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domingo, 29 de janeiro de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 22 - .(Autor - Alberto Quadros)

           Carlos, desde muita novo, desenvolvera grande capacidade de iniciativa. No liceu sera suficiente olhar dez ou vinte segundos cada página dada na lição anterior para as fixar durante imenso tempo. Após a formatura superior de economia dedicou-se de imediato à editora, auxiliando o pai, obrigado pela doença a dispor de pouco tempo para a empresa. E, em casa, seis prateleiras que ocupavam de cima abaixo as paredes, na sua maioria continham livros de arte, história e filosofia. no entanto, Carlos ali não colocava um livro sem o catalogar e sem o folhear, como folheava os livros do liceu. Surpreendendo os amigos, conhecia sempre e com minúcia notavel qualquer livro que se escolhesse na sua biblioteca.
           Possuindo muita facilidade de palavra, humor fluente e elegância nas respostas, com frequência era convidado para palestras ligadas à sua formação ou à actividade da empresa editora onde já exercia desde há alguns anos a função de gerente. Não publicava um livro sem o folhear do princípio ao fim e, se lhe perguntavam como tinha paciência para tanto, respondia sempre "se não gosto do que vejo escrito, faço-o por dever de ofício, se gosto, faço-o com prazer".

           Em Sintra, Laura estacionou o carro junto a uma esplanada e dedicou-se, com o marido e os amigos, aos refrescos e às queijadas. E tambem à continuação do tema sobre a sorte.
                 - Continuo a pensar que a sorte não existe, o destino sim - e Laura acrescentou - diz-me cá Fernando antes desses sonhos quando foi que tu e Julia tiveram sorte? Dessa sorte de que falávamos há pouco no carro, sorte como a sorte dos vinte mil contos, se vos tivessem saido, sorte de vos surgir qualquer coisa muita inesperada, muito boa, de possibilidade quase zero?
                  - Penso que há várias respostas. Muito inesperada e muito boa para nós foi a notícia da gravidez de Julia, da primeira e da segunda...
                  - Bem, essas penso que nem inesperadas nem de possibilidades zero!
                  - Ora! Sorte como a dos vinte mil contos não foi sorte, foi desilulsão, desgosto e tambem preocupação... Um pouco de temor pelo que o futuro nos vai dar com esta coisa dos sonhos, - Fernando acrescentou - e estou a sentir-me nas mãos do imprevisto. Mas igualmente  começo  a sentir alguma curiosidade e algum prazer desta passagem do sonho à realidade.
( continua )                                 

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