma projecção na zona onde actua que é notícia positiva em todos os jornais, rádios e televisões. Cegaram-me pedidos de entrevistas e reportagens que ultrapassaram muito as nossas possibilidade de tempo. O correio traz-nos todos os dias, sacos e sacos de correspondência. Os donativos, como é natural, têem prioridade nas respostas. Para essas cartas e encomendas temos uma pessoa ocupada, que nalguns dias necessita de ajuda. As respostas à correspondência das instituições não podem demorar muito, ocupaca-nos outra pessoa. Para não falar das fábricas e pontos de venda cujos seviços administrativos também recebem muita correspondência. e nós, os directores, ainda que façamos menos viagens, temos necessidade de delegarmos tarefas, em partucular as rque se relacionam com a expansão da FAP para o exteriot. Bem, tenho de começar a jantar, fala tu agora, marido.
(continua)

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