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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Folhetim - Sonho com sorte - 11

         Deitou-se, esperando pelo sono e que aquele anjo aparecesse.Aplicou o truque habitual para adormecer, agarrando-se ao romance de serviço estacionado na mesa de cabeceira. Duas ou tres linhas  lidas e entrou na fantasia: o que iria obter com todo aquele dinheiro. Mais tres linhas de leitura e parou, voltando a matutar no mesmo. O que teria de fazer para oferecer tanta massa, falo ou nao falo `a Julia, para ela nao tenho segredos e muito menos de noticias como esta. Falo ou nao falo...Digo...Se digo, o que me dira´ ela? As regras do homenzinho... Vou poder oferecer vinte mil contos...Sera´ que poderei oferece-los sem que se saiba? O Carlos e´ amigo, muito capaz de guardar segredo...
         Fernando apagou a luz do quarto. Apenas entrava uma leve penumbra atravessada com frequencia pelos relampagos da tempestade que grassava la´ fora. O tamborilar forte da chuva nos vidros nao o distraia dos dilemas que lhe atacavam o raciocinio. Vagueando, duvidando, descobrindo alternativas sem encontrar soluçao definitiva ou decisao aceitavel, passou a maior parte da noite quase sem dar por isso e sem adormecer.
         Duas horas de sono interrompido pela estridencia do despertador implacavel. De sonhos, nada. O emprego na fabrica ocupa-lo-ia com as exigencias habituais das segundas-feiras, nao lhe sobrando tempo para mais especulaçoes sobre o homenzinho dos vinte mil contos.

         Quase sempre almoçava num restaurante perto da fabrica. Julia chegaria no "alfa" da uma da tarde, meteu-se no automovel para a esperar na estaçao. No caminho decidiu-se, contaria tudo `a esposa. Discutiriam os pro´s e os contras de qualquer decisao, paciencia, que acontecesse o que o destino determinasse.
          Enquanto esperava pela chegada do comboio `a estaçao, decidiu telefonar ao Carlos:
             - Carlos, e´s tu´ ?
             - Sim, sou eu, dormiste bem, visitou-te de novo o homenzinho?
             - Qual q ue^ !  O tipo baldou-se...E eu, a remoer o assunto, dormi duas horas.
             - E agora, que vais fazer aos vinte mil contos? Vais gasta´-los ou vais fazer alguma asneira?
             - Olha, decidi que primeiro quero contar tudo `a Julia, discutiremos o assunto e somaremos os dois uma resoluçao.
             - Fernando, parece-me que estas mais lucido e inteligente que ontem - retorquiu Carlos, com uma gargalhada.
             - Carlos vou agora depositar o cheque no banco Imperio, conheço bem o gerente, o Cunha.
             - Confias nele?
             - Conheço-o bastante, o meu patrao, o dono da fabrica confia muito nele, disse-mo mais que uma vez.  

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