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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Folhtim - Sonho de sorte - 19

     Quase por regra os dois casais envolviam-se em discussões amigaveis, por vezes bastante  inflamadas mas que sempre terminavam com um comentário oportuno e contundente, num argumento inteligente, inatacavel, ou numa anedota que deixava os quatro bem dispostos até ao final da refeiçjão.
     Foi Carlos quem quebrou o silêncio declarando:
          - Essa homenzinho dos vossos sonhos é um grandessíssimo sacana! - e acrescentou - Eu gastaria o prémio numa bela jantarada...
      Mas Fernando não concordou:
          - Não Carlos, já conbinei com a Julia o destino a dar ao prémio vamos dá-lo ao  primeiro necessitado que nos apareça - e aqui foi a vez de Laura respingar:
          - Oh Julia tu, tu aceitas, ficas-te?
          - Fico-me, fico-me, como disse o meu maridinho já está tudo combinado.
      O empregado de mesa que os servia, interrompeu-os, enchendo de vinho os copos vazios. Fermando, vendo-o triste e cabisbaixo, perguntou-lhe:
          - Senhor Duarte, que cara é essa, algum problema lá por casa?
          - Temos lá um grande problema, o meu filho necessita ser operado, pela caixa é impossivel, morre antes, disseram-me que só tem vaga para ser operado em Dezembro do ano que vem. Para operá-lo fora do hospital, só a operação vai-me custar cem contos e terei de entregar já, um sinal de vinte contos para que a operação se faça dentro dum mês... O médico disse-me que ele tem de ser operado já....
       Fernando olhou para Julia, viu no olhar dela a compreensão e a concordância com a resposta a dar ao que o empregado de mesa dissera:
          - Senhor Duarte, tem essa parte do problema resolvido, aqui tem esta aposta do totoloto, tem ai´ cem contos, que pode receber depois de amanha no quiosque da esquina. - E entregou-lhe o papelinho da aposta, que entretanto sacara da carteira.
          - Senhor engenheiro, mas e´ uma grande ajuda, eu logo que puder vou-lhe pagar...Olhe que lhe vou pagar, eu nao me esqueço.
          - Nao, senhor Duarte, e´ uma oferta, e´ uma oferta! Ah! Nao pode contar isto a niinguem, mas mesmo a ninguem.
          - Hei de lhe pagar, senhor engenheiro, tenho de lhe pagar.
          - Senhor Duarte, nada quero receber mas ... Se insiste em me pagar, como nada quero receber, o que pode fazer e´ dar esse dinheiro a quem veja com uma grande necessidade, como a que o senhor tem agora. E nao falamos mais nisso, va´ la´ buscar a nossa sobremesa. -  E o Duarte, um pouco atarantado, nao conseguiu dizer mais nada e afastou-se.      
  (continua )    







     

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